Na CPI, doleira canta Roberto Carlos e diz negociar delação

Nelma Penasso Kodama, ou "Dama do Mercado", como era conhecida, negou hoje em depoimento à CPI da Petrobras ter escondido 200 mil euros na calcinha, motivo pela qual foi detida em março de 2014, quando tentava embarcar para a Itália - segundo ela, o dinheiro estava no bolso; e revelou ter sido amante de Alberto Youssef, com quem "viveu maritalmente" por dois anos; neste momento, ela provoca risos ao cantar a música "Amada amante", de Roberto Carlos

Nelma Penasso Kodama, ou "Dama do Mercado", como era conhecida, negou hoje em depoimento à CPI da Petrobras ter escondido 200 mil euros na calcinha, motivo pela qual foi detida em março de 2014, quando tentava embarcar para a Itália - segundo ela, o dinheiro estava no bolso; e revelou ter sido amante de Alberto Youssef, com quem "viveu maritalmente" por dois anos; neste momento, ela provoca risos ao cantar a música "Amada amante", de Roberto Carlos
Nelma Penasso Kodama, ou "Dama do Mercado", como era conhecida, negou hoje em depoimento à CPI da Petrobras ter escondido 200 mil euros na calcinha, motivo pela qual foi detida em março de 2014, quando tentava embarcar para a Itália - segundo ela, o dinheiro estava no bolso; e revelou ter sido amante de Alberto Youssef, com quem "viveu maritalmente" por dois anos; neste momento, ela provoca risos ao cantar a música "Amada amante", de Roberto Carlos (Foto: Paulo Emílio)


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247 - A doleira Nelma Penasso Kodama, condenada por lavagem de dinheiro nos processos da Operação Lava Jato, afirmou, em seu depoimento à CPI da Petrobras que está negociando um acordo de colaboração com a Justiça.

A "Dama do Mercado", como era conhecida, foi condenada a 18 anos de reclusão, além do pagamento de multa por comandar um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado cerca de R$ 221 milhões, além da remessa irregular de US$ 5,2 milhões para o exterior.

A doleira está detida desde março de 2014, quando foi presa ao tentar embarcar para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha. Ela negou, contudo, que os "dois pacotinhos" estivessem escondidos em suas roupas íntimas.

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Além da doleira, a CPI da Petrobras também deverá ouvir ao longo desta terça-feira (12) os ex-deputados Luiz Argôlo (sem partido-BA), André Vargas (sem partido-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE); além do doleiro Carlos Habib Chater, dono do posto de gasolina em Brasília que deu nome à operação da Polícia Federal, e o operador René Luiz Pereira.

Leia abaixo reportagens da Agência Brasil sobre o depoimento da doleira:

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Brasil é movido pela corrupção, diz doleira ouvida pela CPI da Petrobras

A doleira Nelma Kodama disse, em depoimento à CPI da Petrobras, que o Brasil "é movido pela corrupção". "Quando parou a corrupção [na Petrobras], o Brasil parou", disse referindo-se às investigações feitas pela Operação Lava Jato a respeito de desvio de dinheiro e pagamento de propina de empreiteiras contratadas pela estatal.

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"É o que eu chamo no meu mercado de bike, bicicleta: um santo descobrindo o outro. Estamos na corrupção da Petrobras, dos empreiteiros, e o que aconteceu [quando isso foi descoberto]: o País entrou em crise, numa recessão", disse.

Ela já havia admitido à CPI que praticou evasão de divisas mediantes operações fictícias de importação. O deputado Izalci (PSDB-DF) perguntou a ela que brechas existem no sistema financeiro que permite operações irregulares de câmbio. "Que mudanças seriam necessárias para evitar evasão de divisas por meio de importações fictícias? Ninguém checa se a importação é verdadeira?", perguntou.

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"Eu também me pergunto. Como pode fazer uma importação e não vir nada? Tem vários tipos [de importação]. O câmbio antecipado, que você paga e depois a mercadoria vem. Só que às vezes não vem", explicou ela.

Nelma Kodama está sendo ouvida pela CPI da Petrobras no auditório do Foro da Seção Judiciária do Paraná. Ela é a primeira depoente de hoje. Ainda devem ser ouvidos René Pereira (ligado ao doleiro Alberto Youssef), os ex-deputados Luiz Argolo, Pedro Corrêa e André Vargas, o doleiro Carlos Habib Chater e o publicitário Ricardo Hoffmann (acusado de pagar propina para André Vargas).

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Doleira afirma que não participou de esquema de corrupção na Petrobras

A doleira Nelma Kodama disse que nunca operou no esquema de desvio e lavagem de dinheiro da Petrobras e que não atuou no financiamento de partidos políticos.

