'Educai as crianças e não precisarás punir os homens'

Numa apresentação sobre bullying, não olvidei de censurar os pais irresponsáveis que aprovam os atos inconvenientes dos seus filhos, ou que não os orientam para evitar procedimentos reprováveis



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Em razão da minha presença na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, tenho sido destinatário de vários convites para proferir palestras nos mais diversos estados brasileiros sobre questões concernentes a esse importante órgão do Poder Legislativo. Ao atender a esses honrosos chamados, cumpro o dever de prestar contas à sociedade do mandato eletivo que me fora outorgado pelos ilustres concidadãos.

As plateias, em sua grande maioria, são compostas por trabalhadores de segurança pública, gestores, representantes da indústria armamentista e entidades não governamentais que operam no combate ao crime ou em defesa dos direitos humanos. As universidades que sempre promovem esses eventos convidam, obviamente, estudantes, mestres e operadores do direito. Em 2011, também falei para representantes do governo chinês interessados em conhecer o nosso trabalho. Portanto, tenho, ao longo da minha atividade legislativa, procurado aproximar o Parlamento da sociedade com o intuito de manter um diálogo permanente, ouvindo críticas e sugestões.

Diante dessa política bem sucedida de discorrer sobre assuntos complexos, porém de grande relevância para a população, integrantes do magistério resolveram instar este deputado a falar para eles sobre segurança e as relações desse tema com o setor educacional. Confesso-lhes que fiquei surpreso, apesar da compreensão que tenho da imprescindibilidade da educação para a prevenção dos atos violentos. Foi necessário alterar as apresentações, compilar dados e mudar a linguagem para me tornar claro perante a nova plateia. Algo me dizia que o desafio poderia indicar os pontos de intersecção entre as duas áreas.

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Logo, a célebre frase de Pitágoras: "'Educai as crianças e não precisarás punir os homens' - VI A.C." veio à mente. Com essa lembrança, foi dada a largada para uma série de pesquisas e conversas capazes de propiciar as condições para efetivamente corresponder às expectativas daqueles que acreditaram em mim para essa tarefa. Decidi, então, fazer uma exposição sobre o fenômeno mundial que atinge um milhão de crianças diariamente no planeta, o bullyng. Assim, falei sobre as consequências de determinados comportamentos na formação da personalidade dos cidadãos, dos sintomas demonstrados pelas vítimas, e como agir diante da situação. Foi impactante para muitos constatar que atitudes que presenciam no dia a dia dos estabelecimentos de ensino têm tanta repercussão para a vida em sociedade e tamanha influência para o aumento da violência no país.

Não olvidei de censurar os pais irresponsáveis que aprovam os atos inconvenientes dos seus filhos, ou que não os orientam para evitar procedimentos reprováveis no convívio com os seus colegas. Disse-lhes da importância de exigir, dos gestores públicos, a realização de cursos de capacitação para melhor lidarem com essa problemática. Foi tudo muito novo e muito velho ao mesmo tempo. É como se tivéssemos a solução e fôssemos impotentes.

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Em determinado instante, fiz alusão ao jovem que desferiu tiros contra vários estudantes em umaescola em Realengo no Rio de Janeiro. Aquela chacina, que todos acompanharam a repercussão através dos veículos de comunicação, teve como ponto de partida, indubitavelmente, a forma de convívio entre o autor e os seus contemporâneos ainda no período em que estudavam naquele conceituado colégio. Os relatos apresentados por professores e ex-alunos da época demonstram, nitidamente, que a prática do bullyng influenciou o cometimento do crime anos após. Nesse momento, os presentes franziram os cenhos como se me indagassem: “isso pode acontecer na escola em que eu trabalho?” E a resposta foi a seguinte: pode acontecer em qualquer lugar em que a prática do bullyng foi consentida.

Em seguida, referi-me ao CYBERBULLYING OU BULLYING VIRTUAL, que diz respeito aos atos praticados na era da tecnologia através das redes sociais, do e-mail e de outras ferramentas da internet. Observei que o potencial desses métodos é mais intenso em função da velocidade com que as informações e imagens maldosas se disseminam. Contei que há grande dificuldade para desvendar a autoria em razão do anonimato.

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Os resultados foram extraordinários. As pessoas ficaram satisfeitas e superinteressadas pelo tema. Estou convencido de que o governo não faz absolutamente nada no setor de educação para aperfeiçoar os métodos de formação de cidadãos verdadeiramente conscientes. Como se não bastasse à falta de valorização profissional, a ausência de condições dignas de trabalho constata-se, também, uma cegueira governamental que implica em distorções na construção de uma sociedade harmônica. A frase de Pitágoras é um recado para o Brasil: "'Educai as crianças e não precisarás punir os homens'”.

 

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Mendonça Prado é advogado, deputado federal por Sergipe e vice-presidente nacional do Democratas

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