Morte no Hopi Hari pode recair sobre dono do parque

Nelson Bastos, principal acionista do centro de diverses em que a adolescente Gabriella Nichimura morreu aps cair do brinquedo La Tour Eiffel, poder ser includo no inqurito policial; funcionrios da operao do aparelho afirmaram no terem tido treinamento especfico; se realmente isso ocorreu, um ato muito falho da direo do parque, disse delegado

Morte no Hopi Hari pode recair sobre dono do parque
Morte no Hopi Hari pode recair sobre dono do parque (Foto: Divulgação)


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247 – Poupados até aqui, os diretores do parque de diversões Hopi Hari, com o presidente Nelson Bastos à frente, também deverão ser responsabilizados pela morte da adolescente Gabriella Nichimura, de 14 anos, após queda do brinquedo La Tour Eiffel, em 24 de fevereiro. A possibilidade foi levantada pelo delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior, de Vinhedo, no interior de São Paulo, que investiga o caso.

O delegado se mostrou disposto a incluir os responsáveis pelo Hopi Hari no inquérito porque dois funcionários do parque ouvidos – entre os cinco que cuidavam da atração onde houve o acidente naquele dia -- afirmaram que o treinamento para a operação dos brinquedos sempre foi precário, limitado, muitas vezes, à leitura de um manual genérico.

Assim como Vitor Igor Spinucci de Oliveira, 24, afirmara em depoimento na quarta-feira passada, o operador Marcos Antonio Tomaz Leal, 18, disse nesta terça-feira 6 que seu treinamento para operar o brinquedo foi a leitura de um manual intitulado "padrão básico operação rides". Leal trabalha no Hopi Hari há seis meses e estava na Torre Eiffel havia 20 dias. O manual, com dez páginas, tem informações gerais sobre o parque, mas não sobre a atração, especificamente.

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"Se realmente ocorreu apenas a leitura é um ato muito falho da direção do parque, de quem está hierarquicamente acima deles e até mesmo da direção, se sabia disso", afirmou Noventa Júnior, segundo divulgado pelo portal UOL. "Então, não vai se limitar aos operadores a responsabilidade. A gente vai, na hierarquia, chegar até quem teve o dever de zelar pela integridade dos usuários do parque", disse.

O UOL prossegue informando que o delegado decidiu que irá ouvir os outros três operadores do brinquedo na quarta 7 e, se necessário, outros funcionários, para confirmar se não havia um curso mais aprofundado para operar os equipamentos.

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O advogado do parque, Alberto Toron, reafirmou que o treinamento dos funcionários tem três fases, incluindo uma de campo. "O treinamento não se resumia à simples leitura do manual. Tinha três fases, sendo que a terceira era em campo, ao lado de funcionários mais experientes", afirmou. "Quem faltou com dever de cuidado faltou em relação a algo muito simples. Portanto, vamos aguardar a continuidade das apurações e confiamos no juízo prudente do delegado de polícia", completou.

O brinquedo, continua o UOL, é uma torre com cinco conjuntos com quatro cadeiras cada um. Dois deles estão interditados. A cadeira do setor 3 na qual Gabriella sentou-se estava inoperante havia ao menos dez anos.

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Acareação

Marcos Leal não deu entrevista, assim como Vitor Oliveira. O advogado de ambos, Bichir Ale Bichir Júnior, disse que seu cliente contou ao delegado que 15 minutos antes da abertura dos portões do parque teria notado que a trava da cadeira inoperante estava solta. O rapaz teria avisado Oliveira. Segundo Leal, o colega teria avisado a um superior. Porém, em seu depoimento, Vitor Oliveira disse ter acionado uma colega chamada Amanda que entrou em contato com o atendente sênior Lucas Martins. A ele, a funcionária teria dito que a cadeira travada do setor 3 estava abrindo, o que permitia que alguém sentasse ali. "Prossegue que estou acionando a manutenção", teria respondido Martins, conforme depoimento do primeiro operador.