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Kodama se recusou a dizer à CPI quem era o "comandante" do esquema de operações irregulares de câmbio do qual fazia parte. A pergunta foi feita pelo deputado Bruno Covas (PSDB-SP), um dos sub-relatores da CPI. "Vou me reservar o direito de permanecer calada", respondeu.

"Mas é um agente político?, perguntou o deputado. "Ele já foi preso?", insistiu. "Não", respondeu a doleira.

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A doleira foi condenada a 18 anos de prisão por evasão de divisas em 91 operações de câmbio irregulares. Ela considerou a pena injusta em comparação com as operações feitas por outros doleiros.

Ela mencionou a corretora de câmbio TOV, segundo ela "a maior do País", e outras como a Pioneer, Fair, Levican e os doleiros Leonardo Meirelles e Raul Henrique Srour – que segundo ela tinha contrato referente a movimentação de altas somas de dinheiro com o ex-gerente geral do Banco do Brasil no Paraná José Augusto Aparecido Eiras.

Ela disse que as operações de câmbio irregulares são impostas pelo "sistema". "Quem está irregular? A Nelma, o Banco Central, o banco de compensação, a Tov corretora ou o chinês que montou a operação fraudulenta para pagar importação?", perguntou.

Doleira diz que viveu com Youssef, admite que errou mas reclama da pena recebida

A doleira Nelma Kodama provocou risos na audiência pública da CPI da Petrobras em Curitiba (PR) ao admitir, ao ser questionada pelo deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), que "viveu maritalmente" com o também doleiro Alberto Youssef de 2007 a 2009.

"A senhora foi amante de Youssef?", perguntou o deputado. "Depende do que o senhor chama de amante. Eu vivi maritalmente com ele. Amante é uma palavra que engloba tudo, né? Ser amiga, companheira. Uma coisa bonita", respondeu a doleira. Em seguida, cantarolou a música "Amada amante", de Roberto Carlos, e foi advertida pelo presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

Kodama já tinha provocado risos na audiência ao dizer que não foi presa no ano passado com 200 mil euros na calcinha, como foi divulgado. "O dinheiro estava aqui", disse, e em seguida se levantou, virou de costas para a audiência e colocou as duas mãos nos bolsos traseiros da calça jeans que usa.

Delação premiada
A doleira se recusou a responder todas as perguntas da CPI, alegando estar negociando uma delação premiada. Não quis falar, por exemplo, das acusações a Youssef, como a de que o doleiro teria organizado um assalto – declaração feita por ela e captada em um grampo telefônico da Operação Lava Jato.

Nelma Kodama disse à CPI que tem consciência dos crimes que cometeu, mas reclamou da pena de 18 anos, por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, imposta a ela no ano passado pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

"Eu não me sinto injustiçada, mas não concordo com a dosimetria da pena", disse aos deputados da comissão. É um dos motivos, segundo ela, que motivou seu interesse em fazer uma delação premiada, acordo que está sendo negociado com a Justiça.

Kodama foi condenada no ano passado a 18 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pela prática de 91 crimes de evasão de divisas. Segundo a Justiça, a movimentação ilegal operada por Nelma chegou a US$ 5.271.649,42 entre maio e novembro de 2013. Junto com ela foram condenados Iara Galdino (11 anos e 9 meses) e Luccas Pace Júnior (4 anos, já que foi beneficiado por acordo de delação premiada).

Kodama defendeu a atividade de doleiro e, apesar de admitir ter cometido crimes, disse que se limitava a comprar e vender dólares. Segundo ela, o doleiro atua para efetuar pagamentos no exterior, principalmente no setor de importação, em função dos impostos cobrados pelo governo nas operações legais. Para fazer isso, porém, era preciso montar uma estrutura que envolvia empresas de fachada.

"Para se fazer uma importação da forma que eu fazia, que era fraudulenta, fictícia, eu sozinha não conseguia. O meu trabalho era de compra e venda de moeda estrangeira. E eu tinha credibilidade. Eu não usava dinheiro meu para fazer isso. O cliente entregava o dinheiro para mim sem me conhecer. Quem fazia o trabalho de estruturação era o Luccas Pace, que tinha conhecimentos do Banco Central e abria as empresas de fachada", disse.

Doleira diz que não conhece Júlio Camargo, empresário acusado pela Lava Jato

A doleira Nelma Kodama disse à CPI da Petrobras que não conhece o empresário Júlio Camargo, que aparece diversas vezes nos depoimentos do doleiro Alberto Youssef como representante de empresas que utilizaram o esquema de lavagem de dinheiro para pagar propinas a agentes políticos e funcionários da Petrobras.

Kodama, porém, se recusou a falar sobre detalhes contidos nos depoimentos de Youssef em que o nome dela aparece relacionado a operações relacionadas a Camargo.

