Operação Flecha de Prata
Tropa de choque formada por uma coluna de Panzer sai em alucinada defesa de Thor, o Deus do Trovão
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Estava quieto no meu canto, comendo minhas goiabinhas, sem pensar em rico nem pobre, quando li a notícia de que o filho de Eike, Thor, atropelou e matou um ciclista com sua Flecha de Prata blindada de 2,7 milhões. Em seguida, vejo Luciano Huck, com toda força que tem na mídia, inocentando o rapaz a priori. A seguir, o pai disse que o ciclista "irresponsável" podia ter matado seu filho.Pouco depois vem uma nota dizendo que Thor assinou um tuíte se apresentando como panzerfaust, arma nazista pra destruir tanques dos aliados na Segunda Guerra. E agora vem o Helio Schwartsman dizer que eu odeio Thor porque ele é "podre de rico".
Ora, eu estava comendo minhas goiabinhas sem ódio algum a ninguém, pobre ou rico. Aliás, Lady Di era uma ricaça e era uma pessoa amável. Então, HS, não fui eu quem começou. Quem começou foi a laia deles. HS, pega esse Ragnarök e tanta erudição para livrar a cara do Thor e enfia no panzer.
Na mesmo página 2 da Folha, a colunista Claudia Antunes, que vinha muito bem em suas certeiras análises internacionais, botando no chinelo Clóvis Rossi, o Robert Fisk da Barão de Limeira, também ocupou o espaço há poucos dias em defesa de Thor.
De certa maneira os artigos dela e do HS se completam. Cláudia, compadecida de Thor, pede “isenção” dos internautas e sugere que o rapaz passa por um linchamento.
Quer dizer: Claudia não leu que o blindado de Thor foi retirado da pista meia hora depois do acidente, numa operação certamente conduzida por The Flash, apenas com um termo de responsabilidade assinado por um dos advogados da esquadra de Eike. Se isso não é apagar provas, berimbau é gaita.
Claudia também não levou em consideração que o ciclista, para causar aquele estrago na frente da Mercedes vinha a pelo menos 200 km por hora. Tampouco que a polícia já se empenhava em encontrar provas de que Wanderson de Sousa, com todas as características de uma não-pessoa, ajudante de caminhoneiro e coisa e tal, estava embriagado ou muito louco. Nem é preciso, mas vou falar que, depois de trocar ofensas com internautas, Eike partiu para algo mais pragmático: contratou Márcio Tomaz Bastos, o criminalista mais caro do país para cuidar do caso do seu filho, e mandou no tuiter, com a habitual arrogância – “Gosto do que é melhor. Algum problema?” Pelo tamanho do advogado, imagine o tamanho do crime. Isenção? Como assim?
Claúdia e HS não precisam se preocupar com Eike e sua cria. Eles se cuidam muito bem. Lembrem-se de que durante a Operação Toque de Midas, nome em homenagem a aquele rei que qualquer porcaria que ele tocasse virava ouro, e por conseguinte em homenagem a Eike, ele se safou, e o segundo homem da PF, não. Enquanto Eike se foragia nalgum valhacouto folheado a ouro e cravejado de diamantes.
Conheço Eike Batista. Não estranho sua reação de dizer que o ciclista poderia ter matado o filho dele Thor, e outras impropriedades.Trabalhei para ele fazendo uma revista de náutica. Numa festa de fim de ano, Eike exortou os funcionários a delatar colegas que julgasem pouco produtivos. Desconheço se na intimidade, tal como o Doutor Fantástico, de Stanley Kubrick, seu braço direito de vez em quando crie vida própria e se erga na saudação nazista.
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