Eles continuam por cima

Empresários que sustentavam Arruda estão à frente de grandes projetos em Brasília



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O ex-governador José Roberto Arruda deixou o governo do Distrito Federal depois que a enorme corrupção em seu governo foi desvendada na chamada Operação Caixa de Pandora. A roubalheira era grande e, ao contrário do que alguns pensam, não se limitava ao que mostram as gravações feitas pelo seu secretário Durval Barbosa. Os vídeos são apenas a parte espetaculosa da corrupção que atingia praticamente todo o governo.

Não existe corrompido sem corruptor. Para que um governante, um deputado, um secretário ou qualquer funcionário público receba propina, é preciso ter quem a pague. Há um motorista que suborna o policial de trânsito e há um empreiteiro que suborna o governador. Todos que conhecem o poder em Brasília sabem que a especulação imobiliária há muitos anos se sustenta na corrupção de governantes, em diversos níveis.

Graças à corrupção é que novas áreas são abertas aos construtores, gabaritos são alterados, destinações de terrenos são mudadas. Graças à corrupção há em Brasília tantas invasões de terras públicas, tantos condomínios ilegais, tanta deturpação dos princípios do plano-piloto elaborado por Lucio Costa. E, claro, tantas obras superfaturadas.

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Nos vídeos gravados por Durval Barbosa aparecem empresários com a mão na massa. A maioria dos políticos que apareceu nas gravações foi cassada, renunciou ou não se reelegeu. De alguma maneira, esses políticos foram punidos. Os empresários, não. Continuam à frente de seus negócios e circulam pelos salões e restaurantes da Corte, festejados e como se nada tivesse acontecido.

O mais grave, porém, é que os empresários filmados e outros conhecidos, mas não tão revelados, circulam à vontade pelo governo que assumiu, há menos de um ano, na expectativa de superar aquela situação degradante para a cidade desvendada pela Caixa de Pandora. Entre eles, o empresário que andava pela cidade recolhendo dinheiro para ajudar a pagar os caros advogados contratados por Arruda, quando ainda governador, e fazia discursos exaltados em sua defesa. E o empresário que viajava para o exterior com Arruda e pagava suas despesas. Ou o que ainda paga.

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O atual governo deve romper esse esquema nefasto para Brasília e construir com o empresariado, especialmente com o da construção, um novo tipo de relacionamento. Isso passa por desistir de projetos nascidos no governo de Arruda e que o governador Agnelo Queiroz, inexplicavelmente, assumiu. Entre eles, a construção de torres de 15 a 18 andares no centro tombado de Brasília e de um centro administrativo em Taguatinga. Um terceiro projeto que deveria ter sido deixado de lado, mas já é irreversível, é o estádio com 70 mil lugares em uma cidade cujo futebol é incipiente (um time na terceira e outro na quarta divisão) e shows de grande sucesso não reúnem 20 mil pessoas. Um estádio com 40 mil assentos já estaria de bom tamanho.

Quem vai ganhar com esses projetos não é a população de Brasília. São os mesmos que ganhavam com Arruda.

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