Ela foi questionada sobre isso pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP). "A senhora conhece Júlio Camargo? Fez alguma operação para ele?", perguntou o deputado. "Me reservo o direito de ficar em silencio", respondeu a doleira.

O deputado insistiu e leu trecho de depoimento de Youssef em que o doleiro disse ter sido procurado por Julio Camargo, então representante da empresa Pirelli, para disponibilizar 1 milhão de dólares de uma conta no exterior para pagar propina a fiscais do ICMS em São Paulo. Youssef disse que Kodama ou o também doleiro Leonardo Meirelles disponibilizaram a soma. "Mas ele não me acusa. Ele diz que fui eu ou o Leonardo Meirelles", respondeu a doleira.

Ivan Valente leu então outro trecho do depoimento de Youssef, em que o doleiro fala de propina paga por contratos para construção da Refinaria Henrique Lage (Revap), em Araucária, no Paraná. Segundo Youssef, a propina de 5 milhões de dólares foi disponibilizada por Nelma Kodama ou por outro doleiro chamado Carlos Rocha, o Ceará, mas provavelmente por Kodama – "já que Ceará não tinha contas no exterior".

"Ele [Youssef] vai ter que provar isso", se limitou a dizer a doleira.

O depoimento de Nelma Kodama foi encerrado há pouco. Ainda devem ser ouvidos hoje, no auditório do Foro da Seção Judiciária do Paraná, René Pereira (ligado ao doleiro Alberto Youssef), os ex-deputados Luiz Argolo, Pedro Corrêa e André Vargas, o doleiro Carlos Habib Chater e o publicitário Ricardo Hoffmann (acusado de pagar propina para André Vargas).

Doleira ouvida pela CPI da Petrobras quer fazer acordo de delação premiada

A doleira Nelma Kodama disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras que está negociando um acordo de delação premiada com a Justiça Federal. "Estou disposta a colaborar com a CPI, desde que isso não atrapalhe meu acordo de colaboração em curso", disse.

Kodama é acusada de chefiar esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a abertura de empresas de fachada e operações de câmbio no exterior. Ela foi condenada por envolvimento em 91 operações irregulares de instituição financeira, lavagem de dinheiro e corrupção. Ela também é acusada de corromper um ex-gerente do Banco do Brasil para realizar operações ilícitas por meio da casa de câmbio Da Vinci.

Nelma Kodama foi presa em flagrante na madrugada de 15 de março do ano passado quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha.

"Meu papel de compra e venda de moedas era mais ligado a importações. Quando um importador compra uma mercadoria na China, por exemplo, parte do pagamento é feito pelo Banco Central e ele usa o doleiro para pagar o que é por fora, sem impostos, que geralmente é 60% do total", ela explicou.

"Eu não via que estava fazendo nada errado. Era como compra e venda de dólares. A operação feita do doleiro acontece por causa dos impostos envolvidos no pagamento de empresas no exterior. Eu não achava isso errado porque achava os impostos muito altos", alegou, ao responder perguntas do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).

Em depoimento à CPI, doleira nega envolvimento com tráfico de drogas

A doleira Nelma Kodama, ao responder perguntas feitas pelo deputado Aluisio Mendes (PSDC-MA) na audiência pública da CPI da Petrobras em Curitiba (PR), negou qualquer envolvimento com o tráfico de drogas.

O parlamentar mencionou inquéritos da Polícia Federal que relacionam o nome da doleira com tráfico de drogas e até suspeita de homicídio. "A senhora conhece um ex-policial chamado Sarita?", perguntou o deputado. "Sim, ele trabalhou para mim", respondeu. "A senhora sabia que ele várias vezes viajou a Manaus para levar dinheiro para o comandante do esquema criminoso que a senhora integrava?", perguntou o deputado.

"Vou usar o direito de permanecer calada", respondeu a doleira. No início do seu depoimento, ela já havia se recusado a apontar quem seria o verdadeiro comandante do esquema financeiro paralelo que ela integrava.

O deputado Aluisio Mendes disse que o ex-policial foi assassinado depois de ter sido assaltado quando transportava ouro para um ex-marido de Nelma. "A senhora sabia que existe um inquérito na Polícia Federal em que a senhora é considerada suspeita do homicídio de Sarita?", prosseguiu Mendes. "Não, não sabia", disse a doleira.

Aluisio Mendes também quis saber se Nelma Kodama tinha ido a uma festa de 15 anos em uma favela em São Paulo, festa da filha de um integrante da facção criminosa PCC. "Eu fui a uma festa, mas não numa favela. Foi em um buffet", respondeu. A doleira negou qualquer envolvimento com o PCC.

Ao responder pergunta do deputado Delegado Waldir (PSDB-GO), ela admitiu, porém, que nem sempre sabia para quem estava operando no mercado de câmbio.

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