O fator Cavendish
A convocação do dono da Delta poderia derrubar a máxima do senador Pedro Simon: a de que corruptores nunca são punidos
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Em todas as CPIs recentes, o senador Pedro Simon (PMDB/RS) tem tentado, quixotescamente, fazer com que, além de punir corruptos, também sejam fisgados corruptores. Foi assim no caso Collor, em 1992, nos Anões do Orçamento, em 1993, no Mensalão, em 2005, e, agora, com o caso Cachoeira. Para isso, bastaria convocar as grandes construtoras, que, tradicionalmente, são os principais financiadores de campanha no País. A “CPI das empreiteiras” sonhada por Simon, no entanto, nunca saiu do papel, por razões óbvias.
De todo modo, uma oportunidade rara se coloca diante dos parlamentares nesta quinta-feira, quando será reavaliada a convocação de Fernando Cavendish, dono da Delta. Até agora, o PT pagou um preço alto por ter agido em bloco pelo sobrestamento do depoimento de Cavendish, num movimento coordenado pelo relator Odair Cunha (PT/MG) e pelos deputados Cândido Vaccarezza (PT/SP) e Paulo Teixeira (PT/SP).
Ao que consta, os três teriam agora mudado de posição e avisado aos aliados do PMDB que não arcarão mais sozinhos com este ônus. Até porque seria inútil. Se não for convocado pela CPI do caso Cachoeira, em Brasília, Fernando Cavendish será ouvido numa outra CPI, instalada na Assembleia Legislativa de Goiás, em Goiânia. Tanto ele quanto o ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antônio Pagot.
Cavendish, no entanto, tem feito de tudo para evitar sua convocação. Sua estratégia consiste em plantar ameaças, com a divulgação de que a rede de laranjas usada pela Delta era também utilizada por outras empreiteiras. Até o nome de alguns concorrentes já foram citados – é o caso da UTC, criada por um ex-diretor da OAS, que venceu a disputa pelo Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
Espalhando medo, Cavendish imagina estar se protegendo. A tendência, no entanto, é que ele acabe acelerando a sua convocação e a de outros empreiteiros. O que seria para o País e poderia até dar rumo à CPI.
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