O Egito não é aqui

Diz o brasileiro: Não, não. Não temos ditadura. A presidente foi eleita. E acho que ano que vem vai ser reeleita. E o egípcio pergunta: Pelo que vocês protestam então?



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Mohamed e João estavam sentados em um banco e lendo jornal esperando um voo em algum aeroporto da Europa. O primeiro, egípcio, puxou assunto com o segundo, brasileiro. Ao descobrir a nacionalidade do vizinho, João falou:

- Ah, que legal. No Brasil estão rolando várias manifestações e me disseram que uma das maiores influências é a revolta que aconteceu no Egito em 2011.

- Ah, é? Que legal. Li isso em algum lugar, mas não estou sabendo muito sobre o assunto. Mas que bom que nós de alguma forma influenciamos vocês. Eu era um daqueles jovens na Praça Tahrir.

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- Praça o que? Eu não lembro muito bem. Lembro que acompanhei pelos jornais, mas faz muito tempo.

- Praça Tahir era onde a gente se encontrava para protestar contra o presidente e pedir a saída dele. Ninguém aguentava mais. Ele estava no poder havia 30 anos. Não tínhamos liberdade. Vivíamos uma ditadura sanguinária. Sem empregos, sem perspectivas. Nossa saída foi ir às ruas. E conseguimos. Depois de três semanas de protestos, o presidente renunciou. E no Brasil, vocês também protestam contra uma ditadura?

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- Não, não. Não temos ditadura. A presidente foi eleita. E acho que ano que vem vai ser reeleita. Pelo menos é o que dizem as pesquisas de opinião.

- Pelo que vocês protestam então?

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- Os protestos começaram pelo preço da passagem de ônibus. Agora protestamos contra a corrupção e mais algumas coisas, como a saída do presidente do Senado. Todos os políticos são ladrões! Quem me dera se também conseguíssemos fazer a presidente renunciar.

- Sei. Li aqui no jornal que ontem teve muito confusão nas maiores cidades do Brasil.

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- É. Alguns vândalos estragam o movimento. Ontem mesmo eu estava na frente do Itamaraty e alguns depredaram as vidraças. Sou contra vandalismo, mas tava na rampa tentando invadir aquilo ali, que é onde fica o ministro das Relações Exteriores, o nosso chanceler.

- Hum, sei. Entendi. Mas o que o ministro fez? Ele é corrupto? Ele fez alguma besteira?

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- Não, não, mas não se faz revolução sem violência, né? Ontem sofremos. A polícia jogou gás lacrimogêneo na gente. Meu primo levou bala de borracha na perna. Como foram os protestos no seu país? Sofreram com a violência também?

- Bem, quase mil pessoas foram mortas pelo governo. Um massacre mesmo. Eu perdi um primo e dois amigos nessa história. Mas no final conseguimos tirar os governantes de lá. Ao contrário do seu país, lá não dava pra tirar nas urnas.

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- Ah, sério? Caramba. Sinto muito. Agora tenho que ir que vai começar o embarque. Tchau.

- Tchau. Boa sorte na luta. Seja qual ela for.

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