Cachoeiragate é pior para Goiás que o Césio 137
Quem diz é Jayme Rincon, braço direito do governador Marconi Perillo, que será ouvido pela CPI no dia 22 de agosto; ele define a comissão como um “instrumento de vingança” e aponta “danos irreparáveis” à imagem do Estado, ainda mais graves do que os do acidente radioativo de 1987; Rincon diz ainda que Marconi só não será candidato à reeleição em 2014 se não quiser
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Goiás 247 – A repercussão nacional do Caso Cachoeira é mais danosa para Goiás do que o pesadelo do Césio-137 que teve início em 13 de setembro de 1987, o maior acidente radioativo do Brasil e do mundo ocorrido fora de usinas nucleares. A análise é do presidente da Agência Goiana de Transporte e Obras (Agetop), Jayme Rincón, em entrevista ao jornal Tribuna do Planalto. No total, 112.800 pessoas foram expostas aos efeitos do césio, 129 tiveram contaminação corporal concreta e quatro morreram. Ele afirma ainda que a CPMI “é um instrumento político de vingança do ex-presidente Lula em cima do governador Marconi e uma forma de desviar a atenção do mensalão”.
O dirigente estadual que comanda o órgão considerado estratégico para as pretensões do governador Marconi Perillo (tem 42 obras prontas para inaugurar e dá sequência ao que qualifica como a maior intervenção na malha rodoviária de Goiás) confirmou aos jornalistas Divino Olávio, Eduardo Sartorato e Filemon Pereira que vai prestar depoimento à CPMI do Cachoeira no dia 22 de agosto. Com um detalhe: não pretende ficar na defensiva. Além disso, Rincón garantiu aos jornalistas que o governador Marconi Perillo só não será candidato ao governo de Goiás em 2014 se não quiser.
“O que nos revolta é a impotência de conseguir reverter isso que estão fazendo conosco”, disse Jayme Rincón sobre as repercussões do Caso Cachoeira que desmantelou o sistema de jogos ilegais comandado pelo empresário Carlos Augusto Ramos a partir da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. “O mal que esta imprensa nacional está fazendo para Goiás hoje é irreparável, é muito mais danoso do que foi o Césio [acidente com o Césio 137, em 1987]”, afirma. “Como se aqui fosse um Estado de rolo, de bandidos, de contraventores, de maracutaia. Mas, se é assim, por que não apontam onde tem o desvio?”
O presidente da Agetop afirma que na CPMI dia 22 de agosto vai fazer questionamentos e não se limitará a responder as perguntas apresentadas pelos senadores e deputados – se prepara também para questionar os contratos da Delta com o Dnit e prefeituras. “Eu vou fazer a explanação inicial. Eu tenho 20 minutos para falar e vou usar esse tempo. Eu vou levantar esses assuntos”, confirma Rincón.
“Eles estão batendo o tempo inteiro na venda da casa do governador. Por quê? Por que sabe que não pode investigar a Delta”, afirma. “Não pode investigar a Delta no Dnit, na prefeitura de Goiânia, na prefeitura de Anápolis. Não pode convocar o senhor Cavendish [Fernando Cavendish, ex-dono da Delta]. Por que convocaram o governador Marconi e não convocaram o governador do Rio de Janeiro [Sérgio Cabral (PMDB)], que é o maior contratante depois do governo federal? E tem lá aditivo e mais aditivo, sem licitação. Por que não convocaram? Agora, vou lá disposto a falar tudo”.
Jayme não vê “nenhum” embaraço para as pretensões do governador Marconi Perillo em 2014 em face das repercussões do Caso Cachoeira. “É um desgaste político. E aí tem de tirar o chapéu para o governador. Em momento algum deixou de cuidar do governo e deixou que isso o abalasse a ponto de afetar o desempenho dele ou da administração. Convivo com ele e sei o tamanho do sofrimento que está tendo”, afirma.
De acordo com Jayme Rincón, a reeleição de Marconi Perillo é natural em 2014. “Ele só não será candidato se não quiser. Ele terá todas as condições para isso”. Segundo avalia, até lá o processo vai estar “zerado”. E o que vai decidir eleição? “É o resultado desse governo que nós estamos fazendo. Em 2014, Goiás terá a melhor e a mais bem mantida malha rodoviária do Brasil.” Segundo projeta serão mais 2 mil quilômetros de rodovias. “Marconi termina este governo fazendo a maior intervenção na malha de Goiás. Entre reconstruir e construir, ele terá feito mais do que todos, inclusive Marconi, Iris, Santillo, Ari Valadão, Mauro Borges”.
Jayme Rincón diz que não irá à CPMI para falar sobre a venda da casa do governador Marconi Perillo porque “esse assunto para mim e para todas as pessoas de boa fé, está devidamente esclarecido”. E continua: “Aliás, não deveria ter sido nem tema e nem ter causado tanta polêmica como causou. A casa era um bem pessoal do governador. Ele poderia vender para quem ele quisesse. Se quisesse derrubar, por fogo... Ele poderia fazer o que bem entendesse. Então, isso está bem explicado. Como não se encontrou nada nos três governos e na vida pessoal do governador Marconi, eles continuaram insistindo na venda da casa”.
O presidente da Agetop lembra que “uma CPMI que tem a oportunidade de investigar a relação da empresa Delta, que tinha o maior volume de negócios com o governo federal, que tinha a prefeitura de Goiânia como a maior contratante no Estado. E, além disso, havia uma clara relação entre Carlos Cachoeira, Cláudio Abreu e Delta... E ninguém se dispôs a investigar essa relação e o que esse grupo possa ter levado de vantagem nos diversos órgãos da administração”. Jayme cita que governador, o dia que foi à CPMI, inclusive sugeriu: “Vamos investigar todos os contratos da Delta e faço questão que comece pelo governo de Goiás. Agora, ninguém foi atrás disso”.
Ele qualifica de “absurda” reportagem da revista Época publicada na semana passada. “E quando você pega 30 mil horas de gravações, com fragmentos daqui e dali, você tem condições de montar qualquer história que quiser. O que a imprensa deveria ter feito? Vindo para cá e questionado especificamente. Essa matéria da Revista Época, por exemplo, de tudo o que surgiu até agora para mim é a coisa mais inconsistente, mais absurda, apesar da credibilidade que a Época tem”.
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