Cruzeiro em alta, irmãos Perrela em baixa
A dupla de irmãos poderosos em Minas vive pior momento; Zezé, o mais velho, é investigado pelo Ministério Público e exerce um mandato medíocre no Senado; Avilmar, o caçula, é empresário de sucesso, mas terá de responder por um crime grave: chefiar uma quadrilha que ganhava dinheiro ilegalmente com merendas
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Minas 247 – Ricos, poderosos, famosos e... encrencados. Os irmãos Perrelas cresceram muito na vida graças a um dos times mais populares do Brasil, o Cruzeiro. Revezaram-se na presidência do clube por 17 anos. Zezé ficou tão famoso em Minas que conseguiu votações expressivas para deputado estadual e federal. O político segue em Brasília, como senador da República (PDT; Avilmar segue em Minas, como empresário. E o Cruzeiro, vai bem obrigado: é o atual líder do Campeonato Brasileiro, depois de um começo de ano que não inspirava bons presságios aos seus torcedores.
Se o clube que dirigiram parece ir bem, agora sob a presidência do advogado Gilvan de Pinho Tavares - eleito com o apoio do Perrelas -, o castelo de cartas construído pela dupla que o dirigia começa a ruir. Acusações de vários tipos atingem em cheio o nome dos dois.
Senador sem voto, Zezé Perrela foi empossado em julho do ano passado, após a morte de Itamar Franco. Desde então, a atividade parlamentar do senador é pífia. Entre projetos de lei, emendas à constituição, requerimentos e as tantas outras proposições possíveis, Perrela apresentou apenas seis projetos.
Se já não bastasse o número pequeno de atividades, a relevância das proposições é no mínimo duvidosa. Em agosto do ano passado, enviou requerimento solicitando à Casa congratulações à atleta Fabiana Murer, pela conquista da medalha de ouro no campeonato mundial de atletismo. Os jogadores do time de vôlei do Cruzeiro também mereceram a mesma honraria por parte do senador em abril deste ano, após a conquista da Superliga Masculina. Propôs também projeto de lei alterando a Lei Pelé, para exigir comprovação de seguro como condição para atletas e treinadores de futebol participarem de competições. Temos aí metade dos projetos do senador Zezé Perrela.
Talvez o que explique a baixa produção seja porque o senador não é muito assíduo. Segundo o site Congresso em Foco, Perrela se ausentou em 24 das 36 sessões no plenário do Senado, desde sua posse até o fim de 2011. Mas a Câmara alta dá uma colherzinha de chá aos senadores e permite que os parlamentares justifiquem suas ausências até o último dia do ano. E o senador do PDT usou bem o seu direito e só não explicou uma ausência. Foram 10 por missão política e 13 por licença médica.
O fraco desempenho do senador no Congresso não é ilegal, mas certamente não deixaria felizes os eleitores de Itamar Franco que indiretamente levaram o ex-cartola do Cruzeiro para o Senado. Ilegal seria adquirir uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões e declarar ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) um patrimônio de R$ 490 mil. Com base nisso, Zezé Perrela é investigado pelo Ministério Público do estado. Ele ainda é acusado de lavagem de dinheiro na venda do jogador Luizão ao futebol europeu, via um clube uruguaio.
O irmão Avilmar nunca se interessou por política. Ao se desligar da administração do Cruzeiro, resolveu se dedicar exclusivamente aos negócios. A Stillus Alimentação, empresa em que é sócio com José Maria Fialho, vice-presidente do clube mineiro, é figura certa em licitações de várias prefeituras de Minas.
O Ministério Público e a Polícia Federal acreditam que a empresa de Avilmar é a chefe de um esquema de fraude em licitações e superfaturamento de contratos. Os contratos analisados representam R$ 166 milhões de reais e, de acordo com a investigação, mais de um terço desse valor foi desviado pelo processo criminoso.
A casa de Avilmar Perrela e a sede da Stillus foi alvo de buscas da polícia nesta terça-feira, pela manhã. Gestores públicos e empresários já tiveram prisão preventiva decretada. Avilmar sabe a encrenca que se meteu. E não vão ser as vitórias do Cruzeiro que irão salvá-lo. Estaria Márcio Thomaz Bastos aguardando mais um cliente?
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