Ditadura militar criou rede de espionagem
Objetivo era monitorar segredos militares e estratégicos dos países vizinhos da América Latina, deixando de fora EUA e Canadá. A informação consta em arquivos secretos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Os documentos revelam ainda que o ex-presidente Ernesto Geisel quis construir uma arma atômica, diante da possibilidade de argentinos também o fazerem
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247 – O Brasil, que hoje acusa os EUA de invasão de privacidade pela prática de grampos telefônicos e de e-mails, manteve durante a ditadura militar uma rede oficial de recolhimento de dados sigilosos para monitorar segredos militares e estratégicos dos países vizinhos da América Latina. A informação consta em arquivos secretos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), obtidos pelo Estadão.
Em uma reunião do órgão, ocorrida em agosto de 1978, foi criado o "Plano de Informações Estratégicas Militares", que descreve o esquema de espionagem organizado pelo Brasil.
O plano deixava apenas EUA e Canadá de fora. Cinco órgãos de busca participavam dessa coleta de informações estratégicas. Quatro deles eram vinculados às Forças Armadas e o quinto era o Itamaraty, a quem cabia a tarefa mais ampla na captação de dados.
Os documentos revelam ainda que o ex-presidente Ernesto Geisel admitiu a possibilidade de o Brasil construir sua arma atômica dentro de sua política nuclear. Em exposição feita ao Alto Comando das Forças Armadas, em 10 de junho de 1974, Geisel reconhece a preocupação do governo e dos militares em relação ao fato de a Índia ter detonado uma bomba atômica e à possibilidade de os vizinhos argentinos também o fazerem.
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