“Em Salvador convivem todos os povos, de todas as crenças, religiões e culturas”

Prefeito Joo Henrique Carneiro conta em entrevista exclusiva ao Bahia 247 sobre os desafios de estar frente de uma das cidades mais importantes do Brasil



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João Henrique Carneiro (PP), prefeito de Salvador, carrega a política no sangue. Filho do senador João Durval Carneiro, ele conseguiu o feito de se reeleger mesmo possuindo um dos maiores índices de rejeição do país. Em entrevista ao Bahia 247, o prefeito diz que seu legado para a cidade foi tratá-la de forma igualitária. Troca de partido, religião e política também são temas na conversa.

Bahia247: Um prefeito que um ano antes das últimas eleições municipais tinha uma rejeição altíssima, no ano seguinte atropela todo mundo e se reelege. Qual magia é esta que você tem?

João Henrique: Eu diria que é a leitura e o sentimento da identidade. Por onde ando na cidade, encontro muita gente que foi aluno da minha mãe no Colégio da Bahia, no Sofia Costa Pinto. Encontro muita gente que diz que do governo do meu pai (João Durval), tem as melhores lembranças. Eles dizem: eu era funcionário público. Eu era uma professora de alta estima elevada. Eu era um médico de alta estima elevada, porque me respeitavam, pagavam bem. Você vai plantando semente e vai fazendo parte desta cidade. Acho que isto tem um peso. Outro peso é você trabalhar para quem mais precisa. Para quem ver na Prefeitura o seu anteparo. As pessoas se sentiam muito órfãs, sobretudo as pessoas humildes e mais pobres de Salvador. Não é a toa que em seis anos, a gente já fez 650 praças. E o que é uma praça? É um espaço de convivência social, de interação social, é um espaço em que as pessoas que não se conheciam, passam a se conhecer. Na verdade, eu acho que tudo soma um pouco.

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Bahia247: Como é que é ser batista, em uma cidade em que o vice-prefeito é de Ogum, em que há tanto sincretismo religioso?

João Henrique: Mas a cidade é isto. Salvador é esta miscelânea e riqueza cultural. Aqui convivem todos os povos, de todas as crenças, religiões e culturas. Claro que com a predominância da cultura africana, de onde nós somos descendentes. Aqui o governador é judeu, tem uma comunidade judaica forte também. Tem a colônia galega, que é a maior colônia galega fora da Espanha. Tem as colônias de portugueses. Salvador é esta pluralidade cultural. E as pessoas adoram Salvador, foi a cidade do Brasil que mais recebeu turistas na Páscoa. Isto se chama encantamento, magia, que é feita desta pluralidade. A convivência aqui é harmônica.

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Bahia247: Como é que é Deus para você?

João Henrique: É tudo. Deus é tudo, é o início de tudo. As coisas nascem do amor e Deus é o amor. Ele rege nossas vidas e é Ele que faz o universo conspirar e as forças do bem se aglutinarem. Normalmente, os caminhos são estes: tem o caminho do bem e o do mal. Naturalmente, se você pensa o bem, se faz o bem, se não tem segunda intenção nas coisas que você faz, se faz por amor mesmo, você vai receber tudo aquilo de volta. É a lei da atração. Você recebe o que você dá. As pessoas se afinam, e eu acredito que Deus rege esta grande sinfonia que se chama universo. Eu nunca esperava ser prefeito de Salvador e acabei duas vezes prefeito de Salvador.

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Bahia247: Você tem sido eleito pelo PDT, depois PMDB e agora PP. Onde é que fica Deus nisto?

João Henrique: O meu partido é a cidade. Eu sempre procurei me posicionar pela cidade, pelos mais humildes. E como você pode ajudar os mais humildes, que é o que a bíblia ensina? Mudando cada vez de partido o que eu procurei posicionar Salvador bem no cenário nacional. Quando eu sai do PDT, o partido fazia oposição a Lula. Eu não conseguia trazer as coisas para Salvador. Não que Lula tivesse esta postura, mas é natural que dentro de um governo com vários escalões, estando em um partido que fazia oposição radical, você percebia que não tinha a mesma simpatia. O PMDB me ajudou a resolver vários problemas crônicos. Recentemente, o PMDB rompe com o governador e parte para uma postura de oposição. A cidade também não pode brigar com o governador. Por isto migramos para um partido (PP), que está hoje na base tanto do governo estadual, quanto do governo federal. Com isto a gente tem mais condição de preparar a cidade para a Copa do Mundo em 2014, porque não vamos ter obstáculos nem com o governador, nem com o governo federal.

