O drama de um filho: “Quem comandou?”

Marcelo Rubens Paiva questiona quem ordenou o assassinato do pai, o deputado Rubens Paiva, preso, torturado e morto durante a ditadura, em 1971; em entrevista, o jornalista diz que as novidades divulgadas recentemente pela Comissão da Verdade não o surpreenderam; "O que vai mudar é o que vem agora, o que não foi revelado"

O drama de um filho: “Quem comandou?”
O drama de um filho: “Quem comandou?”


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 – Os documentos oficiais divulgados nas últimas semanas pela Comissão da Verdade, e as declarações feitas pelo coordenador da Comissão, Cláudio Fonteles, provaram o que a família do deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971, já sabia: que ele foi pego em sua casa por oficiais do Exército e levado ao DOI-Codi do Rio, onde foi torturado e morto. Na avaliação do filho do combatente da ditadura militar, o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, a novidade é a apresentação de documentos oficiais, com carimbos do Exército, comprovando o que já se tinha conhecimento.

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, do qual é colunista, Marcelo conta que o que muda é o que está por vir e as respostas de muitas questões ainda não respondidas. "O que vai mudar é o que vem agora, o que não foi revelado: em qual dia foi morto? Para onde foi o corpo? Quem deu as ordens? Ele foi esquartejado? Quem levou o corpo? Quem matou vai ser chamado a depor? Já sabemos que um deles morreu e dois estão vivos. Só eles vão responder? Será que, como sempre acontece no Brasil, a corda vai estourar no lado da ralé?"

Marcelo também acha importante conhecer a cadeia de comando envolvida na morte do pai. "Quem sobreviveu são oficiaizinhos do Exército. Eles é que vão responder? Só quem bateu é responsável? Quem mandou? Quem era o comandante?", questiona. Quanto à Lei da Anistia de 1979, que permite aos responsáveis que não sejam punidos, o escritor a considera "antidemocrática". Ele lembra que ela foi "promulgada com o Congresso engessado pelo Pacote de Abril, com senadores biônicos", numa época em que "não existia debate democrático".

continua após o anúncio

O filho de Rubens Paiva, que tinha onze anos quando o pai foi levado de casa por oficiais, diz ainda que "parte da sociedade não quer rever o seu passado, não quer julgar os abusos de poder". Para ele, ainda falta o documento que prove o essencial: "Aonde foi o corpo do meu pai? Quem mandou esquartejar? Foi jogado no mar? Enterrado na Barra da Tijuca? Que dia saiu a viatura com o corpo de dentro do DOI-Codi?". Numa mensagem em vídeo gravada para a TV Estadão, ele diz "torcer para que novos documentos apareçam, para que essa história seja contada".

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247