Lula: América Latina vive momento “progressista”

Em encontro com o novo presidente peruano, ex-presidente do Brasil diz que continente contraponto com a direitizao da Europa



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Em encontro com o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a eleição do esquerdista peruano e disse que, ao contrário da Europa, a América Latina passa por uma onda progressista, pela primeira vez em cinco séculos. "Enquanto no continente europeu há uma 'direitização' do processo político-eleitoral, onde os conservadores estão ocupando os espaços, na América Latina os setores progressistas estão ocupando os espaços", disse o ex-presidente, ao considerar o êxito de Humala uma vitória de toda a União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

"Há 10 anos era só Chávez, há 8 anos era Chávez e Lula, depois Chávez e Kirchner, depois Tabaré Vázquez, depois Evo Morales, depois Correa, Daniel Ortega, Mauricio Funes e, agora, o companheiro Ollanta", listou, referindo-se aos presidentes eleitos, pela ordem, da Venezuela, Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador, Nicarágua, El Salvador e Peru. Com seu "fluente" portunhol, Lula participou de uma entrevista coletiva de 50 minutos ao lado do peruano, que ontem esteve com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília. Eles se reuniram num hotel dos Jardins, região nobre de São Paulo, numa sala onde foram colocadas uma bandeira do Peru e outra do Brazil. "Se o Ollanta chegar ao poder e for um fracasso, estamos derrotados", avaliou o ex-presidente brasileiro.

Desde que saiu da presidência, Lula não havia concedido tantas declarações aos jornalistas. Mas, para o novo governo peruano, o encontro com Lula era fundamental para a imagem de Ollanta, já que o presidente eleito é visto com desconfiança por alguns setores de seu país por sua relação com o venezuelano Hugo Chávez. Questionado pelos jornalistas peruanos se Ollanta seria o Lula peruano, o brasileiro respondeu: "Ele será o Ollanta peruano." Já o presidente eleito evitou admitir que Lula era sua inspiração política, e não Chávez. "Os governos têm seus caminhos próprios. O caminho é aprender e não copiar", rebateu.

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Lula não perdeu a oportunidade de alfinetar o governo norte-americano. Para o ex-presidente, os Estados Unidos ainda veem a América Latina como o parente pobre. "Os Estados Unidos não podem enxergar a América do Sul e a América Latina como o primo pobre, como problema. Nós somos a solução", disse.

Embora assessores do PT tenham trabalhado diretamente na campanha de Ollanta, Lula disse que torceu de longe por Ollanta e que o único contato que teve com o peruano foi em fevereiro, quando conversaram sobre as campanhas presidenciais no Brasil e a experiência aprendida com as derrotas do petista. "Ele (Ollanta) foi mais rápido e mais competente que eu", brincou Lula, referindo-se às suas derrotas antes da vitória em 2002.

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Setores econômicos

Numa tentativa de acalmar os setores econômicos do Peru, Lula lembrou que passou pela mesma experiência em 2002, ao ser eleito para o primeiro mandato. "A história se repete. Os mesmos que fazem pressão sob o Ollanta faziam pressão aqui", contou. "Acho que o tempo da dúvida do povo peruano acabou", emendou. Lula disse que a América Latina estava acostumada a ter líderes que governavam para uma minoria e que esse quadro mudou. "Quando a gente dá US$ 1 milhão para o rico, vira conta bancária e especulação. Quando a gente dá US$ 10 para o pobre, aquilo vira comida", ensinou ao presidente recém-eleito.

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No encontro com Ollanta, Lula orientou o peruano sobre como implantar um plano federal para combater a miséria. O ex-presidente recomendou que Ollanta faça um cadastro da população a ser atendida e que não tenha receio de copiar programas de sucesso implementados em outros países, incluindo a Venezuela. "Não existe fantasma de Hugo Chávez, temos de respeitar a história peruana. Se tiver alguma coisa de extraordinária na Venezuela, pode utilizar, mas o jeito de governar será o jeito peruano", rebateu.

Durante a campanha peruana, Ollanta disse que se espelharia no modelo brasileiro de desenvolvimento. Perguntado pelos jornalistas peruanos sobre como ter um governo voltado para o social sem ser populista, Lula recomendou a uma jornalista peruana que ficasse mais tempo no Brasil para conhecer seus programas sociais."Você terá um retrato fiel do que acontecerá com o Peru", sugeriu.

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No final do encontro, Lula desejou sorte ao peruano."Que o povo pobre do Peru possa tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias", afirmou. "Quanto menos pobres no Peru, mais gente ganhará dinheiro."

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