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Bahia247: Qual o grande desafio de Salvador hoje?

João Henrique: Nós temos problemas de autoestima. O vandalismo é muito alto nas grandes cidades, e em Salvador também. A gente faz uma pracinha, um posto de saúde, uma escola, e quando a gente volta lá seis meses depois está tudo destruído. Eu fico triste, o coração fica cortado. Uma cidade pobre como esta, em que a gente faz um esforço danado para fazer uma pracinha, seis meses depois você não tem um brinquedo funcionando. A autoestima precisa melhorar na população da cidade.

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Bahia247: Dentro da questão da mobilidade urbana, por que você fez a opção declarada pelo BRT?

João Henrique: Existem realidades e a gente tem que andar com o pé no chão. O BRT (Bus Rapid Transit) ele é mais barato, mais rápido e mais aculturado a nós do que o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). Você não tem aqui técnicos para operar um VLT, mas você tem motoristas para operar um BRT. Não temos técnicos para administrar e operar um sistema que nunca existiu na cidade. Eu vou ter que trazer este pessoal de fora, vou ter que treinar mão-de-obra aqui e vou ficar, em um primeiro momento, dependente de outros centros que possam exportar esta mão-de-obra. Outra coisa é o custo, quando o objetivo é um só: pegar as pessoas daqui e colocar aqui, com conforto, ar-condicionado e sem pegar engarrafamento. Isto o BRT faz tão bem quanto o VLT.

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Bahia247: Depois que sair daqui, você vai virar blogueiro? Que história é esta?

João Henrique (resposta dada pelo assessor de comunicação Pedro Castro): É um canal de informação entre João Henrique e a população. O blog tem áudio, textos em primeira pessoa, que não precisa ser só sobre a Prefeitura de Salvador. O blog de João Henrique transcende a questão da condição de prefeito. É claro que é uma fonte de informação do prefeito, mas vai continuar quando ele deixar a Prefeitura.

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Bahia247: E no mundo político depois daqui? O que você pretende fazer?

João Henrique: Ai o universo vai dizer. O universo conspira e sempre continuará conspirando para as forças do bem. Como eu disse, a gente confia em Deus e segue os princípios bíblicos, e o resto o universo faz a parte dele. É natural, as coisas só acontecem bem quando são naturais, tudo que é forçado não é bom. As coisas têm que acontecer com naturalidade, se você fizer por obrigação não vai dar certo. O futuro, a Deus pertence.

Bahia247: Que legado você vai deixar para Salvador, para as próximas gerações?

João Henrique: O legado de administrar a cidade toda, como uma única cidade. O problema aqui é que administrava a cidade como se fossem duas cidades. Então, uma cidade tinha tudo, a outra cidade não tinha nada. Eu fui eleito nas duas eleições, fortemente, por esta segunda cidade que não tinha nada. Quando peguei meu mapa eleitoral, com o resultado das urnas, quem me elegeu pela primeira vez e pela segunda vez foi a cidade que era tida como a cidade desprezada, a cidade que sofria preconceito, para a qual os serviços públicos não chegavam. Foi esta cidade que me elegeu. E o perfeito que vier depois, vai encontrar uma cidade em que todas as pessoas são tratadas por igual. Todo o mundo é gente, todo mundo tem os mesmo direitos.

Bahia247: Qual a grande obra nestes quase oito anos de gestão?

João Henrique: Do ponto de vista físico, acho que foram as grandes áreas de entretenimento e de lazer, as nossas praças. A gente quer chegar ao oitavo ano de gestão com mil praças, já estamos com 652 praças. Mas a meta é bater até o último dia de governo, mil praças em Salvador, porque isto levanta a autoestima. Vou bater as mil praças. Pelé não fez mil gols? A gente vai fazer as mil praças.

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