Brasília, 51, é o Brasil 511

A capital federal não é a ilha da fantasia nem a utopia dos criadores



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Brasília completa hoje, 21 de abril, 51 anos. Em tão pouco tempo, assimilou todas as mazelas que há 511 anos assolam o Brasil. Mas, realisticamente, não poderia ser diferente. Ao contrário da imagem criada, Brasília nem é uma ilha da fantasia, apartada do Brasil real, nem é a cidade quase utópica idealizada por alguns de seus criadores.

Brasília é uma cidade brasileira, com duas diferenças básicas: tem um traçado urbanístico totalmente diferente e é a capital federal. Algumas situações peculiares da cidade devem-se, especialmente, ao fato de ser a capital do país, sede dos três poderes da República.

O que tem em Brasília tem nas demais cidades brasileiras: miséria e riqueza, gente boa e gente má, direita e esquerda, policiais e bandidos, trabalhadores e empresários, eleitores e eleitos, honestos e corruptos. Tem até esquina, embora digam que não tem.

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Brasília tem a maior renda per capita do país, elevado índice de desenvolvimento humano, bons indicadores sociais para a realidade brasileira. É uma cidade privilegiada por isso, pela localização geográfica (embora longe do mar), pelo verde urbano sempre presente e pelo céu luminoso que se vê, ainda, de qualquer ponto da cidade. Tem problemas que todas as cidades têm, especialmente as metrópoles que crescem sem controle e sem planejamento, entregues à especulação imobiliária e à proliferação de ilegalidades consentidas.

Quando falo em Brasília, falo em todo o Distrito Federal, pequeno retângulo de 5.801,937 quilômetros quadrados. Há alguns enganos sobre Brasília que confundem até mesmo os brasilienses. O primeiro é achar que Brasília é apenas a área do Plano Piloto de Lucio Costa, quando Brasília é todo o território do Distrito Federal, tanto a área projetada em 1956 quanto as cidades-satélites que crescem irrefletidamente e a cada vez menor zona rural, vítima dos grileiros e empreiteiros.

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O segundo engano em que muitos incorrem é dizer que o DF deveria, de acordo com o projeto de Lucio Costa, ter apenas 500 mil habitantes. Essa previsão era apenas para o Plano Piloto, que nem chegou ainda aos 350 mil moradores. É também um engano pensar a cidade, estrategicamente, com base nos 2.562.963 habitantes registrados no censo de 2010. Qualquer planejamento urbano e econômico para Brasília tem de considerar os 3.716.996 moradores do DF e dos 22 municípios que o cercam, 20 de Goiás e dois de Minas Gerais.

Brasília é conhecida por sua arquitetura, pela concepção urbana, ou mesmo pelo rock de anos passados e pelo chorinho dos tempos atuais. Mas a imagem mais forte da cidade é, gostemos ou não, a corrupção. E motivos não faltam. Quando o DF não escolhia deputados e senadores, nem tinha Câmara Legislativa e governador eleito, os brasilienses diziam que aqui havia corrupção, sim, mas trazida pelos parlamentares mandados pelos estados.

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Mas, a partir de 1990, quando passaram a eleger o governador e os deputados distritais, além de senadores e deputados federais, os brasilienses perderam esse discurso. À corrupção nacional, ou federal, somou-se a corrupção local, ou distrital. Um senador eleito pelo DF foi cassado, dois outros renunciaram para evitar a cassação. Um governador foi preso e cassado, levando com ele um vice-governador que renunciou e deputados distritais flagrados recebendo dinheiro ilícito. A corrupção em Brasília é própria e importada. E é muita corrupção, uma e outra.

A corrupção só é medida em números quando é descoberta. E assim mesmo, em parte, pois muita coisa continua submersa mesmo com todas as investigações. Mas há situações que falam mais do que as informações dadas pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas. Uma delas é a cara de Brasília: depois que estourou a Operação Caixa de Pandora, a mais ampla já deflagrada na cidade, corretores de imóveis e donos de lojas de roupas, de artigos de luxo e de bebidas, de joalherias, de concessionárias de automóveis, observaram um fato para eles preocupante: caíram substancialmente as vendas em dinheiro vivo. A prudência recomendava o recolhimento.

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Mas o medo durou pouco e, apesar de certo receio por vídeos que ainda podem aparecer, a vida em Brasília voltou ao normal. Corruptos e corruptores frequentam as festas bregas da sociedade brasiliense e posam sorridentes para as colunas sociais, viajam para o exterior sem temer os guichês da Polícia Federal e o dinheiro vivo voltou a circular.

Fora desses círculos, os brasilienses comuns e honestos vivem como vivem os brasileiros comuns e honestos. A diferença é que a qualidade de vida, aqui, é bem melhor. E o céu é mais bonito.

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Dá para apostar

A fusão com o PSDB é desejada hoje, com discrição, pela maioria dos integrantes do DEM. A ideia será fortalecida se o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, deixar mesmo o partido. A dúvida maior é se o DEM ainda deve tentar melhorar sua posição nas eleições municipais de 2012 ou se já deve disputá-la unido aos tucanos.

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Só eles não sabiam

Parte da imprensa cria notícias, por conta própria, e depois tem de se desdobrar para explicar porque o previsto por ela não aconteceu. Aí os jornalistas recorrem ao “recuou”, “desistiu”, “voltou atrás”, quando não houve recuo, desistência nem volta atrás. Houve, apenas, informação errada, inventada ou mal apurada.

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Como previram que o número dois do Partido Comunista de Cuba seria alguém da geração mais jovem, que não lutou na Sierra Maestra, agora alguns jornalistas dão voltas em seus textos para justificar o erro. Se fossem bem informados, saberiam o que 90% dos cubanos já sabiam antes do congresso: que José Ramón Machado Ventura, primeiro-vice-presidente do país, seria eleito segundo-secretário do PCC.

Aliás, para fazer uma cobertura tão vazia e insossa, os jornais não precisavam mandar correspondentes a Havana. Os dois discursos de Raúl e os textos de Fidel poderiam ser lidos na internet, opositores do sistema falam todos os dias por telefone com jornalistas e as análises sem profundidade podem ser feitas no Rio ou em São Paulo mesmo.

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