'Me sinto defendendo outro preso político'

Advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, defensor do manifestante Fábio Hideki, preso em SP, vê semelhanças no caso aos tempos na ditadura, quando ia aos tribunais representar os interesses de militantes perseguidos pelo regime: "A principal delas é a submissão do Poder Judiciário aos interesses do governo"; mas, segundo ele, a democracia é cheia de nuances: "Já não temos Lei de Segurança Nacional, mas se utilizam das leis de crime organizado e organização criminosa. De qualquer forma, me sinto novamente defendendo um preso político, um preso social, um preso político-social"

Advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, defensor do manifestante Fábio Hideki, preso em SP, vê semelhanças no caso aos tempos na ditadura, quando ia aos tribunais representar os interesses de militantes perseguidos pelo regime: "A principal delas é a submissão do Poder Judiciário aos interesses do governo"; mas, segundo ele, a democracia é cheia de nuances: "Já não temos Lei de Segurança Nacional, mas se utilizam das leis de crime organizado e organização criminosa. De qualquer forma, me sinto novamente defendendo um preso político, um preso social, um preso político-social"
Advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, defensor do manifestante Fábio Hideki, preso em SP, vê semelhanças no caso aos tempos na ditadura, quando ia aos tribunais representar os interesses de militantes perseguidos pelo regime: "A principal delas é a submissão do Poder Judiciário aos interesses do governo"; mas, segundo ele, a democracia é cheia de nuances: "Já não temos Lei de Segurança Nacional, mas se utilizam das leis de crime organizado e organização criminosa. De qualquer forma, me sinto novamente defendendo um preso político, um preso social, um preso político-social" (Foto: Roberta Namour)


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por Tadeu Breda, Rede Brasil Atual
São Paulo – O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh não acredita que a prisão de manifestantes em São Paulo, entre eles seu cliente, Fábio Hideki Harano, 27 anos, baste para dizer que vivemos novamente uma ditadura. Mas vê semelhanças entre os dias que correm e o tempo dos generais, quando ia aos tribunais representar os interesses de militantes perseguidos pelo regime.

“A principal delas é a submissão do Poder Judiciário aos interesses do governo”, compara, pontuando também algumas diferenças. “Naquela época, você sabia quem era quem. Hoje, há gatos pardos. A democracia é cheia de nuances. Já não temos Lei de Segurança Nacional, mas se utilizam das leis de crime organizado e organização criminosa”, cita. “De qualquer forma, me sinto novamente defendendo um preso político, um preso social, um preso político-social.”

Greenhalgh recebeu a RBA em seu escritório no centro de São Paulo na manhã de segunda-feira (4), horas antes de conhecer o resultado das perícias realizadas pelo Instituto de Criminalística (IC) e pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia Militar nos artefatos supostamente encontrados com Hideki e Rafael Marques Lusvargh, 29 anos, também preso em 23 de junho. Os testes concluíram que os objetos eram “inertes” e não tinham potencial explosivo ou inflamável.

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Advogado do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp), Greenhalgh assumiu a defesa de Fábio Hideki porque o jovem é diretor de base da entidade – e também porque já representou o jovem em processo administrativo após a última ocupação da Reitoria, em 2011. “Fábio é um ativista. E não existe problema nenhum nisso”, alerta. Além de sindicalista, Hideki trabalha como técnico de laboratório numa das unidades de saúde da universidade. E está matriculado na faculdade de Jornalismo, também na USP, onde já cursou Engenharia e Ciências Sociais.

Ao analisar os fatos e as minúcias do inquérito contra seu cliente, Greenhalgh enxerga uma “conjugação de esforços” entre Ministério Público, Judiciário, polícia e governo do estado de São Paulo para “dar uma resposta” às manifestações que tomaram a capital desde junho do ano passado. Tal “sintonia”, diz, acabou pegando Hideki e Lusvargh como “bodes expiatórios”. Para o advogado, “eles estão servindo como exemplo para que o governo dê satisfações à sociedade em ano eleitoral”.

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Greenhalgh já foi deputado federal pelo PT e presidiu a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Ao comentar a prisão preventiva de seu cliente, encarcerado há 46 dias, critica o peso que juízes paulistas conferem à palavra dos policiais. “Se um policial disse que um determinado fato ocorreu, a Justiça entende que, a princípio, ocorreu. É um erro”, avalia. “Não se pode dar mais valia ao depoimento de um policial do que à palavra de um acusado ou das testemunhas oculares.”

Leia aqui a entrevista.

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