Morte de 9 operários gera protesto na Bahia

Sindicato dos Trabalhadores na Construo Civil convoca; elevador externo caiu do 28 andar em obra, matando todos os que estavam nele; vtimas fatais no setor j so 15, este ano, em Salvador; capacetes, luvas e botas, raridades nos canteiros



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Rebeca Bastos_ Bahia 247 - Revolta, choro e silêncio. Esse era o clima nas imediações do Hiperposto, na região do bairro Iguatemi, onde está sendo construído o Empresarial Paulo VI. Por volta das 7 h desta terça-feira (9), um acidente vitimou nove operários que trabalhavam dentro de um elevador externo que caiu do 28° andar do edifício em obras. O acidente tem sido considerado pelo Sindicato dos Trabalhadores Indústria Construção Civil de Salvador (Sitracon) como o pior da história da construção civil na cidade.

A perícia técnica e as investigações policiais já estão em curso, segundo a titular da 16ª delegacia, Jussara Souza. “Todas as apurações estão sendo feitas para saber se ouve negligência, imprudência, ou imperícia por parte da empresa. Caso sejam diagnosticadas falhas os representantes legais da obra irão responder por homicídio culposo”, informou a delegada. O resultado da perícia sai em até 30 dias. Mas, segundo informações preliminares, a balança (como é chamado o elevador por técnicos da construção civil), tinha capacidade para até 12 pessoas e estava com nove no momento do acidente.

Mais cedo, o advogado da Construtora Segura, Fernando de Magalhães, informou que os familiares das vítimas receberão atendimento de uma equipe de psicólogos. A empresa também assumiu todas as responsabilidades dos velórios e sepultamentos das nove vítimas. Em comunicado oficial, a Construtora Segura informou que lamenta a tragédia e buscou se explicar. “O equipamento estava funcionando dentro dos parâmetros de segurança e em perfeito estado de conservação”, afirmou em nota.

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Protestos e paralisação

Para o diretor de saúde e segurança do Sindicato dos Trabalhadores Indústria Construção Civil Salvador (Sitracon), Arilson Ferreira dos Santos, falta fiscalização das normas de segurança nas obras. É comum ver gente sem capacete, ou equipamentos sem manutenção. Segundo ele, o sindicato promoverá uma paralisação em todos os canteiros de obra da cidade hoje. Para esta quarta-feira (10), está prevista uma manifestação com saída do Campo Grande. O Sitracon irá iniciar a partir da sexta-feira (12), uma campanha por segurança no trabalho. "Precisamos chamar a atenção de toda a sociedade, dos empresários, dos trabalhadores, para os riscos que rondam os operários na construção civil da cidade, não podemos mais trabalhar assim”, enfatizou.

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O representante do Sindicato da Central dos Trabalhadores do Brasil, Adilson Araujo, no entanto, informou que a taxa de acidentes em Salvador é acima da média e que a empresa já recebeu denúncias dos funcionários quanto a acidentes de trabalho. “Até agora, eram 6 vítimas fatais de acidentes em abras da construção civil em Salvador só neste ano, quase uma por mês. Com está tragédia, chegamos a 15 mortes, um número inadmissível para o século XXI, onde existem milhares formas de prevenção”. O sindicalista também informou que já está marcada para as 15 h da terça-feira uma reunião na Superintendência Regional do Trabalho com o secretário do Trabalho, Nilton Vasconcelos, com representantes dos sindicatos de classe e com o patronato. Na pauta da reunião serão discutidas formas de combate ao alto índice de acidentes de trabalho na cidade.

Familiares e colegas lamentam mortes

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Traumatizado com o acidente, o ajudante de carpintaria, Washington Santos, também estava trabalhando na obra do Empresarial Paulo VI. Ele não estava no elevador no momento do acidente, mas perdeu uma importante parte de si com a queda do elevador. O pai dele, o carpinteiro Martino Fernandes Santos, foi uma das 9 vítimas.

“Quando ouvi o baque, corri para ver se meu pai estava no elevador”, contou, aos prantos, Washington, que foi um dos primeiros a ver os corpos. “Foi imprudência da empresa, porque este elevador já estava com problemas há vários dias; a gente avisava aos responsáveis, que não ligavam para a situação, ou passavam graxa nos cabos, como se isso fosse resolver. A gente só continuava o trabalho, porque aqui todo mundo é pai de família”, lamentou, inconformado.

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O operário José Raimundo Dias estava no elevador ao lado, junto com outros sete operários, quando ouviu os gritos e, logo em seguida, o barulho do impacto do elevador no chão. Assustados, eles desceram para conferir se havia sobreviventes. Em vão. “Na hora, sabia que não tinha condições de ter nenhum sobrevivente, o impacto foi muito forte”.


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