Em editorial, Folha volta a cobrar fim do mensalão

Em meio a nova polêmica, sobre se a mídia oprime ou não o Supremo Tribunal Federal, o jornal da família Frias publica editorial comemorando a “data marcada” para encerrar o “maior caso de corrupção das últimas décadas”; o jornal também argumenta que as pressões, exceto de Lula, são legítimas e que cabe a cada ministro se preservar

Em editorial, Folha volta a cobrar fim do mensalão
Em editorial, Folha volta a cobrar fim do mensalão (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)


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247 – Afinal, os meios de comunicação oprimem ou não o Supremo Tribunal Federal, como indagou, ontem, o ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos? No Twitter, o deputado André Vargas (PT-PR), secretário de Comunicação do partido, foi explícito ao afirmar que os ministros do STF teriam cedido aos holofotes da mídia para marcar o início do julgamento para 1º de agosto, abrindo, assim, a possibilidade de que o processo seja concluído às vésperas das eleições municipais. Segundo André Vargas, a data atende à conveniência política de alguns atores – inclusive dos meios de comunicação.

Neste sábado, o jornal Folha de S. Paulo publicou um segundo editorial sobre a fase final do processo. O primeiro se chamava “Julgar o mensalão”, em que se cobrava uma data. O de hoje se chama “Data marcada”. Nele, o jornal da família Frias afirma que “tentativas de influenciar sua (do STF) opinião são legítimas; cabe a cada ministro resguardar sua independência”. No entanto, de acordo com o jornal, o comportamento do ex-presidente Lula ao tentar pressionar o ex-ministro Gilmar Mendes seria “inaceitável” – ainda que não se saiba qual tenha sido exatamente o teor da conversa.

Nos últimos meses, a Folha tem participado ativamente desse esforço, supostamente legítimo, de tentar influenciar o STF. Um exemplo foram as matérias questionando a independência do ministro José Antônio Dias Toffoli – para seus detratores, ele deveria se declarar impedido. Outro exemplo são os dois editoriais recentes. Leia o de hoje e ainda reportagem recente do 247, intitulada “O julgamento do STF pelos meios de comunicação”:

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Data marcada

Sete anos depois, é tempo de o STF julgar o mensalão, definir culpas individuais e permitir ao país superar o nefasto episódio

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Se não convém aos réus que contavam com o adiamento para verem prescritos os crimes de que são acusados, a definição da data de julgamento do processo relativo ao escândalo do mensalão é boa notícia para as instituições.

A partir de 1º de agosto, o Supremo Tribunal Federal decidirá sobre o maior caso de corrupção política - pelo número de acusados e pelas funções que exerciam - das últimas décadas. Revelado em junho de 2005 nesta Folha, é mais do que tempo de uma deliberação judicial que encerre o nefasto episódio.

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O cerne do escândalo é que auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizavam recursos de origem suspeita para remunerar parlamentares de sua base de apoio. Isso foi admitido à época pelo próprio presidente, que pediu desculpas à sociedade, antes que a popularidade transbordante o estimulasse a negar o que é evidente.

Compete aos ministros do Supremo atribuir responsabilidades e as respectivas penas àqueles implicados de forma irrefutável nos autos. Espera-se que o façam com toda a isenção de que juízes são capazes, sobretudo quando garantida pela vitaliciedade no cargo. Tentativas de influenciar sua opinião são legítimas; cabe a cada ministro resguardar sua independência.

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Considerar válidas tais tentativas não equivale a tornar aceitável o comportamento do ex-presidente Lula nessa questão.

Embora o real teor de sua controvertida conversa com o ministro Gilmar Mendes talvez nunca venha a ser conhecido, não faltam evidências da ansiedade com que Lula deblatera contra a condenação dos réus, numa atitude a que faltam serenidade e compostura próprias de um ex-presidente.

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O clima de rumores e altercações que antecede o julgamento reflete as dimensões do caso. É de perguntar, porém, se não terá sido estimulado pela ausência de regras estritas quanto à conduta dos ministros do STF e pela desenvoltura com que alguns deles se excedem em gestos e palavras, convidando ao abuso.

Julgar o mensalão vai dissipar esse ambiente. Supõe-se que boa parte dos acusados anseia pela definição, até para afastar a aura culposa que pesa sobre todos. Setores do Partido dos Trabalhadores mais associados aos desmandos da época deixarão de arrastar o governo Dilma Rousseff para a vizinhança de um problema que lhe é anterior e alheio.

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E as instituições terão dado mais uma vez mostra de que funcionam como estipula a Constituição, mesmo contra as conveniências de um político popular e do partido que controla o poder federal.

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