Desabafo da mãe de Davi: “Não tenha arma em casa”

Em entrevista ao programa Mais Voc, da TV Globo, Elenice Mota, me do garoto que disparou contra a professora e se matou tragicamente dentro da escola, faz um alerta em favor do desarmamento. Seu filho, descrito por ela como um garoto doce e gentil, tinha apenas 10 anos



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247 – Uma semana depois da tragédia que ocorreu na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, onde Davi Mota Nogueira, de 10 anos, atirou na professora e depois em si próprio, o programa Mais Você, da Rede Globo, recebeu os pais do menino para uma longa conversa com a apresentadora Ana Maria Braga. Emocionados, os pais de Davi, Elenice Silva e Milton Nogueira, descreveram a criança como um garoto doce, companheiro, religioso e que gostava muito de ajudar os outros. “Ele não era só o meu Davi ou o Davi do meu marido, ele era o Davi de todo mundo”, disse Elenice. Sem respostas para explicar a tragédia, a mãe fez questão de dar um recado importante: “Se não precisarem ter arma em casa, não tenham. Porque se isso aconteceu na nossa família, imaginem em uma família que não está preparada”.

A família que mora na região do ABC Paulista deixou claro que, na tarde da quinta-feira, 22, absolutamente nada levava a desconfiar de Davi. O menino pegou, no guarda-roupas, a arma do pai, que trabalha há 14 anos como Guarda Civil Municipal e usava-a como instrumento de trabalho, e foi para a escola. Milton conta que logo após deixar Davi na escola, por volta de 13h, sentiu falta da arma e ligou para a esposa. Ao se certificar de que ela não havia mexido no objeto, voltou à escola para questionar os filhos. Os dois negaram. “Jamais eu desconfiaria dos meus filhos porque eles nunca mentiram pra mim”, justificou o pai.

Sem respostas, Elenice contou que tomava todas as medidas de uma mãe atenciosa. Questionava as professoras, uma a uma, sobre o comportamento de seus filhos e olhava a mochila dos dois, inclusive do mais velho, de 16 anos, depois que chegavam da escola. Mas por fim, concluiu: “A gente não tem uma explicação do que aconteceu”. Até um desenho de Davi, feito para uma lição de casa, não deixou motivos para que os pais desconfiassem. O garoto havia desenhado ele mesmo, em 2017, com 16 anos, dentro da sala de aula, em uma lado da folha, e à frente da escola, do outro. Ao contrário do que havia sido divulgado, o menino não desenhou qualquer arma. Para o mesmo exercício escolar, Davi deixou uma carta, em que desejava que, dali sete anos, gostaria de ter aprendido mais coisas do que sabia atualmente e que o mundo também tivesse mais coisas que hoje não tem.

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O acontecimento chocou não só a família religiosa de São Caetano, mas todo o Brasil. Principalmente pelo fato de o comportamento do garoto não dar indicações de que ele faria algo similar. “Isso pra gente é uma fatalidade, foi o que Deus quis pra nós”, concluiu o pai, em um momento da entrevista. Na noite de ontem, foi divulgada uma carta escrita pela professora Rosileide Queiros de Oliveira, de 38 anos, baleada no quadril, mas passa bem. Na mensagem, Rosileide agradece ao atendimento que teve da equipe do Águia, da Polícia Militar, do Hospital das Clínicas, em São Paulo, e aos alunos do Alcina pelo carinho e dedicação.

Leia abaixo notícia do Brasil 247 publicada na quinta-feira, 22:

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“Mamãe te ama muito”

247 – O menino David Mota Nogueira, de 10 anos, tinha nada menos que 73 amigos na rede social Orkut. Sua página contém 36 fotografias dele mesmo (9) e com seus amiguinhos. Nos próprios retratos, David, invariavelmente, aparece sorrindo, ora de bonezinho, ora abraçado a um ursinho. Típicos traços infantis, iguais a milhões de outros de meninos da sua idade. Mais: David era bom aluno, com notas altas na escola municipal Professora Alcina Dantas Feijão, em São Caetano. Detalhe: a instituição de ensino, inserida na cidade de maior IDH do Brasil em 2000, obteve a nota mais alta, entre as públicas, no Enem de 2010.

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“Oi, primo, você está muito bonito”, registrou, em mensagem de 22 de junho deste ano, sua prima Andreia. Esta é a última mensagem postada na página, mas todas as outras, sem exceção, são igualmente carinhosas. “Ó, meu lindo, já te add”, escreveu a mãe do pequeno sorridente, d. Elenice Mota, em setembro do ano passado. Ela fez questão de complementar: “Mamãe te ama muito”.

Os elogios ao pequeno David se multiplicam em sua página. “Oi, meu amor, que saudades de você”, perguntou o amigo Lucas, que, aparentemente, tem mais de 20 anos. Explica-se: David frequentava, com os pais, uma igreja próxima à sua casa e, assim, convivia com jovens adultos também.

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O pai de David, Nilton Evangelista Nogueira, é guarda municipal em São Caetano. Ele mantinha em casa um revólver 38, de sua propriedade (e não do Estado), que estava legalmente registrada. Foi com essa arma que, na quinta-feira 22, à tarde, David dirigiu-se para a escola Professora Alcina Dantas Feijão, onde cursava o 4º ano do ensino fundamental. Na aula da professora Rosileide Queiros de Oliveira – profissional querida por todos na comunidade escolar, com ficha sem máculas --, o pequeno David começou a criar um fato absolutamente anormal – mesmo para as sociedades acostumadas com a banalização da violência, a exemplo da brasileira. O bom aluno sacou do revólver 38 que levara escondido, atirou contra a professora e, já fora da sala de aula, disparou contra a sua própria cabeça. O resultado foi trágico: ele perdeu a vida no hospital Albert Sabin, após duas paradas cardíacas, e a professora está convalescendo já sem risco de morte.

As explicações devem existir, mas, à primeira vista, são muito difíceis de encontrar. Segundo reportagem do jornal Diário do Grande ABC, David ‘puxava’ de uma perna, o que o levava a mancar. Com isso, de acordo com aquela apuração, ele sofria bullyng. Uma informação complementar, veiculada pelo programa de tevê Brasil Urgente, da Rede Record, chocou ainda mais: segundo o pai de um de seus coleguinhas de turma, David premeditara o disparo contra a professora, o que teria sido confessado por ele na véspera da tragédia. No quebra-cabeças que começa a ser montado para ajudar na compreensão desse caso, essas versão ajudam, mas ainda são pequenas para que a sociedade entenda, afinal, por que isso aconteceu?

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