Chorar, rezar, mudar

Abert, tire do horário nobre lixos como “Massacre da Serra Elétrica”, “Duro de Matar 10”, "Clube da Luta"!



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Está na hora de as tevês brasileiras suavizarem ao máximo a carga de violência sobre as nossas cabeças, seus milhões de telespectadores. Chega, por favor, de filmes do tipo “Massacre da Serra Elétrica”, “Duro de Matar 10”, “Clube da Luta”, esses lixos todos. Eles deformam. Pelo menos não se permita mais a veiculação deste tipo de “obra” no horário nobre, quando as crianças ainda estão na sala. Que deixem, ao menos, para bem mais tarde ou, o que seria o certo, passemos a aceitar, sim, uma censura de maior rigor. Tome a palavra, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert)! Pronuncie-se porque, lamento, os seus associados têm sim a ver com a tragédia de Realengo. Ela não deve ser tratada apenas como um caso isolado. Faz muito tempo que a tevê brasileira não apenas emburrece, como promove a cultura da violência. Outras mídias também fazem o mesmo, mas a força da tevê é inigualável.

Uns trinta, quase quarenta anos atrás, intelectuais do calibre de Umberto Eco e Michelangelo Antonioni diziam que a televisão iria acabar com a Itália. Deram de ombros – e olha só o que aconteceu... Mussolini, digo, Berlusconi está ai para mostrar o ponto da degradação. A tevê italiana é uma das piores do mundo, com rivais à altura em muitos certos momentos da tevê brasileira.

A tevê é a maior fonte de informação do nosso país, com, sei lá, 99,9% dos lares munidos por ao menos um aparelho. A tela plana é o sonho que se concretiza com o crescimento econômico. Ok, isso é importante. Quando eu comprei a minha de 42 polegadas fiquei bem feliz. Mas vamos melhorar esse conteúdo, ensinar mais do que deformar. Façamos ao menos um mínimo esforço para que as crianças de Realengo, vítimas daquele covarde louco bestificado, sejam verdadeiramente lembradas pela construção de uma sociedade, ao menos, um pouquinho melhor que a atual, essa nossa. É hora de chorar por elas, de rezar por elas, de aprender com o processo da qual foram vítimas – porque o assassino é uma exceção, mas que confirma a regra.

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