Embaixador diz à PF que estojo das joias de propina de Bolsonaro ficou exposto de 'forma ostensiva' em ministério
Embaixador Christian Vargas disse, ainda, ter entendido que a exposição dos itens de alto valor seria uma espécie de “atitude de transparência”
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247 - O embaixador Christian Vargas relatou à Polícia Federal (PF) ter visto o estojo de joias dado pela Arábia Saudita a Jair Bolsonaro (PL) - e que o ex-mandatário tentou tomar para si -, já que o item ficou exposto de “forma ostensiva” na sala da chefia do gabinete do então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque. De acordo com o jornal O Globo, Vargas disse ter entendido que a exposição dos itens de alto valor seria uma espécie de “atitude de transparência”.
Ainda segundo a reportagem, em seu depoimento à PF, o embaixador também afirmou que o conjunto - formado por um relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário da marca Chopard - seria incorporado ao patrimônio público.
Vargas, que foi diretor do Departamento de Integração Regional do Ministério das Relações Exteriores, integrou a comitiva do Ministério de Minas e Energia que viajou para a Arábia Saudita em outubro de 2021. O tenente Marcos Soeiro, ajudante de ordens do ministério, que foi flagrado pela Receita Federal transportando ilegalmente um outro conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões, também integrava a comitiva oficial.
Em seu depoimento, o diplomata destacou que, em via de regra, “esses presentes entre autoridades são simbólicos, bonitos, agradáveis e de pouco valor, pelo menos os entregues pelo Brasil”. Ainda segundo ele, outros presentes como tâmaras, perfumes, óleos, “além de duas caixas embrulhadas”, teriam sido recebidos pela comitiva brasileira, “com toda a aparência de terem sido oficiais”, e que Soeiro teria sido chamado para providenciar a “arrumação desses presentes”.
Ainda conforme a reportagem, o embaixador negou ter observado qualquer tipo de “apreensão ou preocupação” por parte de Albuquerque ou de Soeiro em decorrência da fiscalização dos agentes da Receita Federal. “O ministro, segundo Vargas, teria assinado documentos e dito que depois o Ministério tomaria ‘as medidas necessárias para a liberação dos bens e incorporação disso ao patrimônio público’. O embaixador afirmou ainda que, em algum momento, Albuquerque e Soeiro conversaram ‘algo sobre outro pacote que não tinha sido retido’. Novamente, frisou ele, os dois não demonstraram ‘qualquer receio ou nervosismo' em falar dos presentes”, ressalta o periódico.
Jair Bolsonaro (PL) deverá depor à PF sobre o escândalo das joias sauditas trazidas ilegalmente para o Brasil por membros de uma comitiva oficial na quarta-feira (5).
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