Educação sem ensino

O que falta é uma supervisão maior e também a presença do Estado para que a educação seja universalizada e o custo reduzido proporcionalmente



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O febril ambiente estudantil que marcou a última década trouxe, como consequência, dúvida em torno da qualidade do ensino, sua monetarização e, especialmente, a claudicante mão-de-obra, essencial para a infraestrutura do Brasil.

É indesmentível reconhecer que, em matéria educacional, advieram muitas transformações, as quais não corresponderam às expectativas, e as tutelas do Estado de querer permitir que as classes inferiores economicamente tivessem acesso ao ensino superior.

O número de faculdades em funcionamento, independentemente do seu ramo, causa espécie, notadamente na área jurídica, não resistindo a uma parcela mínima de 10% aquelas que representam bom número de corpo docente e efetivo aprendizado pelos alunos.

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Conquanto fosse a intenção do governo democratizar o ambiente universitário, fato é que vivenciamos, nos últimos anos, um processo sem volta, no qual a iniciativa privada, a pretexto de cativar o aluno, veio sendo paulatinamente alvo de grandes interesses econômicos, locais e internacionais.

Com efeito, os grandes fundos abocanharam faculdades e universidades e, praticamente cinco deles, os maiores, ritmizam suas políticas, as quais, por certo, proporcionam educação, mas não emblematicamente ensino.

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O que falta é uma supervisão maior e também a presença do Estado para que a Educação seja universalizada e o custo reduzido proporcionalmente, na medida das necessidades dos alunos e da extensão territorial do País.

Uma infinidade de cursos, inclusive à distância, sobreveio a partir da propagação da internet, porém os resultados não são auspiciosos, bastando verificar o número de aprovados nos exames seletivos da OAB e também daqueles provenientes do ensino médio.

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Falta uma política de planejamento e, mais do que isso, um comprometimento para que tenhamos ensino de qualidade e educação correspondente, a partir da leitura gradual de livros, de professores e de avaliações de cursos.

Ao contrário, as próprias universidades estaduais remuneram de maneira insuficiente os professores, não seguindo a política daquelas federais, enquanto que as particulares reduzem a remuneração e pulverizam as expectativas, salvo raras exceções, da maioria de seus professores.

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Este verdadeiro sucateamento do ensino trará consequências sérias para o País e suas gerações, não apenas pela falta de mão-de-obra qualificada, mas também pelo sentimento inflacionário de muitas atividades, as quais passaram a ser vistas em segundo plano diante de novas ambições.

Hoje em dia, com muita dificuldade, torna-se possível conseguir os serviços de uma emprega doméstica e até mesmo de diarista, fenômeno esse comum nos EUA e Europa décadas atrás.

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Soma-se à dificuldade o preço cobrado, o que tornará mecanizada e robotizada toda a tarefa doméstica, não apenas pela falta de mão-de-obra, mas pela redução dos espaços dos atuais apartamentos construídos.

Bem digerida essa nova realidade, pretendendo o Brasil ingressar no Primeiro Mundo, cuja economia mostra sinais de fortalecimento, teremos, seguramente, espalhados pelos quatro cantos do País, uma educação em progressão geométrica, porém, em relação ao ensino, a meta aritmética não será alcançada.

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Milhões de brasileiros que não economizarão recursos financeiros para as respectivas formações, em breve, terão muitas dificuldades de colocação no mercado de trabalho, principalmente em virtude do número de profissionais e do crescimento em menor ritmo da economia mundial.

Esse filme já conhecemos, muitos profissionais universitários, a exemplo do exterior, terão que se contentar com aquelas profissões menos nobres para as respectivas sobrevivências, colocando em xeque a própria formação e o resultado prático proveniente.

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Não se afigura surrealista que o governo e a iniciativa privada, juntos, mapeassem as necessidades do mercado para que fossem fornecidos cursos, notadamente universitários, e caracteristicamente técnicos, em número adequado à lei da oferta e da procura para que, assim, no porvir, houvesse menor desemprego, maior motivação e, fundamentalmente, o ensino fosse a meta principal da diretriz governamental.

Carlos Henrique Abrão é desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo

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