Barbosa: patrocínio a eventos de juízes deve ser retirado
Presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) disse que resolução não é a ideal, mas foi necessária para atingir consenso no colegiado; novas regras estabelece limite de 30% em incentivos privados
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Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Joaquim Barbosa, disse ontem (19) que a resolução sobre patrocínios em eventos de juízes não é a ideal, mas foi necessária para atingir consenso no colegiado. Segundo as novas regras, eventos promovidos por conselhos de Justiça, tribunais e escolas da magistratura podem receber incentivo privado de até 30%, limite que não existia até hoje.
“É uma primeira tentativa de segregar o Poder Judiciário dessas relações duvidosas, senão promíscuas, às vezes, com o empreendimento privado”, disse Barbosa, em entrevista coletiva após o encerramento da sessão. “A minha posição e de outros conselheiros é no sentido de proibição total. Acho que isso virá em futuro próximo”.
Na primeira proposta apresentada ao CNJ, os incentivos privados eram vetados integralmente, mas hoje, o conselho recuou permitindo 30%. “A proibição total, imediata, brutal, acabaria com todos os eventos existentes, alguns bem tradicionais que existem há muitos anos”, disse Barbosa.
O ministro ainda esclareceu que a resolução não se aplica ao Supremo Tribunal Federal, que não está sob jurisdição do CNJ, mas garantiu que isso não faz diferença. “O STF tem uma tradição de austeridade, de quase penúria. Nada disso tem muito interesse no STF”.
Barbosa explicou que a permissão de patrocínio de 30% por entidades privadas também se aplica a empresas públicas e sociedades de economia mista. A definição não ficou clara no texto aprovado hoje. “Se houvesse insistência em pequenos detalhes não teríamos chegado a resultado”, disse.
O corregedor-geral Francisco Falcão, autor da proposta anterior mais austera, também acredita que as regras devem ficar mais rígidas no futuro. Segundo ele, os eventos de magistrados devem ser mais científicos e menos recreativos. “Eu não acho correto tirar dinheiro que deveria ir para hospital, para segurança pública e pôr em mordomia de juízes em final de semana”.
O corregedor também acredita que “todo mundo vai ficar com a barba de molho” e que não haverá problema de adaptação às novas regras. “Vai ter vaga no resort para a gente poder ir pagando mais barato”, brincou.
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