'Eu sei quem foi', diz pai de radialista morto em GO
Cronista esportivo Manoel de Oliveira afirma saber quem é o mandante do crime que aconteceu ontem em Goiânia; MP designa promotor para acompanhar investigações sobre assassinato de Valério Luiz; colegas sugerem entrada da PF no caso
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247 - O cronista esportivo Manoel de Oliveira, pai do radialista e também comentarista esportivo Valério Luiz, afirmou saber quem mandou matar o filho, assassinado à luz do dia ontem no Setor Serrinha ao sair da Rádio Jornal 820 AM. Valério recebeu seis tiros de um motociclista. “Mataram meu filho, eu sei quem foi que mandou matar meu filho. Porque ele está fazendo isso comigo?”. Mané de Oliveira, como é conhecido, se desesperou ontem ao chegar à cena do crime.
Hoje pela manhã o procurador-geral de Justiça, Benedito Torres Neto, designou o promotor Paulo Pereira dos Santos para acompanhar as investigações sobre o crime. A delegada que acompanha o caso, Adriana Ribeiro, não descarta a hipótese óbvia de execução. A crônica esportiva, jornalistas e entidades civis cobram uma rápida elucidação do caso. Amigos do radialista morto defendem a entrada da Polícia Federal nas investigações.
O velório de Valério Luiz acontece neste momento no Cemitério Jardim das Palmeiras, no Setor Norte Ferroviário, em Goiânia, onde centenas de pessoas se concentram para a última despedida. O prefeito da Capital, Paulo Garcia, e o governador Marconi Perillo compareceram ao velório.
Leia a repercussão do caso na reportagem do jornal Diário da Manhã.
Crime preocupa cronistas
Wanda Oliveira
A imprensa esportiva de Goiás está perplexa e assustada com o assassinato do radialista e comentarista de rádio e TV Valério Luiz, 49, filho do apresentador Mané de Oliveira. Este é o primeiro caso de homicídio de que se tem notícia registrado no jornalismo esportivo brasileiro. Nenhum colega de profissão da vítima se arrisca a dizer sobre os possíveis motivos do crime, embora a família admita que Valério Luiz vinha sofrendo ameaças de morte.
Cronistas, jornalistas e autoridades lamentam o ocorrido e aguardam com expectativa o fim das investigações pela Delegacia de Homicídios de Goiânia. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Secção de Goiás classifica o fato como uma afronta ao estado democrático de direito. De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), três profissionais da área foram assassinados somente este ano no Brasil. O homicídio do radialista goiano ainda não tinha sido contabilizado nas estatísticas do órgão.
O presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Goiás, radialista Romes Xavier, afirma que o assassinato do colega de profissão Valério Luiz não vai calar a imprensa esportiva no Estado, embora admita que parte dos profissionais da área possa ficar temorosa a partir de agora por causa do homicídio. Romes diz que acredita no poder de atuação da polícia e espera que o motivo do crime seja esclarecido o mais rápido possível.
“Valério Luiz era um jornalista esportivo diferente, porque era polêmico em suas declarações. Ele era um grande profissional. Estou preocupado porque essa é a primeira vez que acontece a morte de um jornalista esportivo no Braisl”, diz. O diretor de Futebol da Federação Goiânia, Leonídio dos Anjos, destaca que é com pesar que a FGF recebe esta notícia. “Ele era uma pessoa trabalhadora, que sempre tentou mostrar a realidade do futebol goiano para os torcedores. Isso é lamentável.”
O radialista e advogado Alípio Nogueira, 44, foi uma das últimas pessoas que estiveram ontem com o colega de profissão Valério Luiz. Alípio é apresentador do programa Jornal de Debates, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 12 às 14 horas, na Rádio Jornal 820 AM. Ele diz ao Diário da Manhã que Valério Luiz estava tranquilo e superanimado durante o programa.
Afirma também que o colega de profissão nunca comentou com ele, dentro ou fora da emissora, sobre supostas ameaças que podia estar recebendo por causa dos comentários polêmicos que o radialista assassinado fazia no rádio e na TV. “O que aconteceu foi uma tragédia que marca a imprensa esportiva do Estado de Goiás. Nada justifica acabar com a vida de um pai de família, um profissional trabalhador.”
