Belo Monte por um triz

Deciso judicial deve cassar licena ambiental da usina hidreltrica no rio Xingu; seria a maior derrota do governo at agora



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Fernando Porfírio_247 – Uma juíza federal pediu, nesta segunda-feira (17), a anulação do licenciamento ambiental da usina hidroelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará. A posição foi manifestada durante apreciação de um pedido pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O julgamento foi suspenso pelo desembargador Fagundes de Deus.

O voto da desembargadora Selene Almeida, relatora do recurso, foi uma das maiores derrotas do Governo Federal até agora na Justiça. A relatora acolheu a argumentação do Ministério Público Federal de que o decreto legislativo de 2005 que autorizou a construção de Belo Monte é nulo, por ter sido modificado no Senado sem voltar à Câmara.

A desembargadora também entendeu que os índios das terras Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu, que ficam no trecho do rio que terá vazão reduzida, precisam ser ouvidos pelo Congresso antes do licenciamento ser feito.

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Basta apenas mais um voto na mesma orientação da desembargadora Selene Almeida para que o Governo Federal e a Eletrobrás amargue a maior derrota judicial no caso Belo Monte. Nesse caso, a saída será recorrer ao STJ e ao Supremo Tribunal Federal.

O Ibama e a Advocacia Geral da União têm argumentado que os índios foram, sim, ouvidos pela Funai durante o licenciamento da usina. Afirmam, ainda, que a ação do Ministério Público não tem razão de ser, já que não haverá obras nas duas terras indígenas.

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"Não vislumbro plausibilidade nas alegações dos réus", afirmou a desembargadora, dizendo que as populações das duas terras indígenas terá sua sobrevivência tradicional ameaçada do mesmo jeito, já que o rio que as margeia vai secar. "A regra geral no uso dos recursos naturais é a proteção do uso indígena", afirmou.

A desembargadora defendeu que antes que a construção de hidrelétricas se torne corriqueira na Amazônia, o Congresso formule um marco legal para a consulta aos índios, que não existe hoje no país.

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"A lógica indica que o Congresso Nacional só pode autorizar a obra depois de conhecer a realidade antropológica", afirmou Almeida. "Faltou informação científica."

Em seu voto, Selene Almeida afirmou ainda que ouvir os índios significa obter a concorrência, a concordância, e que tanto os índios quanto as 400 famílias de ribeirinhos que serão removidas pela usina têm direito ao uso tradicional de suas terras. "Hoje a sociedade nacional só tem a oferecer aos índios doença, fome e desengano."

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