247 - Terminou, nesta quarta-feira, o inferno vivido por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da área de abastecimento da Petrobras. Depois de protocolar seu acordo de delação premiada, ele poderá cumprir a prisão em sua residência, no Rio de Janeiro.
Num acordo exemplar, capitaneado pelo juiz Sergio Moro, Costa aceitou entregar praticamente todos os seus bens, o que inclui, por exemplo, US$ 25 milhões depositados na Suíça por uma única empreiteira – uma das maiores do País, que, nos próximos dias, terá seu nome revelado pelas autoridades (leia mais aqui).
Agora, a Operação Lava-Jato entra em uma nova fase. O juiz Sergio Moro e os promotores e policiais que o auxiliam nas investigações já têm praticamente todo o mapa da corrupção das grandes empreiteiras. Sabem como elas realizam seus pagamentos às empresas do doleiro Alberto Yousseff e também os nomes dos políticos que eram destinatários das comissões ou doações não declaradas de campanha.
Nos próximos dias, começarão a ser chamados para depor executivos dessas grandes empreiteiras, incluindo dirigentes de companhias como Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, que figuram entre as maiores do País.
Todas essas empresas chegaram a participar de um pool, que tinha, como figura central, o ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos. Ele, que, no passado, conseguiu anular no STJ a Operação Castelo de Areia, contra a Camargo Corrêa, tentou repetir a estratégia, desta vez, junto ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.
No entanto, a estratégia fracassou e Sergio Moro conseguiu se manter à frente do caso. Quando Paulo Roberto Costa e Alberto Yousseff se deram conta de que não conseguiriam tirar o caso das mãos do juiz paranaense, não tiveram alternativa, a não ser fechar os acordos de delação premiada.
Agora, com a liberdade concedida a Paulo Roberto Costa, chegou a vez dos empreiteiros e também dos políticos beneficiados pelo esquema.
Ontem o ministro Teori Zavascki disse que há elementos que confirmam o possível envolvimento de parlamentares com os fatos delatados pelo ex-diretor da Petrobras. Segundo o STF, 40 investigações estão em curso para apurar a atuação dos acusados. "Há elementos indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive de parlamentares federais, o que atrai a competência do Supremo Tribunal Federal", disse ele.
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