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No momento do acidente, quem operava o setor 3, segundo informações dos dois depoimentos, continua o portal UOL, era um funcionário chamado Edson. Os sobrenomes de Amanda e Edson não foram divulgados. A reportagem não localizou Lucas Martins. Em depoimento dado na semana passada, a mãe de Gabriella, Silmara, disse ter questionado o fato da cadeira da filha não possuir um cinto de segurança ligando a trava ao banco e ter ouvido de algum funcionário: "o brinquedo é seguro". A família apresentou uma fotografia ao delegado. Na imagem, Marcos Leal está à frente do conjunto de cadeiras ocupadas pela família Nichimura. Ao lado do setor aparece Edson.

O advogado Bichir Ale Bichir Júnior informou que Leal estava em movimento no momento da fotografia e que seus clientes operavam os setores 2 e 4. O delegado disse que vai ouvir Edson, bem como duas outras operadores e o atendente sênior. "Os dois ouvidos até o momento se eximem de terem respondido à mãe. É importante chegar aos outros operadores. Se for necessário, marcaremos uma audiência de acareação".

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O acidente

A adolescente Gabriella Nichimura, 14, morreu ao cair do brinquedo La Tour Eiffel, no Hopi Hari. Ela usou uma cadeira que estava desativada há dez anos. O acidente ocorreu por volta das 10h30 do dia 24 de fevereiro. A garota foi levada para o hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), mas não resistiu. Ela teve traumatismo craniano seguido de parada cardíaca.

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Depois do acidente, a polícia ouviu funcionários, visitantes e familiares da garota. Após a mãe da adolescente mostrar fotos tiradas minutos antes do acidente, verificou-se que a primeira inspeção havia sido feita no assento errado. A perícia na cadeira efetivamente usada por Gabriela constatou que a trava abre quando o brinquedo é colocado em atividade.

Brinquedos de maior risco

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Na segunda-feira (5), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que 14 brinquedos do parque serão alvo de perícia detalhada nos próximos dias. O parque deverá permanecer fechado até a próxima semana.

Os brinquedos conhecidos como Montezum, Vurang, Ekatomb, Vulaviking, Leva i Traz, Lokolorê, Evolution, Rio Bravo, Crazy Wagon, West River, Trakitanas, Simulákron, Giranda Di Musik e Dispenkito devem ser periciados por oferecerem maior risco à segurança dos usuários, de acordo com Sérgio Inácio Ferreira, chefe do laboratório de estruturas do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) –órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado.

O IPT também analisará documentos disponibilizados pelo parque. O objetivo é identificar se há riscos à segurança dos frequentadores do Hopi Hari. “Dependendo dessa análise, podemos fazer muita coisa ou não fazer nada”, afirmou Ferreira.

Na segunda-feira, estiveram no parque representantes do Corpo de Bombeiros, Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), peritos da Polícia Científica e do Instituto de Criminalística, além de integrantes do IPT e do MP. As autoridades definiram o cronograma dos trabalhos e procedimentos de avaliação dos equipamentos do parque.

A definição dos brinquedos periciados integra o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), acordado entre a direção do parque e o MP. Outras atrações do local também serão analisadas, mas as 14 citadas passarão por uma vistoria mais detalhada.

O parque fica no km 72,5 da rodovia dos Bandeirantes, no município de Vinhedo (SP). O brinquedo onde ocorreu o acidente tem 69,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 23 andares. Na atração, os participantes caem em queda livre, podendo atingir 94 km/h, segundo informações do site do Hopi Hari.

Negligência

Na avaliação do MP, houve negligência no sistema de operação do parque. "As pessoas que operavam não estavam devidamente capacitadas e orientadas para operar o brinquedo”, disse a promotora de defesa do direito do consumidor de Vinhedo, Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, finaliza o UOL.

 

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