Foi Gilmar quem pediu reunião com Lula à época do "mensalão"

"Eu queria falar com Lula em função de sua doença. Eu cultivei boa relação com ele à época de sua presidência. Eu liguei várias vezes para saber do seu estado de saúde. E em uma conversa com Jobim, eu disse que quando Lula estivesse em Brasília, eu gostaria de encontrá-lo”, afirmou; dias depois, Veja publicou reportagem em que Lula era acusado de pressioná-lo para que o caso não fosse julgado antes das eleições

"Eu queria falar com Lula em função de sua doença. Eu cultivei boa relação com ele à época de sua presidência. Eu liguei várias vezes para saber do seu estado de saúde. E em uma conversa com Jobim, eu disse que quando Lula estivesse em Brasília, eu gostaria de encontrá-lo”, afirmou; dias depois, Veja publicou reportagem em que Lula era acusado de pressioná-lo para que o caso não fosse julgado antes das eleições
"Eu queria falar com Lula em função de sua doença. Eu cultivei boa relação com ele à época de sua presidência. Eu liguei várias vezes para saber do seu estado de saúde. E em uma conversa com Jobim, eu disse que quando Lula estivesse em Brasília, eu gostaria de encontrá-lo”, afirmou; dias depois, Veja publicou reportagem em que Lula era acusado de pressioná-lo para que o caso não fosse julgado antes das eleições (Foto: Leonardo Attuch)


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Do Jornal GGN - Na segunda parte da entrevista publicada nesta segunda-feira (1/12) pela Veja online, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, admitiu que pediu uma reunião com o ex-presidente Lula em meados de 2012, época de efervescência em torno do julgamento do mensalão e da CPI do Cachoeira.

Na imprensa, circulou uma versão de que Gilmar e Lula teriam se encontrado em um jantar oferecido pelo ex-ministro da Defesa Nelson Jobim, e que o petista teria oferecido proteção a Gilmar na CPI em troca do retardamento do julgamento da AP 470.

À Veja, o ministro do Supremo reafirmou o que havia dito, em maio de 2012, ao jornal Zero Hora: que o encontro se deu no escritório de Jobim. Mas esclareceu que ele mesmo solicitou a reunião. Gilmar afirmou que só contou à imprensa que Lula o havia pressionado para adiar o julgamento do mensalão após ouvir de jornalistas, em off, que o Planalto espalhara boatos sobre seu envolvimento com Cachoeira e Demóstenes Torres.

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Naquele ano, ele disse ao jornal: “Como eu venho defendendo expressamente o julgamento [do mensalão] o mais rápido possível, é capaz que alguma mente tenha pensado: ‘Vamos amedrontá-lo’. E é capaz que o próprio presidente esteja sob pressão dessas pessoas.”

A jornalista de Veja quis ouvir do ministro, novamente, se houve, por parte de Lula, pressão para que o julgamento do mensalão não acontecesse em 2012, na tentativa de evitar a politização do episódio. “Houve tentativa de achaque, à época?”, perguntou ela. “Eu interpretei que sim”, respondeu o ministro.

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“Mas na verdade, isso precisa ser contextualizado", emendou. "Eu queria falar com Lula em função de sua doença. Eu cultivei boa relação com ele à época de sua presidência. Eu liguei várias vezes para saber do seu estado de saúde. E em uma conversa com Jobim, eu disse que quando Lula estivesse em Brasília, eu gostaria de encontrá-lo”, justificou.

Gilmar Mendes ainda disse que “fizeram o diabo para impedir o julgamento do mensalão”. “Dois colegas foram retirados desse julgamento, Produziram duas vagas com esse retardo deliberado. Havia um projeto nesse sentido. Fazer o diabo é perfeito para aquele momento. Tudo que puderam, fizeram para adiar”, completou.

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Apesar disso, segundo ele, quando a Operação Lava Jato chegar ao Supremo Tribunal Federal, o cenário será outro. “Acho que o país saiu mais maduro desse processo. O problema é que não acreditaram que aquele julgamento [AP 470] iria se realizar. (...) Mas isso acabou bem, e agora vem mais um [processo, o caso Petrobras]. (...) Já fizemos o separamento dos processos [entre o que fica no STF, para quem tem foro privilegiado, e que vai para a justiça comum]. Houve aprendizado institucional”, disse.

LIBERDADE DE IMPRENSA

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Na visão de Gilmar Mendes, o Tribunal Superior Eleitoral atropelou “jurisprudências tradicionais” ao conceder direito de resposta para a campanha de Dilma Rousseff em um órgão de imprensa. Segundo ele, é consenso no STF que a imprensa escrita, por não se tratar de concessão pública, não está sujeita às leis que versam sobre direito de resposta como estão os veículos do setor de radiodifusão.

“Uma coisa é direito de resposta de um candidato contra outro. Outra, direito de resposta em relação a órgão de imprensa, principalmente da imprensa escrita, que não tem subsídios, não vem de concessão, que se instala por seus próprios méritos. Essa era a orientação tradicional do Tribunal. Espero que o Tribunal tenha a oportunidade de proceder a uma revisão de sua jurisprudência e volte ao leito antigo”, opinou.

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