Maconha regularmente 2

Os publicitários sabem que propaganda não se trata de vender produto, mas e sim de manipular gente. Disto também sabem os traficantes



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A questão, insisto, não é discutir se a droga deve ser liberada ou não, quando tudo é incentivo ao vício. O que realmente faz mal são a dependência e o condicionamento psicológicos. Mas, como, hoje em dia, não ser presa fácil na mão dos aliciadores? Pensemos juntos como é formada uma geração.

Evoco uma cena da novela “O Clone”, da Rede Globo, atualmente em reprise na emissora e que aborda o drama vivido pelos dependentes químicos. No último capítulo, foi veiculado comovente depoimento de Nana Caymmi falando dos problemas enfrentados com seu filho. A cantora disse que tudo na casa dela vivia trancado, pois o rapaz queria vender os objetos ou trocá-los para sustentar seu vício. Nana pediu que os usuários regulares não fossem tratados pela sociedade e pelas autoridades como criminosos, mas como doentes.

Logo na sequência ao depoimento em que Nana foi às lágrimas, comerciais de cerveja foram exibidos. Nunca esqueci tal choque. Os maiores galãs da emissora se mostravam alucinados por uma garrafa. Marcos Palmeira, em uma cena bizarra, tomava até a última gota de uma Kaiser para que o Brasil pudesse marcar um gol. Fábio Assunção e Eduardo Moscovis, parecendo bêbados ou com síndrome de abstinência, beijavam um refrigerador lotado de cervejas. Em sua “viagem”, a geladeira se transformava numa mulher; mulheres que, como Juliana Paes, são “coisificadas” quando comparadas a cascos de bebida. Alguém pode culpar um jovem exposto a isso por tratar uma moça como um objeto?

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Em resumo, a campanha antidrogas era seguida de incentivo ao vício.

A geração que cresceu submetida a contradições do gênero se mostra educada dentro da ambiguidade, sem perceber que a lavagem cerebral, entre tantas, sujou mentes hipnotizadas pela contradição. O neurofisiologista russo Ivan Pavlov, morto em 1936, descobriu o que chamava de “estimulação incoerente”. Percebeu, em testes aplicados a cachorros, que é possível mudar a personalidade e as convicções de um homem levando-o ao esgotamento por estimulação contraditória. Depois, a partir de descoberta do psicólogo austríaco Otto Poezl, publicitários fizeram testes com informações passadas por baixo do limiar da consciência. São as chamadas propagandas subliminares, que consistem em colocar frases de ordem em volume inaudível em meio a músicas ou disc ursos, sem que nada tenham a ver com o que está sendo executado. A penetração da mensagem é imperceptível e de grande impacto na mente.

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Os publicitários sabem que propaganda não se trata de vender produto, e sim de manipular gente. Disso também sabem os traficantes, que sobrevivem a partir de uma demanda que aumenta a cada dia. Por quê?

Exponho o quadro acima para que pensemos no quanto estamos vulneráveis a contradições e incoerências, sujeitos a informações subliminares. Assim, acordados como quem dorme, somos adestrados. As drogas são mais sutis do que parecem. Se quisermos pensar profundamente sobre o tema, precisamos nos concentrar, antes de tudo, naquilo que queremos consumir e no que estamos consumindo. De novo: por qual razão e para quê.

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