Brasil deve exigir contrapartidas para EUA realizarem exercícios na Amazônia, diz analista militar

O novo comandante do Exército para a região norte do Brasil quer priorizar a realização de exercícios militares com os EUA na região da Amazônia

Exercícios militares CORE 21
Exercícios militares CORE 21 (Foto: Embaixada dos EUA)


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Sputnik - O novo chefe do Comando Militar do Norte (CMN) anunciou exercícios militares com os EUA na Amazônia. Para o analista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comandante Robinson Farinazzo, as relações militares com os EUA não favorecem o Brasil, que deveria exigir contrapartidas de seu vizinho do norte.

O novo comandante do Exército para a região norte do Brasil quer priorizar a realização de exercícios militares com os EUA na região da Amazônia, gerando polêmica entre especialistas do setor de defesa.

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Durante seu discurso de posse, no 2º Batalhão de Infantaria da Selva (2º BIS), na cidade de Belém, o general Luciano Guilherme Cabral Pinheiro destacou que um dos principais projetos da nova gestão será a Operação CORE 23, realizada com o Exército dos Estados Unidos, reportou o portal Toca News.

"Essa operação é uma das que vão ocorrer. Será o coroamento do nosso ano de instrução. É a primeira vez que será realizado na região amazônica", declarou o general Cabral Pinheiro.

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Ao assumir o Comando Militar do Norte (CMN), Cabral Pinheiro comandará as tropas do Exército nos estados do Amapá, Maranhão, Pará e parte do Tocantins, em área correspondente a 20% do território brasileiro.

De acordo com o especialista militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil, comandante Robinson Farinazzo, o Brasil deveria exigir contrapartidas dos EUA por garantir o treinamento de militares americanos em ambiente de selva.

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“O Brasil deve exigir contrapartidas porque os EUA têm poucas oportunidades para se adestrar em ambiente de selva como o nosso”, disse Farinazzo à Sputnik Brasil. “As relações bilaterais militares precisam ter o mínimo de reciprocidade.”

Segundo ele, "as autoridades brasileiras deveriam explicar por que o país permite que os EUA realizem exercícios no nosso território sem pedir nada em troca."

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"Tivemos recentemente voos de espionagem realizados pelos EUA com aeronaves Boeing WC-135R [...] sobrevoando o nosso litoral por duas vezes. Que aliado militar é esse que nos espiona?", questionou Farinazzo.

Este tipo de atitude pode ser classificado como hostil, o que deveria exigir "no mínimo uma nota de protesto por parte do Itamaraty", considerou o comandante.

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Além disso, o senador norte-americano Ted Cruz, potencial candidato à presidência da República pelo Partido Republicano dos EUA, ameaçou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil, em retaliação à autorização dada a um navio iraniano para atracar no Rio de Janeiro.

"Precisamos também ficar atentos ao artigo publicado pelo ex-comandante militar da OTAN, almirante James Stavridis, que descreveu o Brasil como uma ameaça à segurança climática dos EUA", alertou Farinazzo.

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O comandante questionou a inação do Itamaraty perante este tipo de declarações, que "relativizam a soberania nacional".

"Não temos um relacionamento de igualdade [com os EUA]. Temos ameaças chegando de lá", declarou Farinazzo. "Vamos fazer exercícios militares com um país que tem atitudes hostis como essa contra nós?"

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Segundo ele, as relações militares entre Brasil e EUA poderiam ser equilibradas, caso o Brasil solicitasse contrapartidas materiais de seu vizinho do norte.

"Os EUA não compram equipamentos militares brasileiros, como os aviões Super Tucano da Embraer", notou Farinazzo. "Poderíamos também solicitar a transferência de tecnologias militares, como a transferência de tecnologia do submarino nuclear à Austrália"

Outra contrapartida de interesse do Brasil seria a compra de sistemas de foguetes Astros, produzidos pela empresa brasileira do setor de defesa Avibrás, cujos funcionários não recebem salário há seis meses, sugeriu o comandante.

"Precisamos abandonar a política do espelhinho. Temos que pedir contrapartidas, como diversos países fazem. Isso faz parte das relações entre os países e o Brasil precisa de muitas coisas na área militar", concluiu Farinazzo.

No dia 24 de abril, o general Luciano Guilherme Cabral Pinheiro tomou posse do Comando Militar do Norte (CMN) do Exército Brasileiro, em cerimônia realizada na cidade de Belém. Durante seu discurso de posse, o general revelou a iminente realização de exercícios militares conjuntos com os EUA em território amazônico.

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