Del Nero dá as cartas no jogo das cidades-sede

Detenção pela PF do vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paulista de Futebol tem inúmeros efeitos colaterais no mundo do futebol: um deles é a entrada em baixa de Felipão como candidato a técnico da Seleção

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247 – Talvez o principal favorito até agora para ocupar o lugar de Mano Menezes no comando da seleção brasileira de futebol, o técnico Felipão foi alvejado diretamente pela detenção cinematográfica do vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, na manhã desta segunda-feira 26, em São Paulo. A notícia foi publicada com exclusividade por 247.

A chamada queda nas ações de Felipão é apenas um dos efeitos colaterais esportivos que a investigação sobre Del Polo, que já vinha se desenrolando há mais de um ano dentro da PF, inclusive com diligências e apreensões anteriores de documentos, já proporciona.

Uma repercussão ainda mais forte pode se dar diretamente nos assuntos que envolvem a organização da Copa do Mundo no Brasil. Eleito por unanimidade, em março deste não, para o Comitê Executivo da Fifa, Polo Del Nero é o homem que dá as cartas no pesado jogo de interesses que envolve as cidades-sede e toda a logística à volta de cada uma delas, a começar pela construção dos grandes estádios. Agora, ele próprio entra em forte baixa, especialmente com o ministro dos Esportes, Aldo Rabelo, pouco dado a meias palavras em bolas divididas.

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O vice da CBF que agora fala à PF como suspeito de corrupção e tráfico de influência é ninguém menos o homem que herdou do ex-presidente Ricardo Teixeira o controle sobre a milionária fábrica de fazer dinheiro que é a entidade máxima do futebol brasileiro. À volta da seleção, seus craques e seu prestígio, a CBF garante dezenas de contratos de longo prazo com algumas das maiores companhias do planeta, como a Nike e a Guaraná Antarctica, todos e cada um deles monitorados com lupa por Texiera, antes, e Marco Polo Del Nero, agora. O atual presidente, José Maria Marin, assumiu, de fato, com sua experiência de ex-governador, o poder político na entidade, mas atua em condomínio com o ex-presidente do Palmeiras, o verdadeiro chefe da máquina da entidade.

Pelo quilate, a investigação da PF deverá incomodar permanentemente, pelos próximos meses, a Del Nero. Neste momento, enquanto depõe na Superintendência do orgão em São Paulo, ele já corre o risco de continuar detido. Será um caminho natural para a polícia derivar para apurações mais amiúde sobre os negócios da própria CBF. As ramificações de Del Nero são, até aqui, incontáveis.

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Abaixo, reportagem do jornal Folha de S. Paulo publicada em 15 de abril:

Marco Polo Del Nero, novo membro da Fifa e mais influente cartola junto à presidência da CBF, tem um escritório de advocacia que defende uma empresa em ação judicial na disputa pelo controle de estádio da Copa.

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O dirigente foi nomeado no final de março para o Comitê-Executivo da Fifa.

Na ocasião, a entidade determinou que todos os membros fariam parte de seu grupo para "tomar decisões", "monitorar" e "organizar" o Mundial no Brasil.

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Ou seja, ele participa de fórum que decide sobre aspectos dos estádios da Copa.

Um mês antes da nomeação do dirigente à Fifa, seu filho, Marco Polo Del Nero Filho, e Paulo Sérgio Feuz, ambos advogados de seu escritório, pediram medida cautelar para o grupo BWA contra a Galvão Engenharia em disputa pela Arena Castelão, sede do Mundial em Fortaleza, no Ceará.

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Questionavam a exclusão da empresa do consórcio para gerir o estádio.

A relação de Marco Polo com a BWA vai além da ação do Castelão. A empresa diz usar os serviços do escritório do dirigente desde 1998.

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Se Marco Polo, o advogado, tem a BWA como sua cliente. Marco Polo, o cartola, contratou a empresa para prestar serviços para a FPF (Federação Paulista de Futebol), entidade que preside.

Foi a BWA a escolhida desde 2007 para fazer o cadastramento das torcidas organizadas no Estado de São Paulo.

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Após uma interrupção no serviço, a federação fez contrato mais recente, no mês passado, com a empresa, por R$ 14 mil/mês.

Outro diretor da entidade, no departamento jurídico, é justamente Paulo Sérgio Feuz, o advogado que representa a BWA no processo judicial da Arena Castelão.

Nessa ação, ele obteve uma liminar para que a empresa reassumisse a gestão do estádio, mas a medida foi anulada em seguida pela Justiça.

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