Médicos são condenados a 17 anos por tráfico de órgãos

Os mdicos Rui Noronha Sacramento, Mariano Fiore Jnior e Pedro Henrique Masjuan Torrecillas foram denunciados por retirar rgos de pacientes ainda vivos, na dcada de 80, em So Paulo



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Fernando Porfírio_247 - Foram quatro dias de julgamento. E nesta quinta-feira (20) saiu a decisão do Tribunal do Júri que condenou três médicos pelo crime de homicídio. Mariano Fiore Junior, Rui Noronha Sacramento e Pedro Henrique Masjuan Torrecillas foram foram apenados com 17 anos e seis meses de prisão. Eles são acusados de terem retirado os rins de pacientes ainda vivos para usá-los em transplantes particulares em Taubaté, no interior de São Paulo.

O julgamento começou na segunda-feira (17) e foi presidido pelo juiz Marco Antonio Montemor, da Vara do Júri de Taubaté. O magistrado concedeu aos réus o direito de apelar da sentença em liberdade. A defesa informou que vai recorrer da sentença ao Tribunal de Justiça.

O julgamento ocorreu depois de 25 anos da denúncia. A história chocou o Vale do Paraíba, interior de São Paulo, e todo o Brasil na década de 1980. Pedro Henrique Masjuan Torrecillas e Rui Noronha Sacramento são acusados de quatro homicídios dolosos contra os pacientes Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobbo e José Faria Carneiro, entre setembro e dezembro de 1986. O médico Mariano Fiore Júnior é acusado de ser partícipe dos crimes.

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Em 2004, o Tribunal de Justiça, por votação unânime, mandou a júri popular os quatro médicos. Eles são acusados pelo Ministério Público dos homicídios simples de quatro pacientes, com o objetivo de retirar rins para transplantes.

Os crimes, similares à prática de eutanásia, que não está tipificada na legislação brasileira, ocorreram entre novembro e dezembro de 1986. O inquérito policial levou quase 10 anos para ser concluído e a denúncia foi apresentada à Justiça em abril de 1996.

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Em 1999, o juiz Flávio de Oliveira César, de Taubaté, pronunciou os médicos para irem a júri popular. De lá para cá, o caso se arrasta pelos tribunais.

“Realmente, a materialidade e a autoria dos crimes atribuídos aos réus são inquestionáveis. No meu sentir, em que pese o respeitável entendimento contrário, há no processo indícios suficientes de que os embargantes agiram mesmo com dolo, no mínimo eventual”, afirmou em seu voto o relator, desembargador Ricardo Tucunduva.

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“Consta que os médicos Antonio Aurélio de Carvalho Monteiro e Mariano Fiore Júnior atestaram irregularmente o óbito dos ofendidos [vítimas], depois do que os seus colegas Pedro Henrique Masjuan Torrecillas e Rui Noronha Sacramento providenciaram a retirada dos rins das vítimas, levando-as, conseqüentemente, à morte”.

Para o relator, é difícil acreditar que os réus, médicos experientes e de renome, não tivessem conhecimento de que as vítimas ainda não apresentavam morte encefálica, o que era exigível para que fossem submetidas a uma drástica cirurgia de extirpação dos rins, que são órgãos vitais.

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“Mas, seja como for, as dúvidas referidas neste feito deverão ser resolvidas pelo Tribunal Popular, que é o foro competente para a análise da matéria”, concluiu o relator.

Os pacientes declarados mortos no Hospital Santa Isabel de Clínicas eram José Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro. Atualmente, no local funciona o Hospital Regional de Taubaté. Como hoje, na época a instituição era popular, mas atendia convênios médicos particulares.

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O fato, porém, só se tornou público no ano seguinte após revelação feita pelo médico Roosevelt Kalume, então diretor da mesma faculdade. Ele havia procurado o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) em 1987 para informar que um programa ilegal de retirada de rins de cadáveres para doação e transplantes acontecia sem o seu conhecimento e aval.

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