Educação como instrumento de transformação de vidas!
A educação é a porta de entrada para os sonhos, os projetos, as expectativas, mas é também a porta de saída do medo, da ganância, da corrupção
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A educação ainda é a arma mais potente contra a miséria, a fome, a violência, a mudança de realidade. Nenhum outro instrumento é tão forte ou capaz de operar significativa transformação na vida do ser humano. Em recente reportagem exibida no programa Fantástico pelo competente jornalista Marcelo Canelas, assisti encantado um exemplo de amor ao próximo, de comprometimento com um ideal a partir de uma idéia, a partir de um pilar de moral. A força do amor de um professor ao saber, embalado pelos ensinamentos dos pais semianalfabetos. O pai defende à escravidão a uma idéia. A mãe à tabuada, de cor, para não tropeçar na matemática da vida. O professor ouviu, guardou e colocou em prática.
Filho de pais analfabetos funcionais, que deixaram Minas Gerais rumo ao Distrito Federal em busca de melhores condições de vida, o professor Jordenes Silva dá um exemplo de coragem em prol de uma causa, uma demonstração de que quando se quer e luta, a superação acontece.
O professor Jordenes transformou a realidade de uma escola de Arapuanga, um bairro de Planaltina considerado um dos mais violentos do DF. A realidade da comunidade escolar até o aspecto físico do centro de ensino foi transformado a partir do ideal e do olhar romântico, porém realista do professor. A escola hoje é referência de ensino e alcançou as melhores notas de escola pública do País, uma meta estipulada pra 2014 pelo Ministério da Educação (MEC).
O que mais me chama a atenção na história deste rapaz é a garra, o amor demonstrado ao saber, independentemente das ameaças que sofreu contra sua própria integridade física quando assumiu o cargo de diretor do colégio. A ousadia desse professor foi muito maior que o medo. Ele relata que tão logo assumiu o cargo, chamou a polícia para a bandidagem instalada dentro da escola. Em um só dia, 75 pessoas foram detidas pela Polícia Militar, bandidos foragidos ou com mandadsimo de prisão que usavam o espaço físico educacional à pratica do ilícito, que recrutavam os estudantes para o crime.
E o professor cheio de orgulho revela a origem de sua integridade: ensinamentos dos pais. Humilde e de pouco estudo, o pai foi o melhor professor e o ensinou a principal lição: "Feliz o homem que é escravo de uma ideia". E a ideia que encontrou repouso na mente do professor foi o amor pela liberdade de escolha das pessoas, uma liberdade que só é permitida por meio do saber, do saber ser, do saber fazer.
O exemplo do professor Jordenes não é para ser admirado apenas, é para ser imitado como uma cópia xerox. A educação é a porta de entrada para os sonhos, os projetos, as expectativas, mas é também a porta de saída do medo, da ganância, da corrupção, da violência, da criminalidade, da miséria. A educação é o altar onde se deve colocar ofertas de manjares a um mundo sem corrupção, pessoas civilizadas, cidadãos criativos, civilizações praticando amor à humanidade.
Cada pessoa, em seu universo particular, dentro do seu lar, do seu círculo de amigo pode contribuir para uma transformação. O caminho é se vestir de esperança em dias melhores, sem deixar de acreditar que o homem pode fazer sem perder de vez o comprometimento com a ética, com o próximo. Só o homem é capaz de fazer, de desenvolver, de transformar por meio de uma idéia. E a relação familiar, o pilar moral de sustentação construído pelos pais é o manual, talvez o único capaz de sustentar uma idéia transformadora por toda uma vida. Foi assim com o professor Jordenes, que aprendeu com o pai dele; é assim com o José, o Joaquim, a Maria, a Lurdinha, o Zé, a Ana, a Teresa, comigo e com meus filhos, com o do meu vizinho, com o ser humano!
Mas não precisa ser professor para fazer, o advogado, o jornalistas, o engenheiro, o médico, o sociólogo, o padeiro, o carpinteiro, o pedreiro, o vigilante, o carroceiro - o grande professor do professor Jordens. Basta para isso um instrumento: ser escravo de idéias recheadas de ideais. Mas é preciso também coragem.
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