Governo e sindicalistas: a hora é de união

Governos parceiros e democráticos não podem ser tratados como aqueles que sempre defenderam os interesses da classe dominante



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Uma questão em especial tem me preocupado ultimamente. É a relação de incompreensão de ambos os lados entre o Executivo Federal e dirigentes sindicais de várias categorias com maior ou menor importância na luta histórica pela democracia e pela diminuição da desigualdade social neste país.

No Maranhão, é famosa a fábula do gato gordo e do gato magro. O gato magro era pobre, veio do interior, e passou por muitas dificuldades quando chegou à cidade grande, comeu o pão que o diabo amassou para conseguir um lugar ao sol e ficar gordo. Uma vez lá, ao receber os gatos magros que o procuravam para pedir ajuda, tratava-os com desdém ignorando seu próprio passado.

Governo e sindicalistas não podem se tratar como inimigos. É necessário lembrar que a classe trabalhadora e muitos sindicatos estão comprometidos com a mesma luta deste governo. Em junho de 2010, mais de 20 mil trabalhadores e trabalhadoras, coordenados pelas centrais sindicais e reunidos na Conferência Nacional da Classe Trabalhadora, definiram como bandeira principal da Plataforma de Lutas do Movimento Sindical Brasileiro, a luta por um Projeto Nacional de Desenvolvimento com Distribuição de Renda e Valorização do Trabalho, idealizado para erradicar a miséria no país.

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Suas metas estão sendo respeitadas. A confluência de interesses deste governo com os do movimento sindical é clara. Quanto mais coesa for esta união, mais resultados positivos terá o país. O momento é de união de forças que comungam de um mesmo interesse e não de trocas de farpas. Longe de mim pregar  submissão ao movimento sindical. Não defendo a experiência de 2003, no início da primeira gestão Lula - quando determinadas forças importantes do movimento sindical ficaram estáticas, na expectativa de que o governo resolvesse os problemas dos trabalhadores e trabalhadoras, sem ser pressionado.

Deve-se, sim, pressionar o Executivo para que atenda reivindicações e promova avanços significativos, comparando-se com os ocorridos no governo Lula, quando sindicalistas tinham passe livre nos corredores do poder e categorias como polícia federal e auditores fiscais, para citar apenas duas, tiveram aumentos significativos, próximos de 50%. Mas é inadmissível que um dirigente sindical  diga que quer ver o governo sangrar.

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Não podemos nos esquecer que outras forças sociais, principalmente aquelas que representam os interesses das classes dominantes, estarão pressionando governo e Congresso Nacional na defesa de seus interesses. E se só eles pressionarem, provavelmente, terão mais condições de atingir seus objetivos. Trata-se de uma batalha constante entre forças antagônicas que, em última instância, refletem a contradição básica da sociedade capitalista, entre capital e trabalho.

O movimento sindical tem razão de reivindicar quando compara o tratamento dado aos trabalhadores no governo Lula com o do governo Fernando Henrique. Querem hoje, manter o padrão dos últimos anos. Quando o presidente Lula tomou posse, estava pronto para ser votado no Congresso, por iniciativa do Executivo anterior, projeto de lei que permitia aos sindicatos negociar com os patrões condições de trabalho e reajustes salariais mesmo que as propostas apresentadas contrariassem a legislação trabalhista vigente.

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Lula imediatamente mandou retirar o projeto do Congresso. Isso fortaleceu a classe trabalhadora e dificultou o surgimento de direções pelegas. A medida deu o tom do início de seu governo neste campo. Este foi sem dúvida um dos grandes méritos de Lula: reconhecer sua classe, respeitar e defender seus interesses. Ele sempre soube de onde veio e pra onde ia. Isso é ser revolucionário.

O tratamento dado aos sindicalistas por ele era um tratamento de iguais. Nada do aumento incrível ocorrido no governo FHC de terceirizados e quarteirizados por meio de cooperativas de prestação de serviços, cujos proprietários eram dirigentes do serviço público, que ajudavam a mascarar as condições ilegais de trabalho. Nada de privatizações, a exemplo da venda do Banerj, da Vale do Rio Doce, da Siderúrgica Nacional, que não visavam em nada os interesses dos empregados e o bem do Brasil.

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Assim, imagino que o movimento sindical deve estabelecer com a presidenta Dilma uma relação, em que, por um lado, sem perder a autonomia, participe de iniciativas do governo que visem efetivamente a melhoria da qualidade de vida do povo e, por outro, pressione no sentido de que o governo atenda as reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil.

Nesta relação o respeito é primordial e deve estar sempre presente. Fiquei estarrecido outro dia ao ver um dirigente petista do DF chamar publicamente a presidenta Dilma de "mão de vaca". Isso é inaceitável. Os  sindicalistas devem parar para refletir. Certos comportamentos são inadequados. Governos parceiros e democráticos não podem ser tratados como os governos que sempre defenderam os interesses da classe dominante.

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O movimento sindical não pode se esquecer de que a relação de Dilma é mais distante que a de Lula, mas nem por isso menos efetiva em termos trabalhistas. Seu governo já sancionou duas leis de grande alcance sindical: uma exige certidão negativa de débito trabalhista de toda empresa que prestar serviços ao governo; a outra amplia o aviso prévio do trabalhador demitido, que pode chegar a até 90 dias, dependendo dos anos trabalhados.

Chico Vigilante é deputado, líder do Bloco PT/PRB

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