Justiça adia saída de famílias do assentamento Milton Santos

Governo federal obtém liminar que garante a permanência, por tempo indeterminado, de 66 famílias em terreno de Americana, no interior de São Paulo; nesta terça, data limite para o despejo, houve manifestação pacífica dos moradores; assentados ocuparam recentemente o Instituto Lula (foto), na capital paulista, a fim de pressionar o ex-presidente a falar com Dilma sobre o caso

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Sarah Fernandes, da Rede Brasil Atual

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região suspendeu, por tempo indeterminado, a reintegração de posse do assentamento Milton Santos, em Americana, no interior paulista, prevista para ocorrer nesta quarta-feira 30. A liminar, que garante a permanências das 66 famílias na área, foi apresentada pela Advocacia Geral da União (AGU), em nome do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).

De acordo com a Procuradoria-Regional Federal, foi anexada ao processo uma cópia do Decreto nº 77.666/76, que comprova que o terreno foi incorporado à propriedade do INSS. Ao analisar o caso, a procuradoria levou em conta que as famílias vivem no local há pelo menos seis anos e que a retirada poderia causar perdas e danos a elas.

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"Aqui se trata de terras que já se encontram destinadas a uma finalidade, com relevantes investimentos realizados no local, atos que, em meu entender, legitimamente, induziram a posse", destacou um trecho da decisão.

Na tarde desta terça-feira 29, os moradores do assentamento organizaram uma resistência pacífica ao despejo. A principal via, de acordo com lideranças, será pelo trabalho: no decorrer do dia as famílias intensificarão o cultivo de produtos agrícolas, reorganizarão os locais de produção e se manterão mobilizados.

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Além disso, militantes de organizações sociais, em especial o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), foram ao assentamento para apoiar a resistência das famílias. Eles reivindicam que a presidenta Dilma Rousseff desaproprie a área por interesse social. Há duas semanas, parte dos moradores ocupou a sede do Incra no centro de São Paulo e, na última quarta-feira (23), a sede do Instituto Lula, na zona Sul, nos quais permaneceram até quinta, quando se reuniram com o presidente do Incra, Carlos Guedes.

Na ocasião, Guedes reforçou que é contrário à desapropriação e que a presidenta Dilma já se posicionou favoravelmente à permanência das famílias. "Ganhamos muita repercussão", avalia uma das coordenadoras do assentamento, Luciana Silva.

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De acordo com Luciana, lideranças do assentamento se reuniram na semana passada com representantes da Secretaria de Segurança Pública de Americana e da Secretaria de Segurança Pública do Estado, que garantiram que não haveria violência na reintegração de posse. De acordo com o portal Brasil 247, no último sábado, durante reunião, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) garantiu ao senador Eduardo Suplicy (PT) que não dará ordens à Polícia Militar para desocupar um assentamento do MST.

As famílias do Milton Santos foram assentadas pelo Incra em 2006, de acordo com o MST. Antes disso, a área pertencia à família Abdalla, da qual faz parte o multimilionário Toninho Abdalla, e era utilizada pela Usina Ester. Devido à irregularidade no pagamento de impostos a propriedade, foi repassada para o INSS.

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A Usina Ester e a família Abdalla entraram com uma ação judicial pedindo a reintegração de posse do terreno. Em 28 de novembro de 2012, a 2ª Vara de Piracicaba da Justiça Federal determinou que a área fosse desocupada. Houve várias manifestações pela permanência das famílias no assentamento.

No dia 22 de dezembro, o senador Eduardo Suplicy, o deputado federal Paulo Teixeira (PT) e o superintendente do Incra de São Paulo, Wellington Diniz, compareceram a uma plenária no assentamento, e enviaram uma carta à presidenta Dilma, ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, ao prefeito de Americana, Diego De Nadai (PSDB), e ao governador Geraldo Alckmin.

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Na carta, eles relatam como vivem as famílias no Milton Santos: "Observamos que estas famílias produzem cerca de 40 produtos agrícolas diferentes, como verduras, legumes, frutas. Alguns criam animais. A produção serve tanto para a alimentação da comunidade, como para venda para a população que vive nas proximidades, tanto em Americana quanto em Cosmópolis". E pedem que seja "assegurada a tranquilidade das famílias para poderem desenvolver aquele assentamento".

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