Freitas: Vaccari é “uma das pessoas mais honestas com quem convivi”
Presidente da CUT, Vagner Freitas, faz um longo relato sobre o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que foi preso durante as investigações da Operação Lava Jato; para o sindicalista, o dirigente petista é "um dos companheiros mais solidários e generosos", o ensinou a "nunca abandonar um companheiro" e "duro na política, pois é um homem de opinião, de posição e extremamente inteligente"
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247 - O presidente da CUT, Vagner Freitas, publicou nesta segunda-feira 8 um longo relato sobre sua relação com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que está preso acusado de receber propinas para o partido no esquema investigado pela Operação Lava Jato. O líder sindical descreve o petista como "um dos companheiros mais solidários e generosos", alguém que o ensinou a "nunca abandonar um companheiro" e "duro na política, pois é um homem de opinião, de posição e extremamente inteligente". O texto foi publicado no blog Verdades sobre Vaccari, que reúne notícias em defesa do petista e contradições em torno das acusações contra ele e de sua prisão.
Leia abaixo:
João Vaccari Neto: uma liderança que marcou minha vida
Publicado em 8 de junho de 2015
Vagner Freitas, presidente da CUT, relata, em um depoimento emocionante ao blog "A verdade sobre Vaccari", a importância desse líder sindical em sua trajetória
João Vaccari Neto é um dos companheiros mais solidários e generosos que conheci na minha vida. Vaccari é um homem de família. É um paizão, um grande marido e amigo de todas as horas. Cortou meu coração saber que ele foi avô e ainda não teve a oportunidade de conhecer o seu neto, um desejo que tem guardado há tanto tempo.
Vaccari é extremamente humano, justo e sensível. Quem não o conhece diz que tem cara de durão. É só aparência. O que não podemos negar é que ele tem personalidade e posicionamento fortes e, por isso, arrumou, ao longo da sua trajetória, muitas desavenças políticas. Ele é duro na política, pois é um homem de opinião, de posição e extremamente inteligente. Porém, nunca deixou que qualquer divergência política interferisse nas suas relações pessoais. E isso é uma das coisas que mais admiro no Vaccari. Ele nunca negou apoio político ou humano a ninguém, nem mesmo aqueles com quem teve fortes divergências política ou sindical. Vaccari não guarda rancor, ele é um ser humano justo.
Recordo-me de uma passagem em que ele me ensinou o seguinte: nunca abandone um companheiro. Era 1991. Entrei justamente nesse momento para a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo, quando formamos uma chapa para a disputa eleitoral. Um dos nossos companheiros, que tinha sido diretor do sindicato desde 1985, apoiou a chapa 2, de oposição, fazendo forte campanha contra nós. Vencemos a eleição e passado um tempo o Vaccari convidou esse mesmo companheiro para trabalhar com ele. E isso não é qualquer dirigente que faz. Somente um dirigente como Vaccari é capaz de ter atitudes como essas. E ele ainda dizia: "Vagner, nunca vire as costas para companheiros que sempre lutaram pelos trabalhadores. Quem esteve na trincheira e cumpriu tarefas, precisa ser respeitado".
Assim como são as relações verdadeiras, também briguei muito com Vaccari quando entrei para o sindicato. Eu ia nas reuniões – e na época era um jovem radical que adorava fazer intervenções ideológicas – e Vaccari era sempre curto e objetivo. Ele não tinha muita paciência para discursos longos. Um dia virei para ele e perguntei: "Por que você corta as intervenções, não é socialista como diz?". E Vaccari me respondeu: "Eu construo o socialismo diariamente. Eu não falo de socialismo, não filosofo. Eu construo o socialismo quando defendo e organizo os trabalhadores para enfrentar a burguesia. Vocês precisam parar de falar e começar a fazer. Vão para a base defender os trabalhadores". Esse é o Vaccari.
E foi com ele que aprendi também a essência do conceito de honestidade. Ele é uma das pessoas mais honestas com quem convivi. Vaccari sempre teve o padrão de vida de acordo com a sua remuneração. Nada que fugisse à regra. Assim ele agia na sua vida pessoal e sindical. Vaccari sempre teve um respeito extraordinário pelos trabalhadores e o patrimônio dos trabalhadores que representava. Ele constantemente ressaltava: "Dirigente é apenas um preposto dos trabalhadores. Você só trabalha para os trabalhadores. É neles que você deve sempre pensar, é para eles que tem de prestar contas".
Vaccari cunhou uma frase que me marcou como dirigente e foi mais uma das inúmeras lições que me deu. Lula acabava de ser eleito, em 2002, e Vaccari, nesse momento presidente do Sindicato dos Bancários, dizia: "sindicato é para 'sindicatiar'. Quem está no governo que governe e quem está no partido que toque as atividades do partido. Nós vamos 'sindicatiar'". Ou seja, ele queria nos mostrar que nossa luta deve sempre se pautar pela defesa dos trabalhadores.
E o Brasil e os trabalhadores podem ter a certeza de que Vaccari não nos envergonha. Não há culpa nem tampouco prova contra ele. Vaccari é um preso político. Ele não fazia nada além do que era a sua função como tesoureiro do PT, que é arrecadar recursos oficiais para o partido. Vaccari está preso pelas conquistas que o Partido dos Trabalhadores teve nos últimos anos. Há uma necessidade da direita de destruir o PT e cassar o seu registro, pois, querendo ou não, o PT ainda é um importante instrumento de luta na defesa dos trabalhadores.
Deixo aqui registrada a minha solidariedade ao Vaccari, à sua esposa Gigi, à filha Nayara e a toda família que está sofrendo nesse momento. Vaccari é um guerreiro. Sei que ele é forte e está preparado para passar por esse momento difícil. Ele está preso ilegalmente e não está fora da briga. A justiça será feita e João Vaccari em breve estará entre nós para exercer novamente sua liderança e ser o pai de família e amigo que sempre foi.
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