Bolsonaro soube da tragédia ianomâmi, mas ignorou; parlamentares reagem: 'crime de lesa-pátria'
Para Juliana Cardoso e Sâmia Bomfim, Jair Bolsonaro deve ser preso por se omitir e negar socorro aos ianomâmi
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Igor Carvalho, Brasil de Fato - Em agosto de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu um relatório da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) denunciando a presença de garimpeiros na Terra Indígena Ianomâmi e rotina de desnutrição e maus tratos dos ianomâmi. No entanto, o ex-mandatário optou por ignorar a tragédia.
No relatório enviado a Bolsonaro, o ex-presidente da Funai, Marcelo Xavier, pediu providências "urgentes, efetivas e assertivas" para salvar os ianomâmi. O documento chegou ao Palácio do Planalto via Anderson Torres, então ministro de Justiça e Segurança Pública, e foi engavetado.
As denúncias foram formuladas após um servidor da Funai sobrevoar a área da Terra Indígena no dia 25 de maio de 2022. Durante a ação, o órgão identificou mais de 80 áreas de garimpos e fez imagens aéreas de toda a região. A produção do relatório foi noticiada pelo UOL nesta sexta-feira (12). De acordo com a reportagem, os documentos já revelavam casos de subnutrição do povo ianomâmi.
"Sem anistia"
Nesta sexta-feira (12), parlamentares que participaram do ato político de abertura da Feira da Reforma Agrária, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em São Paulo (SP), condenaram a omissão do ex-presidente e pediram punição a Bolsonaro.
"O que o Bolsonaro fez, principalmente nas Terras Indígenas, onde buscava-se ouro e terras preciosas que enriqueciam uma parte da sociedade, mas desmatando nosso povo. Desde sempre, essa tragédia já era esperada, os indígenas já denunciavam essa tragédia. Na minha opinião é crime lesa-pátria, esse homem tinha que estar preso", afirmou a deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP).
"Nas comitivas da força-tarefa do governo Lula ficaram evidentes os anos de descaso. Agora que sabemos que o governo foi notificado, que teve um pedido de urgência e não se importou, se torna ainda mais necessária nossa palavra de ordem que não deve ter anistia, de que ele tem que pagar pelos crimes que cometeu contra o povo, contra o nosso país e nossos direitos, nossa luta tem que ser essa", pediu Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
Para o presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, o governo agia para "eliminar aquele povo". "Quando chamamos ele de genocida, não é só uma palavra forte para atacar um inimigo politico. Ele teve informações para agir e combater o genocídio que estava em curso, mas optou por não enfrentar o problema. O Bolsonaro tem que ser responsabilizado pela crise na Terra Indígena Ianomâmi."
Para Medeiros, as próximas semanas serão decisivas para definir o futuro do ex-presidente. "O Bolsonaro pode ser condenado pelo cartão da vacina, mas ninguém vai tirar da testa dele a pecha de genocida. O que ele fez na pandemia e com o povo indígena ianomâmi são razões para ele ser condenado e preso. Bolsonaro só não será preso se houver um grande acordo com Supremo e tudo, como se disse. Se houver lei nesse país, Bolsonaro tem que ser preso."
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