Dilma joga duro e abre guerra com sindicatos

Depois dos bancos e dos Correios, governo pode enfrentar uma paralisao bem mais perigosa: a dos petroleiros



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247 – Antônio Carlos Spis, ex-presidente da Federação Única dos Petroleiros, é um herói do PT. Em 1995, ele liderou a greve de 32 dias dos petroleiros, no governo FHC, e resistiu a pressões, como o corte de ponto e a ameaça de prisão. Quando Lula se elegeu presidente, em 2002, Spis poderia ter escolhido o cargo que quisesse na administração federal e demonstrou desprendimento. Disse apenas que pretendia cuidar dos filhos, que havia adotado. Em oito anos de governo Lula, houve poucas greves, especialmente porque houve uma política de valorização do funcionalismo público. Agora, na era Dilma, a situação é bem distinta e a relação entre governo e sindicatos tende a ser bem mais delicada. Nas duas primeiras grandes paralisações, dos Correios e dos bancários, o governo determinou o corte de ponto dos grevistas e irritou sensivelmente os sindicalistas.

Com essa política linha-dura, o objetivo da administração Dilma é desencorajar outras paralisações, em categorias importantes, como os petroleiros, que, nesta semana, negociam diretamente com o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho. O fato é que, Dilma, enfrenta uma conjuntura menos favorável. O Brasil vive uma situação de quase pleno-emprego e a inflação acumulada em doze meses já supera 7,5%. Portanto, há sim uma corrosão do poder de compra dos trabalhadores e, na relação de força entre patrões e empregados, a vantagem dos primeiros já não é tão grande.

Com seu estilo durão, Dilma tem desagradado as centrais sindicais. Paulinho, da Força, diz que a presidente age como Anderson Silva, o atleta do vale-tudo no ringue. “Queremos demovê-la desse estilo UFC”, diz ele. Não por acaso, Paulinho começou a sinalizar que poderia apoiar um candidato do PSDB nas eleições para a prefeitura de São Paulo.

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Lucros e salários

A greve dos bancários já dura praticamente duas semanas. Começou no dia 27 de setembro. Nos últimos anos, os bancos apresentaram resultados fabulosos. O Santander, por exemplo, extrai do Brasil 25% do seu resultado global e os funcionários têm se queixado de condições degradantes de trabalho. Tanto os banqueiros como a equipe do Ministério da Fazenda, que teme a inflação, resistem a conceder reajustes acima de 5%. A greve dos Correios, por sua vez, já dura quase um mês. "O quadro hoje é diferente de 2007, quando aumentamos os salários de muitas categorias", diz o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

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O argumento do governo é a crise internacional. Mas a ótica do trabalhador é outra. Quando vai ao supermercado, percebe que seu poder de compra diminui. E quando, no bairro, percebe que praticamente não há mais desemprego, enxerga um bom espaço para reivindicar o que considera justo. "Estamos num momento bom para greves. Há resultados muito positivos na economia", diz Artur Henrique, presidente da CUT.

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