Humanizar a cidade

A São Paulo de todos nós, que foi pioneira e conhecida pelos barões do café, hoje se transformou numa pauliceia desvairada, sonhos e pesadelos de muitos



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São Paulo, a maior cidade do País, festejou 458 anos da data de sua fundação e não há muita coisa para se comemorar nos dias contemporâneos.

A cidade anda abandonada e temos ambientes tristes, de total ausência da autoridade em revelar a montanha de impostos e multas de trânsito arrecadadas ao longo dos anos.

Com efeito, a passagem pelas ruas nos identifica buracos, ondulações nas quais os veículos trepidam, debaixo de viadutos e pontes um grupo tentando organizar de improviso uma mini-habitação, sujeira espalhada de todos os lados e cantos, e mais a chuva, que jamais foi combatida de frente, espalha alagamentos e enchentes, muito comuns e sempre de volta no verão.

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Por mais que as autoridades tentem nos convencer que, no ano que vem, as coisas serão diferentes, podemos acreditar que sim, mas para pior, e em razão da falta de ação planejada e de comum acordo com o Estado e a União.

Não é possível, mediante a arrecadação em alta que serviços essenciais passem ao largo de nossos governantes, conduzindo unilateral e politicamente as rédeas do jogo e colocando, por último, o interesse da sociedade.

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A falta de um planejamento urbano polemiza a ideia de revitalizar o centro e ocupá-lo, de forma adequada e ao nível merecido.

Infelizmente são promessas de campanha que nunca se concretizam, na medida em que o centro de São Paulo sempre contrasta alguma coisa nova com bastante antiga, ao contrário daquilo feito em Paris, Londres, Roma e Berlim.

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O verde cada vez mais escasseia, sendo substituído pela ganância do lucro fácil de prédios e mais edifícios, não importa a localização e a ocupação, mas sim o coeficiente entre a taxa de construção e o preço final de venda ou revenda.

Humanizar a cidade de São Paulo é tarefa hercúlea e sem precedentes, o trânsito cada dia é mais cheio de congestionamentos e os acidentes mais violentos, com as motos sem faixa, circulando a esmo por qualquer brecha, e em vias principais como 23 de maio e marginais, o que torna frágil o controle e se houver algum sinistro, horas empacados a espera do resgate ou perícia técnica.

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Noticia-se que nos cofres da Municipalidade estão mais de dez bilhões para serem aplicados no ano eleitoral e servirem de plataforma às ambições pessoais da classe política.

No entanto, o numerário poderia, desde já, ser gasto e bem inserido no contexto de se acabar com o flagelo social, as cracolândias e os prédios abandonados.

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Precisamos preservar o patrimônio artístico, cultural, mas, ao mesmo tempo, cerrar fileiras para que o crescimento desordenado não viole a sustentabilidade.

A São Paulo de todos nós, que foi pioneira e conhecida pelos barões do café, hoje se transformou numa pauliceia desvairada, sonhos e pesadelos de muitos, apesar da queda da migração interna, muitos de fora continuam aplacando ideias nas terras que progridem e fazem, das demais, ser o carro chefe e o pulmão da economia nacional.

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São mais de 12 milhões de habitantes, mas o que precisamos é de um modelo de crescimento e humanização da cidade que não siga o slogan de “São Paulo precisa parar”, mas a cidade precisa encontrar um espelho com o qual se identifique.

A maior cidade da América Latina, a qual tem os melhores serviços laboratoriais e rede hospitalar, apresenta preços salgados e um custo de vida maior que Nova Iorque, para que nenhum estrangeiro se espante.

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Começa a disputa eleitoral para a sucessão do Prefeito, e intenso será o tiroteio político, mas não se iludam, serão promessas e propagandas inócuas, cujo objetivo exclusivo será o de conquistar o voto.

Temos um custo de vida caro, uma tributação elevada, imóveis com preços altíssimos, e tudo mais em patamar internacional.

A cidade que não dorme, permanece acordada e pulsante 24 hs de sua jornada, precisa encontrar uma história capaz de reconduzir ao celeiro de valores, pesquisa e mais ciência, dotando-lhe de uma conotação humanista e, sem sombra de dúvida, um modelo transparente de gestão que corrija seus desmandos.

De nada adianta termos uma política bem aceita de cidade limpa, se os corredores estão sujos, as ruas e calçadas deixando a desejar e o centro velho carcomido pelo folclórico mundo de pedintes e drogados.

Todos somos responsáveis pelas agruras da cidade grande e nenhum Prefeito será competente para ditar regras civilizadas, se a população não cobrar, não participar e, sobretudo, se propor a modificar o cenário atual num quadro que projete luzes no horizonte e deite sulcos profundos, semeando menos contrastes, mais igualdade social e integrações de políticas públicas eficientes durante toda a gestão para que o ciclo de crescimento seja verdadeiramente incessante

Apesar de tudo, nossos aplausos para humanizar a cidade que completa mais um ano de vida com sua riqueza e expressão urbi et orbe.

Carlos Henrique Abrão é desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo

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