Novo reitor da USP manda investigar gestão de Rodas
247 Exclusivo: em carta dirigida a professores da maior universidade do Brasil, reitor Marco Antonio Zago informa abertura de comissão de sindicância, contratação de auditoria externa e aperto de fiscalização do Tribunal de Contas sobre a gestão do antecessor João Grandino Rodas; esvaziamento da reserva financeira da USP de R$ 3,4 bilhões em 2010, quando ele assumiu o cargo, para R$ 1 bilhão é suspeito; na gestão bilionária de Rodas, USP perdeu 68 posições no ranking das principais universidades do mundo
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247 – A gestão do ex-presidente do Cade João Grandino Rodas como reitor da USP, entre 2010 e o início deste ano, será investigada por auditoria externa, alvo de comissão interna de sindicância e aperto de fiscalização pelo Tribunal de Contas do Estado. "Encontramos vários problemas", registrou, logo na primeira linha, em carta de quatro laudas dirigida a professores, o reitor Marco Antonio Zago. Ele assumiu o cargo no início deste ano e, na correspondência em que anuncia a série de providências em relação à administração anterior, justifica as iniciativas legais e administrativas "para responder à justa demanda por esclarecer como chegamos a tal desequilíbrio financeiro, partindo de uma situação confortável em 2010".
Já se sabia que a gestão de Grandino Rodas tinha a marca do conflito com professores e estudantes, especialmente, mas, com a carta do novo reitor, descobre-se que ela também foi bilionária. Indicado para o cargo pelo então governador José Serra, Rodas representou a quebra de uma tradição. Na lista tríplice apresentada a Serra, ele era o segundo colocado, mas teve a preferência. Antes de ser instalado na Reitoria, ele serviu na gestão federal de Fernando Henrique à frente do Cade. Professor da faculdade de Direito, Rodas assumiu a Universidade de São Paulo com uma reserva financeira de cerca de R$ 3,5 bilhões no caixa da instituição. Agora, no entanto, a poupança da USP está em torno de R$ 1 bilhão.
Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, em maio deste ano, Rodas procurou justificar os gastos pelo crescimento no volume de obras físicas na Universidade. Ele afirmou que teria sido impossível gastar menos. E encerrou com a sugestão de que se coloque mais dinheiro público na instituição. "No limite, e se for o caso, que se busque a adequação do modelo de financiamento das universidades públicas paulistas, ou outros caminhos para superar o atual quadro de dificuldades".
Com direito a pouco mais de 5% do total arrecadado em ICMS no Estado, definitivamente a USP não tem um problema de fluxo de recursos. Seus cofres são abastecidos todos os meses com cerca de R$ 350 milhões depositados diretamente pelo Estado de São Paulo, que cumpre uma lei aprovada na gestão do governador Orestes Quércia (1987-1990). Com todo esse dinheiro, a Universidade constituiu uma reserva financeira que, quando Rodas chegou para administrá-la, repita-se, era superior a R$ 3,5 bilhões.
Com razão, o atual reitor, que apenas inicia sua gestão, reclama da falta de transparência da administração anterior.
- Durante todo o segundo semestre de 2013, circularam notícias sobre as dificuldades financeiras da Universidade, que nunca foram confirmadas pela Reitoria, e cujas dimensões não tínhamos ideia, escreveu Zago.
Na carta aos professores, o novo reitor lembra que o orçamento da USP para 2014 não foi discutido abertamente no ano passado – e sobrou ele descobrir que, agora, os gastos da Universidade já superam em 105% suas receitas. Para cumprir contratos, parte da reserva financeira terá de, mais uma vez, ser usada.
Na gestão de Rodas, ao lado de obras de alto custo, mais de 3 mil funcionários e quase 400 professores foram contratados, provocando o estouro na folha de pagamentos.
Se achava que deixaria a USP sem ter de dar melhores explicações, pelo jeito Grandino Rodas errou. Mais do que produzir artigos, ele terá de justificar suas contas.
Abaixo, a carta enviada aos docentes pelo novo reitor:
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