Moro pressionou Lava Jato a extraditar executivo da Odebrecht

A intromissão do ex-juiz suspeito, atualmente senador, foi revelada por meio da troca de mensagens irregulares de Orlando Martello

Sergio Moro
Sergio Moro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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247 - Uma série de mensagens inéditas obtidas pelo portal UOL revelam que, durante o período em que era juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, Sergio Moro (declarado suspeito pelo Superior Tribunal Federal) teria exercido pressão sobre os procuradores da Lava Jato para que solicitassem a extradição de um executivo da Odebrecht que havia sido preso na Suíça. As mensagens fazem parte do material apreendido pela Polícia Federal na operação Spoofing.

A intromissão do ex-juiz suspeito, atualmente senador pelo União Brasil, foi revelada por meio da troca de mensagens informais de Orlando Martello, um dos procuradores envolvidos na operação, com colegas e autoridades suíças. O caso envolvia Fernando Migliaccio, um dos responsáveis pelo departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht. Ele foi detido em Genebra em fevereiro de 2016 e retornou ao Brasil no final daquele ano para colaborar com a Justiça e fechar um acordo de delação premiada. 

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Em 9 de março de 2016, o procurador suíço Stefan Lenz, responsável pelas investigações da Lava Jato no país europeu, enviou uma mensagem no grupo de membros da operação no Brasil. Ele afirmou: "Temos provas (emails apreendidos) de que Marcelo [Odebrecht] está diretamente envolvido e deu ordens a Fernando [Migliaccio] para fazer pagamentos ilícitos". Menos de duas horas depois, o procurador Orlando Martello respondeu, confirmando que o pedido havia sido realizado.

No dia 17 de fevereiro de 2016, Lenz informou ao grupo sobre a prisão de Migliaccio em Genebra. Ele mencionou que Migliaccio tentou retirar seus bens e esvaziar um cofre, e ressaltou que o executivo era um dos principais envolvidos nos pagamentos realizados pela Odebrecht por meio das contas no PKB Privat Bank. Lenz expressou entusiasmo em conhecer pessoalmente Migliaccio e prometeu manter o grupo atualizado. A notícia da prisão gerou entusiasmo entre os procuradores brasileiros Roberson Pozzobon e Deltan Dallagnol.

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Ao longo da conversa, Moro, enquanto ainda era juiz, era mencionado como um fator de pressão. Em fevereiro de 2016, o procurador Orlando Martello escreveu ao suíço Stefan Lenz: "Stefan, em relação ao Fernando, o juiz quer que enviemos logo o pedido de extradição do Fernando. Isso prejudica nossa estratégia de mantê-lo na Suíça por alguns meses? Se receber o pedido, vocês autoridades suíças podem adiar a execução? Vou conversar com o juiz hoje para tentar adiar a execução, mas não parece que ele vá concordar". Duas horas depois, o procurador brasileiro informa aos suíços que havia conversado com Moro e que ele estaria de acordo com a decisão dos investigadores em cancelar a ordem de extradição, indica Chade. 

Em 17 de março de 2016, Martello retornou ao grupo no celular para explicar aos suíços por que acabou solicitando a extradição. Sua explicação foi que ele estava sendo pressionado por Moro. "Caro Stefan, acabei de falar com o Vladimir. Uma pergunta rápida. Você se lembra que eu já solicitei a extradição do Migliaccio? Eu fiz isso por causa do pedido do juiz. O Sergio Moro estava me pressionando a fazer isso". 

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