Alípio conta que conhece Valério Luiz desde a década de 1990, quando trabalharam juntos pela primeira vez na Rádio Difusora de Goiânia. Depois, cada um atuou em veículos de comunicação diferentes na Capital goiana. Somente em fevereiro do ano passado, eles se reencontraram na Rádio Jornal. Para Alípio, Valério Luiz era um radialista competente, que tinha uma boa leitura dos assuntos relacionados ao esporte e apaixonado por futebol.
O radialista João Alves Filho, popularmente conhecido como Malandrinho, ressalta as qualidades do ex-colega de profissão: “Valério Luiz era um profissional sincero, que não tinha medo de falar a verdade, além de ser um grande amigo.” Malandrinho recorda que trabalhou com Valério Luiz em 1985, na Rádio Difusora. Na época, eles eram repórteres. Malandrinho era setorista do Clube do Goiânia, e Valério Luiz fazia a cobertura da FGF.
O radialista Rupert Nickerson, que faz parte da equipe de esportes do Mané, tinha Valério Luiz como um grande amigo. Eles iniciaram a carreira no rádio na mesma época. “Conheço o Valério há 30 anos. Me lembro dele puxando fios no campo de futebol para as transmissões que o Mané fazia. Ele não tinha inimizades e eu o respeitava muito.”
Para o radialista Adolfo Campos, que comanda o programa de esportes na Rádio Difusora de Goiânia, o assassinato de Valério Luiz é uma ameaça para qualquer ser humano e, neste caso, principalmente para a imprensa. “É uma situação lamentável. Nem sei o que dizer.” Comentarista da Rádio 730 AM, Charles Pereira considera o crime uma perda significativa para a categoria e causa espanto, segundo ele, a maneira como aconteceu o fato. Charles diz que Valério Luiz nunca lhe confidenciou qualquer coisa sobre ameaças.
Vila Nova
O presidente do Vila Nova, Marcos Martinez, classifica como lamentável a perda do comentarista para o futebol goiano. O supervisor do clube, Iron Gonçalves, disse que toda a equipe de jogadores, funcionários e dirigentes está surpresa e assustada com o fato. “Foi um susto muito grande receber essa notícia. O Valério Luiz era amigo da gente, sempre estava aqui no clube. Ele era polêmico em suas opiniões no futebol, mas é difícil agradar todo mundo. Era uma pessoa do bem.”
Iron diz que não acompanhará o sepultamento do radialista porque o Vila Nova embarcou ontem para Chapecó, onde joga, no domingo, contra a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro da Série C. A diretoria do Goiás Esporte Clube divulgou uma nota no site se solidarizando com a família do comentarista esportivo Valério Luiz. “O clube presta suas condolências aos familiares e amigos na figura de Mané de Oliveira, pai de Valério.”
Por causa das declarações polêmicas de Valério Luiz, a equipe de esportes da Rádio Jornal AM e da PUC-TV Goiânia estão proibidas de entrar em qualquer dependência do Atlético Clube Goianiense. A determinação é da diretoria do clube e está em vigor desde 19 de junho. Procurado pelo DM, o diretor de futebol do Atlético, Ádson Batista, disse que está consternado com o crime, mas, em respeito à família do comentarista, não vai se pronunciar sobre o veto de jornalistas ao clube. A assessoria de imprensa se limitou a informar que o Atlético, como um todo, lamenta o ocorrido.
OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - Secção Goiás cobra rigor e rapidez nas apurações sobre a morte do radialista Valério Luiz. O presidente da OAB-GO, Henrique Tibúrcio, considera absurdo homicídio praticado contra qualquer ser humano, mas um atentado ainda maior contra um jornalista. Isso é uma afronta ao estado democrático de direito. “Ninguém pode ser morto por ato de opinião, mas as investigações precisam descobrir o motivo real e quem praticou o crime.”
O Brasil é o segundo país mais perigoso do mundo para jornalistas trabalharem, informou a Agência EFE, segundo a Campanha Emblema de Imprensa, publicada esta semana. De acordo com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), dados extraoficiais mostram que três jornalistas foram assassinados somente este ano no Brasil. Os profissionais trabalhavam no Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e no Maranhão. Até o início da noite de ontem, a Fenaj ainda não tinha sido informada da morte do radialista Valério Luiz. Em 2011, foram registrados três homicídios de jornalistas no País.
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