O Brasil mudou mesmo?

Não, responde Janio de Freitas. Apenas alguns métodos de financiamento de campanha foram descobertos e outros serão usados daqui pra frente

O Brasil mudou mesmo?
O Brasil mudou mesmo? (Foto: Divulgação)


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247 – Experiente, vivido e, sobretudo, lúcido, Janio de Freitas é mais contido na análise sobre os desdobramentos da Ação Penal 470. Não vê nenhuma mudança estrutural no País e observa que os políticos continuam os mesmos – apenas alguns métodos ilícitos de financiamento de campanha perderam a validade. Leia:

Amanhã tal como ontem

O que vai mudar com o julgamento do mensalão são alguns dos métodos agora desvendados, não os políticos

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O Brasil, os políticos e suas práticas não vão mudar coisa alguma por efeito do chamado julgamento do mensalão, sejam quais e quantas forem as condenações. É o que indica o indesmentido fluxo histórico brasileiro e o que comprova a experiência mais ou menos recente.

"O Brasil não será mais o mesmo", ou, no dizer dos que precisam ser pernósticos, "o julgamento é um paradigma", são frases que pululam nos meios de comunicação, com suas similares, como meros produtos de ingenuidade ou do engodo comum.

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O que vai mudar são alguns dos métodos agora desvendados. Assim como os artifícios do mal denominado mensalão são adaptações do que Paulo César Farias criou e comandou, em parte já para a eleição de Collor, depois em benefício da também chamada quadrilha e, com toda evidência, para cobrir os custos da manipulação nas eleições municipais. De lá para cá, nem foi preciso mudar o principal banco das operações financeiras, o mesmo Banco Rural.

Não houve pausa entre o que motivou o escândalo PC/Collor e os motivos do atual. Está por aí, em algum lugar recôndito, o processo do mensalão do PSDB, precursor mineiro do mensalão petista e comprovante de que os meios de comunicação podem ser também caridosos.

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E houve as várias eleições das quais tantas figuras notórias, dispensadas as óbvias citações nominais, saíram proprietárias de fazendas, novas casas, construção de imóveis. Sem precisarem enfrentar nem sequer uma perguntinha, a respeito, de CPI, da Polícia Federal, do Ministério Público e de um juiz. "Empréstimo da filha", disse um outro, numa explicação em geral considerada mais do que suficiente.

Depois de cada eleição, os empréstimos das filhas continuaram no decorrer dos governos, em alguns casos engatando nas campanhas eleitorais seguintes, inclusive a de agora. Nada disso como vício reservado à raia miúda da prática ou das figuras políticas. À tal camada coube, isso sim, o início da política como indústria de enriquecimento.

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Mas os níveis todos foram conquistados depressa por essa modalidade de empreendedorismo consagrada no Brasil e hoje dominante também na Rússia. Lá, sedução para os herdeiros do velho poder burocrático e policial. Aqui, desde bastante tempo, mais ativo e voraz entre componentes de governos e políticos provenientes do mesmo segmento social do empresariado.

A degradação da ética e do nível cultural na política não se altera com episódios tão circunscritos como o julgamento do mensalão.

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Se ainda for corrigível, reverter a degradação dependeria de muitos fatores, como remodelação do financiamento eleitoral e do sistema partidário, redução da Câmara, das Assembleias e das Câmaras Municipais, exigências para coligações, efetividade dos programas partidários, e por aí afora.

O momento facilita constatar-se a continuidade da degradação política e das eleições como vestibular para a indústria do enriquecimento. É só ver dois ou três programas da propaganda eleitoral: a média dos candidatos, em qualquer sentido, não deixa dúvida. Não sobrará dúvida nem sobre a ingenuidade ou o engodo do besteirol de que o Brasil mudará com o julgamento agora feito pelo Supremo Tribunal Federal -um, em dezenas ou centenas de julgamentos necessários.

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