Neta de Niemeyer volta para resgatar Brasília
Ana Lcia Niemeyer retorna capital com o objetivo de melhorar monumentos. Agora tcnica do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional no DF, ela no gostou do que viu na Catedral
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Naira Trindade_ Brasília247 – Brasília é uma obra assinada por oito mãos: de Lucio Costa, Juscelino Kubitschek, Israel Pinheiro e Oscar Niemeyer. Herdeiros do resultado, as famílias desses profissionais fincaram raízes na capital do País e se esforçam para manter o legado. Maria Elisa, a filha de Lucio Costa, não tem residência no Distrito Federal, mas acompanha todos os debates acerca da capital. Agora, Ana Lúcia Niemeyer, a neta de Oscar, se mudou para a única quadra projetada pelo avô, a 108 Sul, de onde, nos próximos cinco anos, planeja estudar medidas para recuperar os monumentos do patriarca, que completa 104 anos na próxima quinta-feira (15).
Ana Lúcia Niemeyer não é arquiteta, mas conhece todos os meandros do ramo, devido à convivência com os profissionais da Fundação Oscar Niemeyer. Era ela que presidia a fundação do avô no Rio de Janeiro. Ao se mudar para Brasília em abril do ano passado, onde morou em um apart-hotel até semana passada, Ana Lucia, 63 anos, pediu afastamento da fundação. A socióloga precisava de isonomia para assumir o cargo de técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Distrito Federal.
A neta do arquiteto mais famoso do Brasil largou a fundação, mas ainda sonha em melhorar os principais monumentos de Brasília. E não apenas os do avô. Para tanto, a socióloga planeja visitar em breve aos principais pontos turísticos da capital, para levar as anotações ao superintendente do Iphan, Alfredo Gastal. Antecipando o trabalho, Ana Lúcia fez um passeio com o Brasília247 e identificou problemas no Espaço Oscar Niemeyer e na recém-restaurada Catedral. O primeiro está consumido pelo mofo e infiltrações. O segundo, pela sujeira deixada por turistas.
Herança
Olhos de Niemeyer na capital, Ana Lúcia sente como se precisasse cuidar da herança do avô. “Morei em Brasília de 1960 a 1972 e, ao retornar, senti que buscava minhas origens”, diz. A sensação foi reavivada ao encontrar coincidentemente nas páginas do jornal um apartamento vazio na 108 Sul, em frente à escola-classe em que ela estudou quando criança. “No jornal tinha quatro opções, mas, ao visitar o apartamento da 108 Sul, resolvi ficar.” Ela reconhece que grande parte dos monumentos está conservada e passa por revitalização, mas espera mais. “As calçadas, por exemplo, precisam ser melhoradas, pois estão todas quebradas.”
As mudanças pretendem dar mais graça aos próximos aniversários de Oscar, porque, neste ano, Brasília tem pouco a comemorar. Sua obra mais recente na cidade, a Torre Digital seria inaugurada em homenagem ao arquiteto, mas não será aberta ao público nesta quinta-feira, como planejado. Ainda faltam gramado e estacionamentos ao redor do monumento.
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