Lula: Dilma vencerá mesmo sem democracia na mídia
“Eu gostaria que a imprensa informasse quando o PT erra, mas acho que ela deveria fazer igual com todos. A agressividade da mídia contra Dilma foi muito maior do que foi comigo de 2003 a 2010. De qualquer forma ela vai ganhar as eleições”, afirmou; “Eu gostaria que no Brasil fosse como outros países: no New York Times, por exemplo, eles publicam no editorial que candidatos vão apoiar, mas a informação é neutra. O povo tem que saber o que aconteceu e não o que as pessoas querem que aconteça”
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Sarah Fernandes, da Rede Brasil Atual
São Bernardo do Campo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem (4) a “agressividade” da mídia contra a presidenta e candidata Dilma Rousseff (PT) e avaliou que, mesmo com a oposição da imprensa tradicional, ela está em uma posição confortável e ganhará as eleições, que ocorrem hoje (5), em primeiro turno, em todo o país.
Lula participou de caminhada com a militância do PT em São Bernardo do Campo para o encerramento da campanha de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. “Se você analisar no Manchetômetro (site do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública que acompanha cobertura midiática das eleições de 2014) e ver a quantidade de matérias negativas contra Dilma neste ano e a quantidade de notícias que favorecem outros candidatos, você terá a impressão de que a ausência de democracia na imprensa é total”, disse. “Predomina o viés ideológico do dono do jornal, e não o viés da responsabilidade social da informação.”
Na conversa com jornalistas, Lula avaliou que seu partido sofre com esse processo intensamente desde 2005, com a denúncia do mensalão. “Eu gostaria que a imprensa informasse quando o PT erra, mas acho que ela deveria fazer igual com todos. A agressividade da mídia contra Dilma foi muito maior do que foi comigo de 2003 a 2010. De qualquer forma ela vai ganhar as eleições”, continuou. “Eu gostaria que no Brasil fosse como outros países: no New York Times, por exemplo, eles publicam no editorial que candidatos vão apoiar, mas a informação é neutra. O povo tem que saber o que aconteceu e não o que as pessoas querem que aconteça.”
Lula disse estar “muito otimista” em relação às eleições e afirmou que assim que elas terminarem o PT iniciará uma campanha pela reforma política. “Estou convencido que sem ela não faremos mais nenhuma reforma nesse país. O Congresso Nacional não pode continuar funcionando com centenas de partidos políticos, que mais parecem grupos de pessoas que não têm compromisso ideológico nem programático. O resultado da eleição será muito dignificante para a construção da democracia no país”, disse.
Sobre a candidatura de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo, Lula disse que “ainda acredita” que ele pode disputar o segundo turno e que o candidato deve “andar o dia inteiro” em busca de votos. “É por isso que nós viemos para a rua hoje, para mostrar para o povo que eleição e mineração a gente só conhece o resultado depois que a gente fizer todo o trabalho. É só depois da apuração”, disse, no último de uma série de atos realizados esta semana ao lado do candidato do PT por toda a Grande São Paulo.
Ontem, os dois e Dilma estiveram juntos no centro de São Paulo, em uma caminhada. O ex-presidente também disse estar tranquilo em relação a um embate no segundo turno, seja com a candidata Marina Silva (PSB) ou com o candidato Aécio Neves (PSDB), e que não tem preferência de opositores para Dilma. “Vai depender do povo brasileiro. Se o povo achar que pode dar a vitória para Dilma no primeiro turno dará. Se achar que é necessário ouvir um pouco mais de debate e conhecer mais as propostas, com apenas dois candidatos os debates ficarão mais claros”, disse. “O povo é quem vai decidir e nós trabalhamos para ganhar. A gente tem que respeitar todos os candidatos. E a Dilma estará preparada para enfrentar qualquer um deles”, disse.
“Se tiver segundo turno será extraordinário porque será mais uma oportunidade de debate. Vocês estão lembrados em 2006, quando eu fui para o segundo turno com o Geraldo Alckmin (PSDB) e algumas pessoas achavam que ele ia me passar? Nós aumentamos 12 milhões de votos e ele perdeu 3 milhões, porque a coisa fica mais clara, dá pra fazer um debate ideológico mais claro.”
Lula atenuou o fato de Dilma não ter apresentado um plano de governo, um antigo diferencial de candidaturas do PT. A presidenta considera que o fato de estar em um mandato já representa os compromissos que terá com os eleitores caso conquiste um novo mandato, visão que coincide com a do ex-presidente. “Quem está no governo tem como grande programa o seu legado. Quem é oposição vai para o debate dizendo ‘eu acho’, ‘eu acredito’, ‘eu penso’. Quem está no governo já fez.”
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