Fotos repetidas

Muitos médicos possuem bonitos nomes de famílias estrangeiras. Alemães, italianos, espanhóis, japoneses, ucranianos. Pois bem, quando o seu bisavô Giuseppe veio para cá, num navio, ele não era médico

Muitos médicos possuem bonitos nomes de famílias estrangeiras. Alemães, italianos, espanhóis, japoneses, ucranianos. Pois bem, quando o seu bisavô Giuseppe veio para cá, num navio, ele não era médico
Muitos médicos possuem bonitos nomes de famílias estrangeiras. Alemães, italianos, espanhóis, japoneses, ucranianos. Pois bem, quando o seu bisavô Giuseppe veio para cá, num navio, ele não era médico (Foto: Marcus Castro)


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Vendo essas cenas deprimentes de um bando de médicos vaiando um cubano em Fortaleza, senti muita revolta. Revolta, asco, desprezo, tudo junto. Nada justifica isso. Um cubano, filho de um país pobre, educado, vem ganhar a vida num país estranho, sem família, sem amigos, sem mesmo receber seu salário porque a ditadura dos Castro irá levar quase tudo. E é recebido assim. Não é possível.

Muitos, diria até que a maioria dos médicos (e de outras profissões com status semelhante) possuem bonitos nomes de famílias estrangeiras. Alemães, italianos, espanhóis, japoneses, ucranianos, de todo lado. Pois bem, quando o seu bisavô Giuseppe veio para cá, num navio, ele não era médico. Não era o Conde de Savoia, nem dono da Fiat. Era um puxador de carroças na Sicília. Não veio para cá um industrial de Bremen, veio o plantador de batatas de alguma aldeia no vale do Reno. Nossos antepassados, quase todos, eram pobres, miseráveis, analfabetos. Se fossem ricos ou bem de vida não teriam colocado a família para atravessar o oceano para fazer o Brasil.

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Aí, bonitão, quando nossos bisavós chegaram aqui não foram maltratados nem vaiados no porto de Santos. Alguns sofreram mais, outros menos, a maioria acabou ficando e, veja só que maravilha, seus netos, bisnetos hoje são advogados, engenheiros, químicos, MÉDICOS.

O Brasil tem que receber esse pessoal de braços abertos. Recebemos os analfabetos há tanto tempo, por que iremos deixar de receber médicos? Faz algum sentido recusar mão de obra especializada? Alguém aí já ouviu falar nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, etc. deixarem de receber algum imigrante valioso como o imigrante qualificado? Eu nunca ouvi, e seria algo tão ridículo que só aqui mesmo para se discutir algo assim. É ÓBVIO que é bom pro país receber médicos cubanos, biólogos da Bulgária, engenheiros da Coréia. Teoricamente muito mais valiosos que os nossos antepassados, agricultores amontoados num navio, pobres, doentes, com fome. E foram recebidos, contribuíram, fizeram o país.

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É absolutamente impossível deixar de fazer um paralelo da foto revoltante de Fortaleza com um discurso que, por aquelas felicidades do destino, completa amanhã 50 anos. Há meio século, Martin Luther King falou em Washington "I have a dream...". Nas fotos da época, o jovem James Meredith tentava ser o primeiro negro a entrar em uma universidade do sul do país. Os alunos da instituição, de Medicina, de Direito, de Engenharia, todos vaiavam e coagiram o sujeito que, sozinho, conseguiu peitar um estado inteiro e venceu. Vejam a foto, notem a semelhança e percebam como alguns grupos (na época e hoje) simplesmente perdem a razão para sempre em um segundo.

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