O novo Rio de Janeiro, 'à la française'

A pacificao das favelas abriu as portas da cidade marvilhosa ao turismo social, em voga na Europa. Um relato da correspondente do 247 em Paris, Roberta Namour



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Roberta Namour, correspondente do 247 em Paris - Quando as primeiras imagens do exército brasileiro invadindo os morros cariocas ganharam as manchetes dos jornais, os franceses acharam que se tratava de uma continuação do filme Tropa de Elite, que fez tanto sucesso no País. O processo de pacificação das favelas do Rio de Janeiro foi um assunto bem explorado pela imprensa francesa. "A Polícia retoma o controle das favelas", disse Le Figaro. "Rio entra em guerra contra a violência", estampou Le Monde.

Assistir a fuzilada dos bandidos em fuga por um sniper do helicóptero foi algo surreal para um país tão apreciado pelo turismo. Mas a operação armada nas favelas surtiu um efeito bem positivo por aqui. A presença permanente das patrulhas da polícia nas comunidades propagou pela França uma ideia de segurança e de reintegração das classes sociais mais baixas. Se tornou possível o acesso a bairros praticamente proibidos para não moradores.

Desde então, o Rio de Janeiro conquistou as atenções de um novo nicho : o do turismo social, atualmente em vogue na Europa. Subir ao topo do Morro Dona Marta, em Botafogo, para construir pipas ao lado de crianças da comunidade, no tour Lajão Cultural, é hoje uma das atrações mais requisitadas pelos franceses. E eles estão dispostos a pagar caro por isso. Além disso, os tradicionais hotéis de Copacabana e Ipanema disputam agora as atenções de uma pousada com uma visão privilegiada do Rio de Janeiro, do alto do morro do Cantagalo. Por 21 euros é possível dormir e tomar um belo café da manhã caseiro no meio da comunidade.

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A ideia de se hospedar nas favelas foi criada por um artista inglês. Correspondente da BBC de Londres, Bob Nadkarni chegou ao Brasil em 1979. O inglês, que também é artista plástico, se mudou para a Tavares Bastos em 1982 para instalar seu ateliê de pinturas. Segundo ele, a intenção era se distanciar do asfalto, se separar um pouco do mundo. Em 1997, lançou sua primeira galeria de artes em casa e, em 2006, abriu as portas do The Maze Inn. A hospedagem foi eleita pela revista National Geographic como um dos 19 hotéis mais autênticos e únicos no Brasil. O lugar também é refúgio de amantes do jazz e da bossa nova. Um cenário insólito que seduz turistas que querem fugir do convencional. Nas agências de turismo por aqui, é comum ouvir que pelo albergue de Bob Nadkarni já passaram os rappers Snoop Dogg e Pharell, assim como o diretor Michael Redford, do filme "O carteiro e o poeta" - como se o lugar já não convencesse por si só.

Esse novo lado do Rio de Janeiro que se tornou acessível aos turistas internacionais fez saltar visivelmente o número de visitantes. Em 2010, mais de 1,6 milhões de estrangeiros passaram pela cidade maravilhosa – crescimento de 8% em relação a 2010 e o melhor nível de frequentação dos últimos cinco anos. Os turistas geraram uma receita de 2 bilhões de euros. As perspectivas são ainda melhores com a chegada da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

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