Inelegível até 2030, Bolsonaro diz que será cabo eleitoral da direita: “não estou morto”

“A gente vai continuar trabalhando. Devemos fazer alguns prefeitos. Não é o fim da direita no Brasil", afirmou o ex-presidente em Belo Horizonte

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)


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247 - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado na Justiça Eleitoral a oito anos de inelegibilidade, afirmou nesta sexta-feira (30) que se prepara para atuar como “cabo eleitoral” da direita já nas eleições municipais de 2024. Durante evento em Belo Horizonte, Bolsonaro criticou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, afirmando que a Corte “condenou pela primeira vez alguém por abuso de poder político”.

“A gente vai continuar trabalhando. Devemos fazer alguns prefeitos. Não é o fim da direita no Brasil. Antes de mim ela existia, mas não tinha forma, e agora começou a ganhar materialidade”, afirmou Bolsonaro. Segundo ele, a atuação como “cabo eleitoral” será necessária porque não há candidatos na oposição com cacife político para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas próximas eleições. “Seria quase um W.O. (sigla para a palavra em inglês walk over, que em português significa ‘vitória fácil’)”.

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>>> Deputado do PL apresenta proposta para anistiar Bolsonaro, após TSE decretar sua inelegibilidade

Leia também matéria da Reuters sobre a condenação de Jair Bolsonaro:

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(Reuters) - Em um julgamento histórico marcado pela defesa do Judiciário e até da democracia brasileira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu tornar inelegível o ex-presidente Jair Bolsonaro na ação a que respondeu por ter promovido, quando presidia o país em julho passado, uma reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada para atacar o sistema eletrônico de votação.

Após quatro sessões de julgamento e nenhum pedido de vista, como chegou a ser aventado nos bastidores e desejado por Bolsonaro, o tribunal teve cinco votos a favor da condenação do ex-presidente à perda do direito de concorrer a cargo eletivo até 2030 sob a acusação de ter cometido abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Apenas dois rejeitaram o pedido apresentado pelo PDT.

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Prevaleceu o voto do relator da ação, Benedito Gonçalves, apresentado na terça-feira. Os ministros, por unanimidade, rejeitaram punir o então candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto. Após a conclusão do julgamento nesta sexta-feira, o advogado de Bolsonaro, Tarcísio Vieira, disse que vai esperar a publicação do acórdão -- resumo com as principais teses jurídicas envolvidas no julgamento -- para decidir se vai recorrer ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A defesa de Bolsonaro tinha afirmado antes do início do julgamento que iria recorrer da decisão até o STF alegando eventual cerceamento de defesa. Um dos argumentos seria o fato de não ter sido retirada a chamada "minuta do golpe" do processo. Também cabe recurso ao TSE para tentar aclarar eventuais pontos obscuros da decisão -- os chamados embargos de declaração.

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Contudo, fontes do TSE e do STF ouvidas pela Reuters avaliam que as chances de reversão da decisão sacramentada nesta sexta é baixa, mesmo que vá ocorrer mudanças na composição das duas cortes superiores.

VOTO DECISIVO - Na sessão desta sexta, coube à ministra Cármen Lúcia, atual vice-presidente do TSE e única mulher entre os julgadores, dar o voto decisivo que formou a maioria favorável à inelegibilidade do ex-presidente até 2030 sob a acusação de ter cometido abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

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A magistrada destacou que os fatos são "incontroversos", que o encontro foi convocado pelo presidente sem o envolvimento do Itamaraty -- a quem por lei cabe fazer o relacionamento do governo com representações diplomáticas -- e que ocorreu um "monólogo".

Cármen fez um desagravo ao presidente do tribunal e aos ex-presidentes da corte Luís Roberto Barroso e Edson Fachin, que foram alvos de ataques de Bolsonaro na reunião com embaixadores. Ela aproveitou para fazer uma enfática defesa do Poder Judiciário.

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"Não se pode um servidor público, em espaço público, com divulgação pública, fazer achaques contra ministros do Supremo como se não tivesse atacando o Poder Judiciário; desqualificar o Judiciário é atacar a democracia", ressaltou.

Após o voto de Cármen Lúcia, o ministro Nunes Marques deu o segundo voto para rejeitar a ação contra Bolsonaro. Ele minimizou o fato de o encontro ter ocorrido no Palácio da Alvorada, residência oficial.

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Em seu voto, Nunes Marques disse que Bolsonaro sempre fez críticas ao uso das urnas eletrônicas e que os questionamentos ao sistema ocorrem desde a época da adoção desse modelo de votação, na década de 1990. Para o magistrado, a atuação do então presidente na reunião não se voltou para desacreditar o sistema eleitoral.

Último a votar, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, disse que Bolsonaro e os demais candidatos na disputa de 2022 foram avisados sobre possíveis punições de quem buscasse divulgar notícias falsas. Destacou que o então presidente, na reunião com embaixadores, usou a estrutura pública para deslegitimar as eleições.

"Todo o mise-en-scène, a produção foi feita para que a TV Brasil divulgasse, mais do que isso, que a máquina existente de desinformação multiplicasse essa informação, que chegasse ao eleitorado", afirmou.

Para Moraes, Bolsonaro atacou o sistema após 40 anos tendo sido eleito para cargos eletivos. "Isso não é liberdade de expressão, é conduta vedada", ressaltou.

Durante o julgamento, o presidente do TSE disse que a Justiça Eleitoral se preparou para evitar a atuação do que chamou de milícias digitais nas eleições de 2018 e que quem agisse dessa forma seria punido.

"É de gravidade ímpar um presidente da República, candidato à reeleição, se utilizar desses mecanismos", afirmou.

Votaram para condenar Bolsonaro, além de Benedito, Cármen e Moraes, os ministros Floriano Marques e André Ramos. Além de Nunes Marques, o outro voto contrário foi do ministro Raul Araújo.

"FACADA NAS COSTAS" - Em fala a repórteres em Belo Horizonte, Bolsonaro disse que levou uma "facada nas costas".

“Há pouco tempo, levei uma facada na barriga. E hoje tomei uma facada nas costas com a inelegibilidade e abuso de poder político“, afirmou.

Bolsonaro disse também acreditar que foi julgado por investigações que ainda não foram concluídas -- caso dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro --, e não pela reunião com embaixadores, foco central do caso. O ex-presidente alegou que não teve participação nos protestos bolsonaristas contra os resultados das eleições.

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