O "direito" está "errado"

Dos mais de mil cursos de Direito existentes no Brasil, apenas noventa foram recomendados pelo Conselho Federal da OAB. Uma vergonha, como diz o Boris Casoy, toda tarde



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Dos mais de mil cursos de Direito existentes no Brasil, apenas noventa foram recomendados pelo Conselho Federal da OAB com o selo de qualidade dessa importante entidade.

No Amazonas, onde resido, apenas um, o da UEA, que é gerida com recursos de um fundo alimentado com dinheiro "desvinculado" de parcela do ICMS, e, portanto, teoricamente com os cofres cheios para contratar mestres e doutores sem concurso, em valores maiores que o "de mercado" - coisa que perdurava até bem pouco tempo - obteve o selo.

Imagina se a UEA não obtivesse, com tanta facilidade e sem compromisso com o lucro, essa qualificação?!?! Seria o fim do mundo.

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Mas o foco maior da reflexão não deve ser as instituições que conseguiram o selo, e sim aquelas outras, que não lograram êxito. Uma vergonha, como diz o Boris Casoy, toda tarde.

A "privatização" do ensino superior, no Brasil, foi motivado pela vontade política de democratizar o diploma, diante do histórico "gargalo" das universidades públicas, que deixavam de dar conta do recado.

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E mais: com um ensino primário e secundário ineficazes no segmento público, que perdeu o bonde do progresso para os empresários da educação, ou as famosas "escolas particulares", viu-se que as vagas nas universidades públicas não eram ocupadas igualitariamente, já que, aqueles que passavam no "vestibular", eram os filhos das famílias de classe média e alta, cuja base, no primário e secundário, era maior e favorecia o processo seletivo. Coisa óbvia.

E, assim, a ideia de privatizarem para democratizar aquilo que, na prática, já estava concentrado nas mãos daqueles que não se encontravam, certamente, nas camadas menos privilegiadas da população.

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Mas, se de um lado aumentou consideravelmente as oportunidades no ensino superior, de outro, não podemos esquecer que por detrás das "entidades sem fins lucrativos" que se dedicam ao metier, o que de fato existe são empresários, e mesmo grupos empresariais, alguns multi-nacionais, para quem o lucro é prioritário, apesar da pele de cordeiro inventada pelos legisladores de aluguel para escamotear a dinheirama que transita nesses "cofres", e desviar a carga tributária desse setor, quase que totalmente desonerados em alguns municípios brasileiros.

Pois bem! Todos os pecados conhecidos dessas entidades seriam perdoados, se, se - repito -, ao menos não ficássemos sujeitos a nivelar a educação superior de nossos filhos, por baixo.

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No caso específico do curso de Direito, não se pode esquecer que amanhã serão os alunos formados por essas faculdades aqueles que irão fiscalizar a lei (promotores), julgar nossas causas (magistrados), promover investigações e inquéritos (delegados) e demandar e proteger os direitos públicos e privados (advogados).

Já é hora de reconhecer que o "Direito" anda meio "errado". Ou não?

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Dionysio Paixão é advogado e Procurador do Município de Manaus

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