Crime organizado x Estado desorganizado
O Estado brasileiro, de forma secular, tem aplicado paliativos para combater muitas mazelas, e chega num determinado momento em que tudo se estrangula e nada se resolve
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O duopólio politico que se abateu sobre o Brasil na última década não foi capaz de consertar os grandes entraves do crescimento, mas grave foi perceber a explosão da criminalidade, sem fronteiras, e com estatísticas inenarráveis de homicídios, latrocínios e demais crimes contra a vida.
Na análise mais emblemática do tema, podemos refletir que o abandono do Estado para com parte considerável da população acarretou os desmandos atuais, já que a organização criminosa, munida de recursos provenientes da droga, identifica suas raízes e manda em núcleos populacionais, nos quais o Estado se mostra ausente.
Essa realidade mitiga uma explosão desmesurada de violência com a letargia das autoridades em perceber as causas, somente agindo para minorar as consequências.
Natural assinalar que o afrouxamento da prisão e do próprio regime fechado levou à descrença do sistema punitivo e uma arregimentação das forças que tentam desestabilizar o Estado.
O fundamento central passa pelo modelo da globalização, do Estado mínimo, da mudança de regras, inclusive terceirização.
Ao longo dos anos, o Estado brasileiro se ausentou do seu fundamental papel, retirou-se do cenário do capitalismo e tentou ser mínimo em tudo, com privatizações e programas sociais, que também não resistem às críticas mais agudas.
Pode-se constatar que a corrupção é mais presente em regimes de desigualdades sociais e concentração de renda, típico modelo brasileiro, de tal modo que o desaparelhamento do Estado, falta de forças de inteligência, ação preventiva e combate ao contrabando de drogas, tudo isso fez surgir uma ramificação que, para ser combatida, necessita de um padrão técnico-científico e de investimentos.
Não é possível, em pleno século XXI, convivermos com bolsões de misérias espalhados pelas principais capitais do País, dentre as quais São Paulo e Rio de Janeiro. A posição que enxergamos exige um programa com planejamento de casas condignas e infraestrutura que possa sedimentar a grande maioria, de nada adianta concedermos bolsas sociais, se não evoluirmos na meta da educação e do conhecimento, ou seja, precisamos causar a chamada inclusão social.
O Estado brasileiro, de forma secular, tem aplicado paliativos para combater muitas mazelas, e chega num determinado momento em que tudo se estrangula e nada se resolve.
A questão é mais de se enxergar a floresta do que simplesmente a árvore.
Desafiam muitos que inserimos mais de 30 milhões de brasileiros no modelo de consumo, uma grande inverdade, e de igual a desoneração tributária.
Foram concedidos créditos que aumentaram o endividamento, e a carga tributária é uma das mais perversas do planeta.
Enquanto o Estado não exercer o mea culpa e deixar de ser paquidérmico, cortando despesas, eliminando quadro de funcionários, e agindo com seriedade e transparência, o crime organizado dará um banho de goleada sobre a máquina administrativa desorganizada.
Em suma, a modernização do País passa inexorável e inadiavelmente pela concepção daquilo que pretendemos, de uma sociedade organizada com poucos traumas, ou uma minoria elitizada com faustos e luxos, resguardando-se do grande bloco dos excluídos sociais para flertar com a sorte e sorrir da desgraça alheia.
A construção de um ideal político-partidário exige a reconstrução do Estado brasileiro, com esforço, sacrifício e, acima de tudo, a vontade de se alcançar, pela soberania popular, o interesse da maioria, em detrimento da minoria, distante do mundo real.
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