Dirceu prepara nova cartada contra a AP 470

Ex-ministro diz que pedirá ao Supremo Tribunal Federal revisão criminal do processo do 'mensalão', pelo qual foi condenado a dez anos e dez meses de prisão; "A revisão criminal pode anular o processo", diz ele; para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, os recursos apresentados pelos réus não mudam o resultado do julgamento, que será efetivamente concluído, na sua visão, nos próximos dias, com a publicação do acórdão

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247 – Uma nova estratégia deve ser adotada pelos réus condenados na Ação Penal 470, além dos recursos que serão apresentados no Supremo Tribunal Federal (STF): a revisão criminal. O ex-ministro José Dirceu, por exemplo, condenado a dez anos e dez meses de prisão no julgamento do 'mensalão', afirmou que sua defesa entrará com o pedido assim que o processo estiver concluído. "A revisão criminal pode anular o processo", disse ele, ao jornal Valor Econômico.

A estratégia está prevista no artigo 621 do Código de Processo Penal e pode ser utilizada depois do trânsito em julgado de uma condenação criminal, ou seja, depois que for publicado o acórdão do julgamento – o que, no caso da AP 470, deve acontecer nos próximos dias, uma vez que todos os ministros do Supremo já entregaram a revisão de seus votos. A revisão criminal é um processo autônomo, diferente dos dois tipos de embargos a que a corte pode receber: embargos de declaração ou embargos infringentes.

No caso da revisão criminal, ela é permitida quando "a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos", quando "se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos" e quando, após a sentença, "se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena", explica a reportagem.

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Um dos argumentos de Dirceu para entrar com o recurso é o de que não houve dinheiro público envolvido no caso do 'mensalão'. Ele explica: os recursos tiveram origem em empréstimos feitos pelas empresas do publicitário Marcos Valério no Banco Rural que foram repassados ao PT - e não em desvios de dinheiro da Câmara dos Deputados e do Banco do Brasil. O petista alega ainda que o Supremo cometeu um erro gravíssimo ao considerar que os recursos da Visanet eram públicos, quando, na verdade, eram privados.

A entrevista concedida à Folha de S.Paulo nesta quarta-feira, pela qual Dirceu faz acusações contra o ministro Luiz Fux, que teria prometido sua absolvição no julgamento em troca de uma vaga na corte, é apenas uma parte do que sabe o ex-ministro do governo Lula. Até um livro sobre o 'mensalão' poderá sair em meio a sua batalha contra a condenação. "Se a indesejada [a morte] não vier me visitar, como diz o Paulo Coelho, eu vou lutar até o meu último suspiro", disse ele.

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Para Gurgel, recursos não mudam nada

Apesar das tentativas dos réus em reverter as penas que receberam na Ação Penal 470, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, insiste no fato de que esses pedidos não devem mudar em nada o que já foi decidido pelo Supremo. Na avaliação de Gurgel, os réus não terão direito de apresentar embargos infringentes – quando o réu condenado teve ao menos quatro votos a seu favor – porque dois ministros que participaram do julgamento já se aposentaram.

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Quanto aos embargos de declaração, que são apresentados quando há de se esclarecer pontos obscuros no processo, ele afirma que não mudará as condenações. Ou seja, mesmo que o STF concordasse com os argumentos de um réu condenado, a situação não mudaria para ele, segundo o procurador. "O que eu tenho sustentado e o fiz, inclusive, naquele pedido de execução imediata dos mandados de prisão, é que os embargos de declaração não se prestam à modificação do julgado. Eu devo manter essa linha de coerência", disse ele, nessa semana.

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