Operação bate-bola sobe véu da aliança polícia-PCC
Com prisão de 38 suspeitos na semana passada, área de segurança pública paulista atinge conexão entre funcionários públicos e policiais civis e militares com o crime organizado; caixinha chamada de 'auxílio-liberdade' corrompia agentes da lei com R$ 600 para não incomodar criminosos; apreensão de 102 quilos de cocaína, 31 automóveis e R$ 120 mil em dinheiro; "Não resolve o problema, mas resultado é altamente positivo", diz secretário Fernando Grela; Interpol acionada para fazer buscas de chefes do PCC no Paraguai e Estados Unidos; Marcos Camacho troca codinome de Marcola para Russo, mas deve passar a regime de isolamento em presídio de segurança máxima; ramificações até na compra e venda de jogadores de futebol
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247 – Com ramificações até na compra e venda de jogadores de futebol, o crime organizado sofreu um forte ataque na semana passada. A operação bate-bola, da secretaria de Segurança Pública de São Paulo, realizou nada menos que 38 prisões e descortinou ligações entre o crime organização do PCC – Primeiro Comando da Capital -, funcionários públicos e policiais civis e militares.
Entre as descobertas da operação está o chamado 'auxílio-liberdade'. Trata-se de uma mensalidade de 600 reais que o PCC distribuiu entre policiais militares para que criminosos em ação fora dos presídios não sejam incomodados. A polícia está em pleno avanço das investigações.
Foram apreendidos 102 kg de cocaína; 40 kg de maconha; armas, R$ 120,9 mil em espécie; 31 automóveis, sendo cinco de luxo; e duas motos. Os investigadores também analisam documentos e celulares encontrados com os presos.
O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, disse que a operação representou "um grande golpe na facção criminosa".
— Não resolve o problema, nós sabemos disso. É preciso que esse trabalho continue, mas é um resultado altamente positivo, porque alcança pessoas que tinham alguma relevância na facção.
A droga foi apreendida em 'padarias' na periferia da capital. Assim são chamados os pontos em que a droga é preparada para a venda no varejo. A venda de cocaína e maconha é vista como a maior fonte de renda do PCC neste momento, mas o crime organizado, segundo a polícia, já avança para ter participação até mesmo na compra e venda de jogadores de futebol. As investigações estão sendo mantidas em sigilo, mas novas prisões podem ocorrer nas próximas horas.
Apelidado de Marcola, Marcos Camacho continuaria sendo o chefão mais influente do PCC. Ele teria trocado o codinome para Russo, mas a manobra foi descoberta. Camacho poderá ser levado a um regime de prisão especial, dentro da penitenciária de Presidente Venceslau.
A Polícia Civil de São Paulo pediu apoio da Interpol para tentar deter dois membros da liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital) que estão fora do País. Eles tiveram a prisão decretada durante a operação Bate-Bola, desencadeada pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) em parceria com o Ministério Público Estadual.
Segundo o diretor do Deic, delegado Wagner Giudice, Fabiano Alves de Souza, conhecido como Paca, está na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Vivendo fora do Brasil, ele administra a organização financeira da facção criminosa. Souza cumpriu 11 anos e quatro meses de prisão, boa parte da pena na penitenciária de Presidente Venceslau, onde estão o chefe do PCC, Marcola, e outros dois integrantes da cúpula.
O outro foragido é Wilson José Lima de Oliveira. O delegado que coordenou as investigações, Ruy Ferraz Fontes, aguarda que a Interpol envie detalhes sobre a vida dele nos Estados Unidos.
— O Wilson se agregou a um grupo nos Estados Unidos que nós desconhecemos quem seja e ele está dando as ordens para a manutenção do trabalho do tráfico aqui em São Paulo. Ele tem duas funções aqui: mantém pontos de venda de varejo, que são dele, e pontos de venda de varejo que são do PCC. Ele vive do lucro da venda de cocaína aqui em São Paulo lá nos Estados Unidos, abrigado por alguém que nós desconhecemos.
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