Começa a guerra contra o torturador Ustra

Na primeira audincia do processo contra o coronel Brilhante Ustra, ex-presos polticos colocam presso para que o ex-chefe do DOI-Codi seja finalmente reconhecido como torturador pela justia paulista



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Fernando Porfírio_247 – Ex-presos políticos usaram a audiência desta quarta-feira (27), no Fórum João Mendes, para emparedar o coronel reformado do Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ele é acusado pelo assassinato do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, torturado até à morte nas dependências do DOI-CODI paulista em 19 de julho de 1971.

A audiência foi uma das primeiras etapas de uma ação civil que tem como objetivo principal o reconhecimento de Ustra como torturador pela justiça paulista. A ação ainda pede indenização por danos morais pela morte de Merlino depois das sessões de tortura. A ação é movida pela irmã do jornalista, Regina Maria Merlino Dias de Almeida, e sua ex-companheira, Angela Mendes de Almeida.

Merlino, à época, tinha 23 anos e havia trabalhado nos periódicos Jornal da Tarde, Folha da Tarde e no alternativo Amanhã. Retirado de sua própria casa em Santos (SP) no dia 15 de julho de 1971, cena vista pela mãe e irmã, Merlino morreria quatro dias depois, depois de ser torturado.

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Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido como Major Tibiriçá, comandou o centro de tortura mais conhecido da ditadura, o Destacamento de Operações de Informações (DOI) do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI), localizado na rua Tutóia, próximo do ginásio do Ibirapuera em São Paulo.

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Ustra, responsável pelo órgão entre os anos de 1970 e 1974, contabilizou pelo menos 40 mortes em 40 meses, além de uma denúncia de uma tortura a cada 60 horas, segundo a Comissão de Justiça e Paz do cardeal Paulo Evaristo Arns.

Em 9 de outubro de 2008, Ustra foi o primeiro oficial declarado como torturador no Brasil em razão das ações cometidas contra os ex-presos políticos Maria Améliade Almeida Teles, César Augusto Teles e Crimélia Schmidtde Almeida. A sentença de primeira instância foi depois reformada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, que arquivou o processo.

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Seis testemunhas relataram à juíza Cláudia de Lima Menge como o coronel Ustra comandava a prática de tortura, durante o regime militar. As testemunhas foram arroladas pela família Merlino para provar que Ustra pessoalmente torturou e matou o jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino. A morte, de acordo com as testemunhas, aconteceu no Doi-Codi do 2º Exército, na capital paulista.

Foram ouvidos o ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos Paulo Vanucchi, o escritor e jornalista Joel Rufino dos Santos e os companheiros de partido de Merlino, Otacílio Cecchini, Eleonora Menicucci de Oliveira, Laurindo Junqueira Filho e Leane de Almeida.

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Vanucchi contou que viu o momento em que Merlino foi colocado, todo machucado, em uma escrivaninha, que estava em frente às celas do Doi-Codi, com a perna azulada, aparentando estar gangrenada. O ex-ministro afirmou que o jornalista foi torturado pelo próprio Ustra.

Eleonora de Oliveira contou que foi torturada junto com Merlino. Ela ficou na chamada na cadeira do dragão enquanto Merlino sofri ano pau de arara. Joel Rufino dos Santos disse ter ouvido de um torturador que não amputaram a perna de Merlino e deixaram o jornalista morrer.

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A próxima etapa do processo é ouvir as testemunhas apresentadas pela defesa de Ustra. Serão ouvidas por carta precatória o presidente do Senado, José Sarney, o ex-ministro Jarbas Passarinho, um coronel e três generais da reserva do Exército brasileiro, Gélio Augusto Barbosa Fregapani Paulo Chagas, Raymundo Maximiano Negrão Torres e Valter Bischoff.

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